Programa - Comunicação Coordenada - CC1.25 - Situação Epidemiológica do HIV/AIDS e outras IST`s
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
17:00 - 18:20
ACESSO E USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO SUS POR MULHERES TRANS, QUE SOROCONVERTERAM AO HIV
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Bassichetto, K.C.1, Menezes, N.P.2, Luciano, C.S.1, Barros, D.1, Rocha, F.S.L1, Martins, M.M.1, Santos, C.A.S.1, Wanzeller, M.1, Gomes, J.L.1, Mocello, A.2, Sevelius, J.3, Lippmann, S.2, Veras, M.A.1
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
2 University of California San Francisco
3 University of Columbia
Objetivo – Descrever a proporção de mulheres trans e travestis (MTTr) que soroconverteram para o HIV durante estudo de intervenção e a cascata dos cuidados.
Métodos - Para caracterização sociodemográfica utilizamos dados de entrevistas do projeto ‘Manas por Manas’, ensaio clínico randomizado que avaliou intervenções por pares para melhorar adesão a testes de HIV e à PrEP, no município de São Paulo. Eram elegíveis: ≥18 anos; sexo ‘masculino’ no nascimento, identidade de gênero trans e HIV-negativa na inscrição. Calculamos os tempos decorridos entre os testes rápidos (TR) ou notificação dos casos e início da TARV. Avaliamos resultados de carga viral no Sistema Único de Saúde (SUS) (2020-2024).
Resultados - Das 392 participantes, 11 soroconverteram para o HIV durante o estudo. Sua idade média era 31 anos (IQR=12,3), 82% eram pretas/pardas, 27% eram profissionais do sexo, 91% recebiam menos de um salário-mínimo, 36% viviam em situação de moradia instável e 36% já estiveram presas. Dessas, 82% iniciaram a TARV em média 29 dias (IQR=24) após o TR ou a notificação; 18% apresentaram redução de mais de 90% da carga viral e 54,5% tornaram-se indetectáveis, em média 159 dias (IQR=145) após início da TARV. Em maio/2024, 64% encontravam-se aderentes à TARV e 46% retiravam a medicação em outros municípios.
Conclusão – O monitoramento da qualidade da assistência ao HIV revelou que a maioria das MTTr que soroconverteram receberam os cuidados conforme recomendado na cascata. Estratégias para fortalecer os serviços do SUS são necessárias para apoiar a adesão à TARV, especialmente neste grupo historicamente vulnerabilizado.
IST BACTERIANAS ENTRE JOVENS HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS EM VITÓRIA DA CONQUISTA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Rocha. T. S.1, Carnauba, M. P.2, Cairo, S. M. C.1, Da Silva, A. M. B.1, Magno, L.3, Soares, F.4, Dourado, I.4, Marques, L. M.1, Medeiros, D.1, Campos, G. B.1
1 Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia
2 Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia
3 Departamento de Ciências da Vida, Universidade do Estado da Bahia
4 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
Objetivos: Este estudo avaliou a prevalência de Neisseria gonorrhoeae (NG), Chlamydia trachomatis (CT) e Mollicutes entre jovens HSH de 15 a 24 anos em uma rede de amostragem dirigida pelo participante (RDS) de Vitória da Conquista.
Metodologia: Um estudo transversal foi conduzido entre julho e dezembro de 2022. A RDS foi usada para recrutamento e os participantes foram testados para NG, CT e Mollicutes por qPCR com swabs orais, anais e uretrais. Associações foram analisadas com teste do qui-quadrado ou teste exato de Fisher. A regressão de Poisson estimou a razão de prevalência (RP) com intervalos de confiança de 95% (IC95%). As análises foram ponderadas segundo o estimador de Gile usando RDS Analyst e Stata.
