Programa - Comunicação Coordenada - CC1.24 - Políticas de Saúde, Fatores de Risco e Desigualdades na Prevenção de Doenças Crônicas no Brasil
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
17:00 - 18:20
TRIBUTAÇÃO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E PREVENÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Camargo, J. M.1, Nilson, E. A. F.2, Rezende, L. F. M.1
1 Departamento de Medicina Preventiva - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
2 Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
Objetivo: Estimar o potencial impacto de diferentes cenários de tributação do grupo de alimentos ultraprocessados na redução prevenção de casos e mortes por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) atribuíveis ao excesso de peso, na população adulta brasileira, no período de 2024 a 2044.
Métodos: A modelagem por tabela de vida foi utilizada para estimar o potencial efeito da tributação, considerando cinco cenários contrafactuais, baseados em diferentes alíquotas de tributação: (I) aumento de 8%; (II) 10%; (III) 18%; (IV) 20% e (V) 50% sobre o preço de todos os alimentos do grupo de ultraprocessados. O modelo incorporou dados atuais e projeções demográficas, mortes e casos incidentes de onze DCNT, a distribuição do Índice de Massa Corporal (IMC), elasticidade de preço entre alimentos ultraprocessados e excesso de peso e o risco relativo da associação entre IMC e DCNT.
Resultados: Enquanto na manutenção da tendência de aumento do IMC, observada no cenário usual, seriam esperados mais de 10 milhões de casos e mais de 1 milhão mortes por DCNT, a aplicação de uma alíquota de 8% ou de 50% de tributação sobre todos os alimentos e bebidas ultraprocessados preveniria 467 mil casos e 62 mil mortes ou 1 milhão de casos e 236 mil mortes, respectivamente. Particularmente, novos casos de diabetes e óbitos por doenças cardiovasculares seriam evitados.
Conclusões: A tributação de todos os alimentos e bebidas ultraprocessadas, em conjunto com outras medidas de regulamentação, constituem ferramentas essenciais para o enfrentamento do crescente consumo de ultraprocessados.
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE UMA TAXAÇÃO DE BEBIDAS ADOÇADAS NO DIABETES MELLITUS TIPO 2
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Nucci, LB1, Enes, CC1, Sarti, FM2, Conde, WL2
1 PUC-Campinas
2 Universidade de São Paulo (USP)
Objetivos: Modelar o impacto de um imposto de 20% sobre bebidas adoçadas (BA) na variação de casos incidentes, prevalentes e mortes por diabetes mellitus tipo 2 (DM2) entre adultos brasileiros.
Métodos: Estudo comparativo de risco ex-ante, considerando um imposto de 20% sobre BA. Foi estimada a variação nos casos incidentes, prevalentes e mortes por DM2 atribuídas à alteração de consumo de BA após taxação. As fontes de dados para as estimativas foram: o Global Burden of Disease Study 2021 (GBD 2021), a Pesquisa de Orçamento familiar (POF 2017-18), elasticidades de preços cruzadas e próprias para 13 grupos de bebidas definidos de acordo com as características nutricionais e de seus processos produtivos, cálculo da fração de impacto potencial (PIF).
Resultados: Após 10 anos de implementação da taxação, estimou-se uma redução do número de casos incidentes de 36.635 (IC95%: 34.602–37.922) e de 28.089 (IC95%: 26.504–30.134) para homens e mulheres, respectivamente. Estimou-se também que o número de mortes dez anos após a tributação diminuiria em 7,4% tanto para homens quanto para mulheres, de 73.768 (IC95%: 67.313–77.534) para 68.333 (IC95%: 62.234–72.116). A redução dos casos prevalentes foi estimada em 2,4% (IC95%: 2,2%–2,6%) para homens e 1,5% (IC95%: 1,4%-1,6%) para mulheres.
Conclusões: Os impostos sobre BA têm o potencial de reduzir os casos incidentes, prevalentes e as mortes atribuíveis ao DM2. Nossos resultados mostram que uma política fiscal pode ter um impacto significativo nos planos estratégicos para auxiliar na prevenção da doença.
RISCO DE DOENÇAS PARA CIGARROS ELETRÔNICOS E USO DUPLO VERSUS CIGARROS CONVENCIONAIS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Glantz, SA1, Nguyen, N2, Oliveira da Silva, A. L.3
1 Retired
2 University of California - San Francisco
3 ANVISA
Introdução- Os cigarros eletrônicos(EC) são divulgados como menos prejudiciais que os cigarros comuns(CC). Não há uma comparação direta dos efeitos na saúde do uso de CE ou do uso duplo com os dos CC na população em geral.
Metodologia- Estudos no PubMed, EMBASE, Web of Science e PsychINFO, publicados até 1º de outubro de 2023, foram agrupados em uma meta-análise de efeitos randômicos, por desfecho de doenças que foram identificados em no mínimo cinco estudos. Avaliamos o risco de viés com a ferramenta ROBINS-E e a avaliação da certeza da evidência, com abordagem GRADE. Os desfechos de doenças com menos de cinco estudos foram resumidos, mas não agrupados.
