Programa - Comunicação Coordenada - CC2.3 - Consumo alimentar de crianças e adolescentes
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR, E PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS E FPM-MEDIAÇÃO MODERADA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
CONFORTIN, S. C.1, GÓMEZ-ARISTIZÁBAL, LILIANA Y2, CARNEIRO, J. R.3, SÁ, R. V. P.3, SILVA, E. C.3, BARBOSA, A. R.4, SIMÕES, V. M. F.3, ALVES, M. T. S. S. B. E.3, Rosangela F Batista3, SILVA AAM3
1 Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc)
2 Universidad CES
3 Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
4 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Objetivo: Analisar os efeitos do consumo de alimentos ultraprocessados sobre a força de preensão manual (FPM) de forma direta, indireta e total, e condicional (efeito de mediação moderada). Métodos: Estudo transversal, conduzido com adolescentes da Coorte de Nascimento de São Luís de 1997/98, Maranhão. Para avaliar a FPM (quilograma força - Kgf) foi utilizado o dinamômetro Jamar Plus+. A análise dos percentuais de contribuições energéticas de ultraprocessados foi realizada de forma contínua. O índice de massa magra (IMM) foi a variável mediador e o IMG o moderador – calculado pela razão entre a massa magra ou massa gorda(kg) pela altura(m²) foram avaliados. Foi realizado análise de mediação moderada para estimar os efeitos do consumo alimentar e índices sobre o desfecho.
Resultados: Foram analisados 2077 adolescentes. Ao avaliar o IMG como moderador da relação de mediação entre o consumo alimentar e a FPM através do IMM foi encontrado efeito de mediação moderada com consumo de alimentos ultraprocessados. Em relação ao efeito de mediação, encontrou-se evidência de que o IMM é uma variável mediadora na relação do consumo de alimentos ultraprocessados, processados e in natura com a FPM. Conclusões: O presente estudo identifica novos caminhos causais que apontam a possíveis explicações de como os índices de composição corporal podem afetar a relação entre o consumo alimentar e a FPM.
VENDA DE ALIMENTOS NAS ESCOLAS BRASILEIRAS E CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS POR ADOLESCENTES
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Aguiar, B.C.C.1, Gonçalves, T.R.1, Souza, A.M.1
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro
Objetivo: Avaliar a associação entre a venda de alimentos nas escolas brasileiras e o consumo de alimentos ultraprocessados entre adolescentes. Métodos: O Estudo de Risco Cardiovascular em Adolescentes (ERICA) é um inquérito nacional de base escolar realizado em 2013-2014, incluindo escolas públicas e privadas. As vendas de qualquer tipo de alimentos nas escolas foram avaliadas por meio de entrevistas com o diretor da escola. O consumo alimentar foi avaliado por meio de recordatório de 24 horas e os alimentos foram divididos de acordo com a classificação NOVA com base no grau de processamento. Foram estimados modelos de regressão linear brutos e ajustados para avaliar a associação entre exposição à venda de alimentos na escola e consumo de alimentos ultraprocessados. Resultados: A prevalência de exposição à venda de alimentos foi de 55,2% e o consumo médio de alimentos ultraprocessados na dieta foi de 34,5%. A exposição à venda de alimentos nas escolas associou-se ao maior consumo de alimentos ultraprocessados (β=0,11; IC95% 0,04-0,18). Os resultados foram semelhantes quando as análises foram estratificadas por sexo e consumo habitual de merenda escolar. Para estratificação por tipo de escola, a associação foi significativa apenas entre estudantes de escola pública (β=0,11; p=0,002). Conclusão: A associação entre a exposição à venda de alimentos nas escolas e maior consumo de alimentos ultraprocessados sugere que a venda nas escolas pode influenciar as escolhas alimentares dos adolescentes.
USO DE CHUPETA DURANTE A AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA E GANHO DE PESO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Cavalcanti, M. B.1, Castanheira, M.2, Cunha, D. B.1
1 IMS UERJ
2 UNIRIO
Objetivos: Verificar a associação entre uso de chupeta e ganho de peso em bebês menores de seis meses amamentados exclusivamente. Métodos: Estudo longitudinal retrospectivo. Mulheres altamente motivadas a amamentar foram recrutadas no grupo de apoio online “Grupo Virtual de Amamentação”. Foram incluídos lactentes amamentados exclusivamente, peso ao nascer≥2.500 gramas, idade gestacional≥ 37 semanas, de parto único e sem enfermidades. Foram coletadas informações sobre: peso do bebê no nascimento e nos seis meses subsequentes, registrados na caderneta da criança; uso de chupeta, data da introdução e retirada; informações sobre saúde da gestante e dados sociodemográficos. Foram desenvolvidos modelos lineares generalizados, incluindo o z-score de peso para idade como desfecho e: (1) uso de chupeta (sim ou não) e (2) tempo de uso (em semanas) como exposição, ajustados para IMC pré-gestacional, intercorrências na gestação e sexo do bebê. Resultados: Foram analisadas as trajetórias de ganho de peso de 390 bebês, dos quais 27,2% usaram chupeta por algum período de tempo (min=2 máx=26 semanas). As nutrizes que ofereceram chupeta apresentaram maior IMC pré-gestacional (26,1 vs. 24,9, p=0,04) e maior prevalência de cesárea (64,1% vs. 51,4%, p=0,03). Observou-se redução no z-score de peso para idade entre os bebês que usaram chupeta quando comparados aos que não usaram (β= -0.07; p-valor= 0,0006) e o tempo de uso de chupeta associou-se inversamente com o z-score de peso para idade (β= -0.005; p-valor< 0,0001). Conclusões: o uso de chupeta, bem como o tempo de uso, foi associado a menor ganho de peso entre bebês amamentados exclusivamente.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E MICROBIOTA INTESTINAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Faggiani, L. D.1, França, P.1, Seabra, S. G.2, Sabino, E. C.1, Qi, L.3, Cardoso, M. A.1
1 USP
2 UNL
3 TULANE
Objetivo
Investigar o impacto do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) na microbiota intestinal no primeiro ano de vida.
