Programa - Comunicação Coordenada - CC2.4 - Saúde Bucal
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
IMPACTO DO USO DOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS NA DOR DENTÁRIA DE ACORDO COM A COR DA PELE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Rauber, E. D.1, Knorst, J. K.1, Ramos, T. G. N.1, Zemonlin, N. A. M.1, Ardenghi, T. M.1
1 UFSM
Objetivos: o intuito do estudo foi avaliar o efeito da interação entre o uso de serviço odontológico e a cor de pele reportada pelos pais na ocorrência de dor dentária ao longo do tempo. Métodos: Esse estudo trata-se de uma coorte com 10 anos de acompanhamento, iniciada no ano de 2010 com uma amostra representativa de 639 pré-escolares avaliados na cidade de Santa Maria, Brasil. Posteriormente, os indivíduos foram reavaliados nos anos de 2017 e 2020. A utilização dos serviços odontológicos, a raça e a presença de dor dentária foram autorrelatadas pelos indivíduos, sendo que os preditores foram coletados a partir dos critérios da OMS e do IBGE, respectivamente, e o desfecho a partir de uma pergunta direta já utilizada em outros estudos. Foi realizada análise de Regressão Logística em multinível para avaliar a interação entre cor da pele e uso dos serviços odontológicos na ocorrência de dor dentária ao longo do tempo. Cerca de 449 e 429 foram reavaliadas em 2017 e 2020, gerando taxas de resposta de 70,3% e 67,1%, respectivamente. Resultados: A ocorrência de dor de dente ao longo da coorte foi de 60.7%. Indivíduos da cor da pele branca e que usaram o serviço odontológico ao longo da coorte tiveram uma chance 51% menor de apresentar dor de dente do que aqueles que utilizaram o serviço odontológico, mas eram de cor não branca. Conclusões: Houve uma iniquidade racial na ocorrência de dor dentária entre os indivíduos que fizeram uso dos serviço odontológico ao longo dos acompanhamentos.
INIQUIDADES SOCIOECONÔMICA E AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE BUCAL DE ADOLESCENTES
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Araujo, C. F.1, Chisini, L. A.1, Costa, F. S.1, Correa, M. B.1, Peres, M. A.2, Peres, K. G.2, Matijasevich, A.3, Santos, I. S.4, Barros, A. J. D.1, Demarco, F. F.1
1 UFPEL
2 Duke-NUS
3 USP
4 UCPEL
Objetivos: Explorar os caminhos pelos quais as iniquidades socioeconômicas ao nascimento influenciam a autopercepção da saúde bucal na adolescência. Métodos: Foram utilizados dados da coorte de nascimentos de 2004 de Pelotas. Pesquisas de saúde bucal e exames clínicos foram realizados nos acompanhamentos de 5 e 12 anos. A má oclusão foi avaliada aos 5 anos, enquanto lesões de cárie não tratada e uso de serviços odontológicos foi avaliada aos 5 e 12 anos. A principal exposição foi o status socioeconômico ao nascimento. O desfecho foi a autopercepção negativa de saúde bucal aos 18 anos. Para estimar efeitos diretos, indiretos e totais padronizados, foi utilizada a modelagem de equações estruturais (MEE). Resultados: 862 indivíduos participaram de todos acompanhamentos. Uma autopercepção negativa de saúde bucal foi reportada por 21,0%. O baixo status socioeconômico foi preditor direto para cárie não tratada aos 5 (Standard Coeficiente [SC]=0,18, IC95% 0,12-0,24) e 12 anos (SC=0,10, IC95% 0,05-0,15). Cárie não tratada aos 12 anos foi o principal preditor da autopercepção negativa de saúde bucal (SC=0,14, IC95% 0,07-0,21). O baixo status socioeconômico ao nascimento influenciou direta (SC=0,10, p<0,001) e indiretamente (SC=0,01, p=0,002) a autopercepção de saúde bucal aos 18 anos. O principal caminho indireto foi mediado pela cárie. O efeito total do status socioeconômico na autopercepção negativa de saúde bucal foi SC=0,11 (p<0,001). Conclusões: Iniquidades socioeconômicas ao nascimento influenciaram a autopercepção de saúde bucal aos 18 anos. A MEE mostrou que o principal caminho foi direto. O principal efeito indireto ocorreu através da cárie aos 5 e 12 anos.
PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE UM TERRITÓRIO QUILOMBOLA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Raymundo MLB1, Araújo ECF1, Silva RO1, Lira Neto AC1, Bomfim RA2, Cavalcanti YW1
1 UFPB
2 UFMS
Objetivo: Analisar, sob à luz da teoria da interseccionalidade, a condição de saúde bucal de crianças de um território quilombola localizado em uma capital do Nordeste brasileiro, e seus fatores associados. Métodos: Foi realizado um inquérito epidemiológico transversal, de base populacional, em um território quilombola do município de João Pessoa-PB, com crianças de 5 a 8 anos. Foram utilizados os índices ceos, CPOS e pufa/PUFA. Foram obtidos três modelos de regressão multinível, onde as variáveis dependentes foram: experiência de cárie dentária (ceos/CPOS), cárie dentária não tratada (componente c/C) e índice PUFA. Foram consideradas estatisticamente significantes as variáveis com p<0,05, destacando-se a influência dos Determinantes Sociais da Saúde e dos Marcadores Sociais da Diferença na saúde e na interseccionalidade. Resultados: No modelo de regressão multinível de Poisson a intersecção entre a autoatribuição quilombola e dieta cariogênica está associada à experiência de cárie dentária (RP=1,84, IC 95% 1,04-3,26, p=0,03) e cárie dentária não tratada (RP=2,82, IC 95% 1,12-7,07, p=0,02). A intersecção entre a autoatribuição de quilombola e a declaração étnico-racial está associada à experiência de cárie dentária (RP=5,69, IC 95% 3,2-10,11, p<0,001) e à cárie dentária não tratada (RP=10,34, IC 95% 2,96-36,66, p<0,001). No modelo de regressão multinível de Poisson, nenhuma variável esteve associada ao índice PUFA. Conclusões: A autoatribuição como quilombola, fatores socioeconômicos e dieta cariogênica estão associados à experiência de cárie dentária e cárie dentária não tratada no território quilombola, evidenciando a influência dos DSS e dos Marcadores Sociais da Diferença e suas interseccionalidades na saúde bucal de populações vulneráveis.
PROBABILIDADES DE USO DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS: A REDE SOCIAL INFLUENCIA AS ESTIMATIVAS?
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Araújo-Júnior, C.A.S.1, Vettore, M.V.2, Herkrath, A.P.C.Q.3, Herkrath, F.J.4
1 Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
2 Aarhus University (AU)
3 Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
4 Universidade do Estado do Amazonas (UEA)/ Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD) - Fiocruz Amazônia
Objetivos: O objetivo do estudo foi avaliar o uso de serviços de saúde bucal, no Brasil, segundo a situação de residência, características socioeconômicas e rede social. Métodos: Foram analisados microdados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2019, totalizando 90.846 moradores com idade ≥15 anos selecionados nos domicílios. A variável dependente foi o intervalo de tempo em que o morador consultou um dentista pela última vez. As covariáveis foram situação de residência (rural/urbano), sexo, raça/cor da pele, escolaridade, renda e rede social, avaliada segundo o índice de Berkman-Syme. Após a análise descritiva dos dados, para a composição dos cenários de prevalências foi utilizado modelo logístico multinomial. Estimativas e respectivos intervalos de confiança a 95% foram obtidos por pós-estimação, considerando o plano complexo de amostragem e pesos amostrais. As análises foram realizadas no Stata SE, versão 17.0. Resultados: A prevalência de não utilização dos serviços de saúde bucal no Brasil foi de 2,0% (IC95% 1,8%-2,1%) e 48,4% (IC95% 47,8%-49,0%) haviam utilizado o serviço há mais de 12 meses. A partir dos cenários estimados, a pior situação foi observada em indivíduos residentes em áreas rurais, do sexo masculino, com baixa escolaridade, renda e menor rede social, com estimativa de 23,1% (IC95% 19,3-26,9) de não utilização dos serviços de saúde bucal e de 14,7% (IC95% 13,1-16,2) de uso nos últimos 12 meses. Conclusões: Apesar do efeito importante da condição socioeconômica na utilização dos serviços de saúde bucal, indivíduos com menor rede social apresentaram piores estimativas de utilização dentro de cada estrato socioeconômico.
DESIGUALDADES QUANTO À RIQUEZA NO USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE BUCAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Costa, F. S.1, Barros, A. J. D.1
1 UFPel
Objetivo: Descrever as desigualdades de riqueza no uso de serviços odontológicos na infância e motivo das consultas em países de renda média-alta e alta. Métodos: O estudo utilizou dados de inquéritos nacionais recentes do Brasil, Colômbia e Estados Unidos. A visita ao dentista alguma vez na vida e motivo da última consulta (se preventiva ou tratamento) entre crianças de 1 e 6 anos foram os desfechos avaliados. As prevalências foram desagregadas por quintis de riqueza, obtidos através de análise de componentes principais. As desigualdades nas prevalências ponderadas foram analisadas pelo Índice Angular de Desigualdades (IAD) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Foram avaliadas 14.717 crianças, das quais 63,1% já haviam visitado um dentista, e destas 72,9% buscaram consultas preventivas. Na análise por país, as desigualdades foram mais acentuadas no Brasil, com diferença nas visitas ao dentista entre as crianças mais ricas e mais pobres de aproximadamente 31 pontos percentuais (pp) (IAD 30,6; IC95% 22,0;39,1). Para consultas preventivas, essa diferença foi de 32 pp (IAD 31,8; IC95% 18,8; 44,8). Na Colômbia e Estados Unidos, as diferenças nas visitas ao dentista foram de 0,6 e -11 pp, e para consultas preventivas, -1,1 e 9,3 pp, respectivamente, sem diferença significante entre ricos e pobres nesses países. Conclusões: Há diferenças marcantes nas desigualdades de riqueza no uso de serviços de saúde bucal entre os países analisados. O Brasil apresentou a maior magnitude de desigualdades tanto na visita ao dentista quanto na prevenção, favorecendo as crianças mais ricas.