Resultados: Incluíram-se 106 HSHs. A prevalência de NG foi de 8,1%, sendo maior na região anal (6,7%). A prevalência de CT foi de 8,5%, com prevalência variando entre os locais anatômicos. Ureaplasma spp. foram mais prevalentes (39,8%) que Mycoplasma spp. (28,1%). Fatores associados com NG incluíram orientação sexual homossexual ou identidade de gênero (RP=9,15; IC95% 1,05-79,8) e sexo grupal (RP=3,56; IC95% 1,07-11,84). A prevalência de CT foi associada à idade de 15-19 anos (RP=6,93; IC95% 2,14-22,46) e múltiplos parceiros sexuais (RP=11,37; IC95% 1,45-88,98). Mollicutes foram associados ao sexo transacional (RP=1,76; IC95% 0,61-1,49) e discriminação na saúde (RP=2,62; IC95% 1,57-4,37).
Conclusão: Associações com comportamentos de risco e fatores socioestruturais foram observadas. Esses achados ressaltam a importância de estratégias abrangentes de testagem de bSTI, incluindo triagem em múltiplos locais anatômicos, para capturar infecções assintomáticas e extragenitais de forma eficaz.
EFEITOS DO BOLSA FAMÍLIA NA INCIDÊNCIA DE AIDS E TUBERCULOSE E NA MORTALIDADE INFANTIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silva, F.S.1, Gestal, P.F.P.S.1, Cavalcanti, D.M.2, Basterra, E.L.3, Jesus, G.S.4, Lua, I.5, Magno, L.6, Santos, C.A.S.T.7, Ichihara, M.Y.7, Barreto, M.L.7, Souza, L.E.2, Macinko, J.8, Dourado, I.2, Rasella, D.9
1 ISC/UFBA, CIDACS/FIOCRUZ
2 ISC/UFBA
3 ISGlobal
4 UFBA, CIDACS/FIOCRUZ
5 UEFS
6 UNEB
7 CIDACS/FIOCRUZ
8 UCLA
9 ISC/UFBA, CIDACS/FIOCRUZ, ISGlobal
Objetivos
Avaliar os efeitos do Programa Bolsa Família(PBF) nas taxas de incidência de aids e tuberculose(TB) e de mortalidade infantil em diferentes estratos econômicos entre os 50% mais pobres da população brasileira inscritos no CadÚnico.
Métodos
Realizamos uma avaliação de impacto, comparando beneficiários e não beneficiários do PBF em uma coorte de 56,7 milhões de brasileiros de baixa renda entre 2004 e 2015. Utilizamos a Probabilidade Inversa de Ponderação do Tratamento(IPTW) para ajustar a seleção dos beneficiários do PBF, e usamos análises de regressões de Poisson ajustadas para variáveis socioeconômicas, demográficas e de saúde, tanto individuais quanto municipais, para estimar o efeito do PBF nas taxas de incidência de aids e TB e de mortalidade infantil, em subgrupos da população de acordo com a renda per capita (estratificada por decis da distribuição).
Resultados
O recebimento do PBF foi associado a menores taxas entre indivíduos de renda extremamente baixa, resultando em uma incidência de aids 49% menor(RR:0,51;95%IC:0,48-0,54), uma redução de 50% na incidência de TB(RR:0,50;95% IC:0,49-0,50), e uma redução de 69% na mortalidade infantil(RR:0,31;95%IC:0,29-0,32). Esses efeitos diminuíram gradualmente, sem associação entre indivíduos classificados no decil mais alto de renda.
Conclusões
Os programas de transferências condicionais de renda(TCR) podem reduzir significativamente a incidência de aids e de TB e de mortalidade infantil entre populações de baixa renda, mitigando as desigualdades em saúde. Com o aumento global da pobreza, investir em TCR tem o potencial de contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados à aids, TB e saúde infantil até 2030.
ÓBITOS PRECOCES POR AIDS NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, SEGUNDO O PQA-VS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Souza, C. R. L.1, Coelho, R. A.1, Spinelli, M. F.1, Cunha, A. R. C.1, Domingues, C. S. B.1, Pereira, G. F. M.1, Scher, F. S.1, Kalichman, A. O.1
1 Ministério da Saúde
Objetivo: Relatar o desempenho dos municípios brasileiros em relação aos óbitos precoces por aids conforme indicador 2023-12 do PQA-VS, no ano de 2022.