Métodos
Dados de microbiota intestinal foram obtidos da coorte de nascimentos MINA-Brasil no primeiro ano de vida (n=728). Dados de amamentação foram coletados após o parto, aos seis meses e no primeiro ano de vida. O consumo de AUP foi aferido por questionário sobre o dia anterior ao seguimento de 1 ano. Foi gerada uma variável combinada segundo práticas de aleitamento materno e consumo de AUP, utilizada como variável independente em modelos ajustados de regressão quantílica com parâmetros de diversidade alfa como variável dependente. A diversidade beta foi analisada por PERMANOVA segundo dissimilaridade de Bray-Curtis. A abundância diferencial segundo a variável combinada foi analisada por ANCOM-BC, corrigido por FDR.
Resultados
Crianças desmamadas que consumiam AUP apresentaram aumento significante em parâmetros da diversidade alfa (ASVs observadas, p-ajustado=0,026; Shannon, p-ajustado=0,019; Chao1, p-ajustado<0,001; Simpson, p-ajustado=0,001) e beta (Bray-Curtis, PERMANOVA<0,001) em comparação com crianças amamentadas que não consumiam AUP. Crianças amamentadas que não consumiam AUP apresentaram maior mediana da abundância relativa de Bifidobacterium (2,4%) em comparação a crianças desmamadas que não consumiam (0%; p-FDR=0,001) e que consumiam AUP (0%; p-FDR<0,001), e menor de Ruminococcus (0%) que crianças desmamadas que consumiam AUP (2,7%; p-FDR=0,001).
Conclusão
Os resultados reforçam a importância de evitar o consumo de AUP na infância devido seu papel na maturidade precoce da microbiota intestinal.
CONSUMO ALIMENTAR E CRESCIMENTO NA IDADE ESCOLAR: ANÁLISE MULTINÍVEL COM DADOS DO SISVAN
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Barros, L. M.1, Salviano, A. F.1, Lourenço, B. H.1
1 Universidade de São Paulo - USP
Objetivos: Investigar associações entre indicadores do consumo alimentar e crescimento linear atingido na idade escolar à luz de estratos socioeconômicos municipais e cobertura do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Métodos: Estudo transversal com microdados do SISVAN de crianças entre 5-9 anos (n=165.007, 54% meninas, média de idade: 7,3 [DP: 1,4] anos). Variáveis individuais incluíram exposição máxima no dia anterior a feijão, frutas, legumes e verduras (FFLV; consumo 0-2 e 3 FFLV) e ultraprocessados (AUP; consumo 0-3 e 4 AUP), e índice altura para idade (A/I, escores-z). Regressão linear multinível estimou interação entre consumo alimentar e PIB per capita (em quartos, Q1-Q4) no índice A/I, considerando agregação em segundo nível pela cobertura municipal do SISVAN (categorizada a cada 20%). Resultados: Exposição máxima a FFLV e AUP foi de 46,2% e 24% entre as crianças, respectivamente, com média de A/I 0,04z (DP: 1,3). A/I foi negativamente associada à cobertura do SISVAN (cobertura >75%, -0,19z; IC95% -0,22;-0,17), mas positivamente associada ao consumo máximo de FFLV (+0,13z; IC95% 0,10;0,15; significantemente mais que AUP: +0,06; IC95% 0,03;0,09) e ao PIB per capita (Q4 PIB: +0,33z; IC95% 0,31;0,36). FFLV associou-se a A/I distintamente segundo cobertura do SISVAN (<20%: -0,02; IC95% -0,69;0,66 vs. >80%: +0,2; IC95% 0,14;0,31). Considerando agrupamento pela cobertura, houve interação significante entre contexto socioeconômico e consumo alimentar na associação com A/I. Conclusões: Cobertura do SISVAN relacionou-se à associação entre FFLV e A/I. À luz do nível de cobertura, a relação entre consumo alimentar e A/I na idade escolar dependeu do contexto socioeconômico.