Resultados- Foram identificadas 124 OR de 107 estudos. As OR agrupadas para o uso atual de CE versus CC não foram diferentes para doenças cardiovasculares (OR 0,81;95%, 0,58 a 1,14), AVC (0,73;0,47 a 1,13) ou disfunção metabólica (0,99; 0,91 a 1,09), mas foram menores para asma (0,84;0,74 a 0,95), DPOC (0,53;0,38 a 0,74) e doenças bucais (0,87;0,76 a 1,00). As OR agrupadas para uso duplo versus CC aumentaram para todos os desfechos (1,20 a 1,41). As OR agrupadas para CE e uso duplo em comparação com o não uso aumentaram (CE, 1,24 a 1,47; UD, 1,49 a 3,29). Todos os estudos apresentaram baixo risco de viés. Estudos limitados de outros desfechos sugerem que o uso de CE está associado a outras doenças.
Conclusões- É necessário reavaliar a suposição de que o uso de cigarros eletrônicos proporcionaria uma redução de danos substancial.
DESIGUALDADES SOCIAIS NA ADESÃO À UMA COMBINAÇÃO DE COMPORTAMENTOS SAUDÁVEIS: CAMPINAS-SP
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Medina, LPB1, Lima, MG2, Barros, MBA2
1 FCA/UNICAMP
2 FCM/UNICAMP
Objetivo: Identificar e mensurar a magnitude das desigualdades sociais presentes na adesão à comportamentos saudáveis. Métodos: Estudo com dados dos inquéritos de base populacional ISACamp e ISACamp-Nutri 2014/15, com indivíduos de 18 anos e mais. Estimou-se a prevalência da combinação dos comportamentos saudáveis: nunca ter fumado ou ter deixado de fumar, não ter consumo abusivo de álcool (AUDIT), ser ativo no contexto de lazer (IPAQ) e consumir frutas regularmente (5x ou mais/semana). Razões de prevalência foram calculadas por meio da regressão múltipla de Poisson com ajustes por sexo e idade comparando os grupos segundo escolaridade (0-4; 5-11 e 12 anos e mais de estudo), renda (<1; 1 a <2 e >2 salários mínimos per capita) e posse de plano privado de saúde (sim ou não). Resultados: Maiores prevalências de acúmulo de comportamentos saudáveis foram detectadas nos grupos de maior escolaridade (18,3%), maior renda (18,1%), e com posse de plano de saúde (12,8%) e a magnitude das desigualdades variaram de RP=1,95 (1,46-2,60) no grupo com plano privado de saúde até 2,51 (1,68-3,75) no grupo com maior nível de estudo, passando por RP=2,43 (1,42-4,15) no segmento de maior renda em relação à referência. Conclusões: Expressivas desigualdades sociais foram detectadas na combinação de comportamentos saudáveis com vantagem para os grupos de maior renda, maior escolaridade e com plano de saúde. Os resultados expressam um desafio para os gestores públicos de setores estratégicos no sentido de formular políticas que ofereçam aos segmentos mais vulneráveis da população melhores oportunidades de adesão à comportamentos saudáveis.
COMO O JETLAG SOCIAL AFETA A SÍNDROME METABÓLICA À DEPENDER DA DURAÇÃO DO SONO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
SABBAGH, M. I. R1, OLIVEIRA, T1, SOUZA, D. R. O1, AVELAR, M. L. D1, SILVA, E1, SANTOS, G. A1, LOPES, G. F1, MENEZES JÚNIOR, L. A. A1
1 UFOP
Objetivo: Avaliar a relação entre jetlag social (JLS) e síndrome metabólica (SM) em indivíduos com duração de sono normal.
Métodos: Estudo transversal realizado com dados da NHANES (março de 2017/2020). Como desfecho foi avaliado a presença ou não de SM. O JLS foi calculado pelo ponto médio do sono em dias livres, ajustado pelo tempo de sono excedente, e o ponto médio do sono em dias de trabalho, a duração do sono foi medida pela pergunta "Quantas horas você normalmente dorme?". Para verificar a relação entre essas variaveis foi realizada análise de regressão logística estratificada pela duração do sono e ajustada por idade, sexo, raça e etnia, nível de escolaridade, estado civil, renda e atividade física moderada.
Resultados: Foram avaliados 4.438 indivíduos, sendo 53,0% mulheres, com idade média de 47,2 anos (IC 95%: 45,9-48,6), 63,0% tinham ensino superior completo ou em curso e 47.4% apresentaram índice de renda de pobreza médio. Dos indivíduos avaliados 49,2% tinham SM e 14.2% JLS. Na análise multivariada, não houve associação significativa entre SM e JLS. No entanto, indivíduos com sono normal tiveram 83% mais chances de ter SM (OR 1.83; IC 95%, 1.25-2.68) quando estratificados por horas de sono.
Conclusão: Não houve relação entre JLS e SM na população geral, entretanto, ao estratificar por horas de sono, observou-se uma relação significativa entre JLS e SM em indivíduos com duração de sono normal.