Métodos: Os óbitos por aids foram identificados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) pelos códigos CID 10 de B20 a B24. O indicador foi calculado para cada município, com base no ano de 2021, descritos em frequências absolutas e percentuais para avaliar a meta de redução ou da manutenção da ausência de óbitos precoces.
Resultados: Em 2022, 1.995 municípios registraram 10.994 óbitos por aids, dos quais 5.494 (50,0%) foram óbitos precoces. Dentre os municípios com registros, 73,4% reportaram óbitos precoces. No total, 4.396 municípios atingiram a meta do indicador 2023-12 do PQA-VS, com redução ou ausência de óbitos precoces, enquanto que, dos municípios que registraram óbitos precoces, apenas 821 (18,7%) atingiram a meta em 2022.
Conclusões: O alto percentual de óbitos precoces evidencia a fragilidade no acesso ao diagnóstico e tratamento oportuno do HIV, ressaltando a necessidade de ações eficazes para reduzir as mortes precoces por aids nos primeiros cinco anos após o diagnóstico.
DETERMINANTES SOCIAIS E MORTALIDADE HOSPITALAR: ANÁLISE DE 13.999 INTERNAÇÕES POR AIDS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
GESTAL, PFPS1, SILVA AF1, LUA I2, JESUS G1, MAGNO L3, SANTOS CAST4, ICHIHARA MY4, BARRETO ML4, SOUZA LE5, MACINKO J6, DOURADO I5, RASELLA D7
1 ISC/UFBA E CIDACS
2 Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Feira de Santana, Bahia, Brasil
3 Departamento de Ciências da Vida, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Salvador, Brasil.
4 Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (CIDACS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Salvador, Brasil
5 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), Salvador, Brasil
6 Departments of Health Policy and Management and Community Health Sciences, Fielding School of Public Health of University of California (UCLA), Los Angeles, California, USA
7 ISC/UFBA E ISGlobal, Hospital Clínic - Universitat de Barcelona, Barcelona, Spain
Objetivos: Analisar a associação de Determinantes Sociais da Saúde (DSS) na taxa de mortalidade hospitalar por Aids.
Métodos: Estudo de coorte utilizando uma amostra da população inscrita no Cadastro Único entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2018 vinculada aos registros de hospitalização e mortalidade por HIV/Aids. Foi realizada uma análise de regressão de Poisson multivariável com abordagem hierárquica para estimar a associação entre os DSS na taxa de mortalidade hospitalar por Aids.
Resultados: Foram acompanhados 13.999 indivíduos hospitalizados por Aids em que 2.196 (15,69%) morreram durante hospitalização, resultando em uma taxa de mortalidade de 6,38/100 pessoas-ano (IC 95% 6,11-6,65). Entre os que morreram de Aids durante a internação, 56,23% (1.235) eram homens e 79,55% (1.747) tinham entre 20-59 anos. O tempo médio de hospitalização foi de 15,13 dias (DP 17,23). Além da idade avançada, os fatores associados à maior mortalidade hospitalar por Aids foram: residir na Região Norte (RR 1,94; IC 95% 1,38-2,71); menor riqueza (RR 1,24; IC 95% 1,02-1,52); menor escolaridade (RR 1,23; IC 95% 1,06-1,42); residir em casas de madeira ou taipa (RR 1,22; IC 95% 1,04-1,44); cor da pele preta (RR 1,21; IC 95% 1,02-1,44) e parda (RR 1,17; IC 95% 1,03-1,32).
Conclusões: Pessoas pretas ou pardas vivendo em situação precária, com extrema pobreza, com menor escolaridade apresentaram maior mortalidade hospitalar por Aids. Políticas sociais como os programas de transferência de renda, podem minimizar os efeitos dos DSS e colaborar na redução da mortalidade por Aids no Brasil.