Programa - Comunicação Coordenada - CC1.19 - Avaliação de programas e seus impactos
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
17:00 - 18:20
BOLSA FAMÍLIA E REDUÇÃO DE HOSPITALIZAÇÕES POR USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Toledo, L.1, Fialho, E.1, Alves, F.2, Patel, V.2, Barreto, M. L.1, Machado, D. B.2
1 Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde, Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Salvador, Bahia, Brasil
2 Departamento de Saúde Global e Medicina Social, Harvard Medical School, Boston, Massachusetts, Estados Unidos da América
Objetivo: Investigar o efeito do Programa Bolsa Família (PBF) nas hospitalizações por Transtornos por Uso de Substâncias Psicoativas (TUSP).
Métodos: Dados da folha de pagamento do PBF e do Sistema de Informações Hospitalares foram linkados ao baseline da Coorte 100 Milhões de Brasileiros. A análise incluiu 35.926.326 indivíduos, com idade igual ou superior a 5 anos, no período de 2008 a 2015. Utilizamos modelos de regressão de Poisson com ponderação de probabilidade inversa estabilizada, utilizando o escore de propensão, para avaliar a associação do PBF com hospitalização por TUSP. A regressão de Poisson com a coorte original – não ajustada; ajustada por covariáveis, usando a ponderação de probabilidade inversa do tratamento sem estabilização; e usando correspondência de kernel foi empregada para análise de robustez.
Resultados: O PBF esteve associado a 29% menos hospitalizações por TUSP (IRR: 0,71 [IC95%: 0,69-0,72]), com maior efeito entre adultos jovens (19-24 anos) (IRR: 0,56 [IC95%: 0,52-0,60]); adolescentes (13-18 anos) (IRR: 0,61 [IC95%: 0,57-0,66]); mulheres (IRR: 0,68 [IC95%: 0,64-0,71]); pardos (IRR: 0,68 [IC95%: 0,66-0,70]) e pretos (IRR: 0,71 [IC95%: 0,67-0,76]). Um gradiente de proteção contra hospitalizações por TUSP entre os beneficiários do PBF foi observado à medida que o índice de privação municipal aumentava.
Conclusões. Redução das hospitalizações por TUSP associada ao PBF poderia trazer benefícios para o sistema de saúde ao reduzir custos hospitalares. O PBF esteve associado a uma maior redução das internações por TUSP entre populações historicamente mais vulneráveis às disparidades sociais e econômicas (pessoas negras e mulheres).
INCORPORAÇÃO DE RASTREAMENTO ORGANIZADO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO COM TESTE DE HPV NO SUS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Corrêa, FM1, Migowski, A2, Silva, MT3
1 Instituto Nacional de Câncer (INCA)
2 Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Instituto Nacional de Cardiologia (INC)
3 Universidade de Brasília
Objetivos: Avaliar a efetividade, a eficiência e a viabilidade da mudança de método e modelo organizacional do rastreamento de câncer do colo do útero (CCU) no SUS.
Métodos: Foi realizada síntese de evidências sobre acurácia, eficácia e segurança dos testes moleculares de HPV para rastreamento de CCU. Foram realizadas análise de custo-utilidade (ACU) com Markov e uma análise de impacto orçamentário (AIO) na perspectiva do SUS para avaliar as implicações da incorporação do teste molecular de HPV em comparação ao rastreamento com citopatológico. Foram modelados e comparados cenários de rastreamento oportunístico e de rastreamento oprganizado com ambos os métodos.
Resultados: O teste de HPV apresentou maior sensibilidade e especificidade em comparação à citologia para detecção de lesões pré-cancerosas (NIC2+ e NIC3+) e maior eficácia na redução da incidência e mortalidade por CCU. A ACU indicou que uma estratégia de teste de HPV com intervalo de cinco anos foi a mais custo-efetiva, gerando uma relação custo-utilidade de R$33,75 por QALY ganho, tornando-a um investimento favorável. A AIO mostrou um incremento de R$184.128.989 ao longo de cinco anos quando comparado à atual abordagem de rastreamento oportunístico com em citologia.
Conclusões: As evidências disponíveis sugerem fortemente que a incorporação do teste molecular de HPV no SUS é uma estratégia viável e custo-efetiva. A maior sensibilidade, intervalos de rastreamento mais longos e potencial para autocoleta oferecem vantagens. Contudo, o modelo demonstrou também que uma implementação bem sucedida exige mudança para um programa de rastreio organizado de base populacional para garantir maior eficiência e efetividade.
AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE E DESIGUALDADES SOCIODEMOGRÁFICAS ENTRE ADULTOS VENEZUELANOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Romero, D.1, Freitez, A.2, Maia, L.1, Andrade, N.1
1 FIOCRUZ
2 UCAB
O estudo analisa a autoavaliação de saúde entre adultos venezuelanos com base na Pesquisa Nacional de Condições de Vida (ENCOVI) de 2021. Com uma amostra de 16.803 participantes, o estudo investigou os fatores associados à avaliação negativa da saúde. Os resultados revelaram uma prevalência de 17,8% de autoavaliação de saúde regular ou ruim.
Utilizando análises de regressão de Poisson, o estudo identificou que a faixa etária foi fortemente associada à autoavaliação negativa da saúde, sendo que os indivíduos com 60 anos ou mais apresentaram uma prevalência 3,81 vezes maior em comparação aos adultos mais jovens, entre 18 e 29 anos. Além disso, participantes em situação de insegurança alimentar severa tiveram o dobro da prevalência de autoavaliação negativa da saúde em comparação aos que não enfrentaram insegurança alimentar.
Outros fatores socioeconômicos também demonstraram influência significativa, como pobreza, nível de escolaridade, emigração recente de familiares e sexo. Esses resultados destacam a necessidade de políticas públicas direcionadas para grupos vulneráveis, como os idosos e pessoas em situação de insegurança alimentar.
INTERNAÇÕES DE RESIDENTES DE MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE EXTREMA POBREZA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Carvalho, C. C.1, Oliveira, R. A. D.1, Viacava, F.1, Martins, M.2, Romão, A. R.1
1 Icict/Fiocruz
2 Ensp/Fiocruz
Objetivos: Caracterizar o padrão de fluxos da população residente em 1.314 municípios que concentram mais de 20% da população em situação de extrema pobreza (renda per capita domiciliar inferior a R$ 70,00, em 2010) para a realização de procedimentos hospitalares antes e durante o primeiro ano da pandemia da Covid-19. Métodos: Foram utilizados dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) para os anos 2017 a 2020. Os fluxos foram calculados para seis grupos de internações, de acordo com o tipo de admissão ou grupo de procedimentos: eletivas, de emergência, clínicas (excluídas as obstétricas), cirúrgicas (excluídas as obstétricas), oncológicas (clínicas ou cirúrgicas) e obstétricas (incluindo parto normal e cesariana). Resultados: A pandemia de Covid-19 não provocou mudanças relevantes nos padrões de deslocamento da população residente nesses municípios. De um modo geral, identificou-se uma predominância da realização das internações nos próprios municípios no caso das internações de urgência/emergência e das internações clínicas; divisão entre municípios e Regiões de Saúde (RS) de residência nos casos das internações por Covid-19 e procedimentos obstétricos; entre RS e Unidade da Federação (UF) de residência quando consideradas as internações cirúrgicas; e realização em outra RS da mesma UF nas internações eletivas e oncológicas. Conclusões: Os padrões de deslocamentos estiveram relacionados à maior ou menor necessidade de cuidados especializados. Quanto maior a complexidade requerida, maior a necessidade de deslocamentos.
COOCORRÊNCIA DE MEDIDAS DE PROTEÇÃO SOCIAL E INSEGURANÇA ALIMENTAR DE DOMICÍLIOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Fróis, L.F1, Guimarães, W.A1, Rodrigues, E.C1, Camargo, P.P1, Barbosa, B.C.R1, Mendonça, R.D1, Meireles, A.L1
1 Universidade Federal de Ouro Preto
Objetivo: Avaliar a associação entre a coocorrência de medidas de proteção social e a insegurança alimentar de domicílios de alunos de escolas públicas de dois municípios mineiros. Métodos: Estudo transversal, realizado nos meses de junho e julho/2020, por meio de entrevistas telefônicas com os responsáveis por alunos matriculados na educação básica, nos municípios de Ouro Preto e Mariana-Minas Gerais. A IA domiciliar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). As medidas de proteção social investigadas foram: recebimento do Bolsa Família, do Auxílio emergencial e de cesta básica de alimentos. Essas variáveis foram analisadas individualmente e agrupadas (coocorrência: recebeu até duas medidas; e até três medidas de proteção social). Foram realizadas análises descritivas, teste de Qui-quadrado de Pearson e regressão logística. Resultados: Foram avaliados 542 domicílios de estudantes com idade entre 6 meses a 17 anos, sendo que 82,0% estavam em situação de IA (65,5% IA leve, 11,6% IA moderada e 4,9% IA grave). Observou-se que domicílios que recebiam duas e os que recebiam três medidas de proteção social tinham respectivamente 2,70 (IC95% 1,24–5,87) e 3,08 (IC95% 1,52–6,25) vezes mais chances de estar em IA, quando comparados aos que não recebiam. Conclusão: Famílias em situação de IA foram assistidas pelas políticas e medidas de proteção social, porém essas não foram suficientes para garantir o Direito Humano à Alimentação Adequada e a Segurança Alimentar e Nutricional.