Programa - Comunicação Coordenada - CC2.6 - Vigilância das doenças de potencial risco para a saúde pública
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
BOTULISMO INFANTIL EM MENOR DE UM ANO: RELATO DO PRIMEIRO CASO CONFIRMADO NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pinto, L.A.1, Pimenta, I.T.1, Duffrayer, K.M.1, Souto, A.P.M.1, Marsico, E.F.C.M.1, Amaral, L.F.1, Geraldo, M.C.H.M.1, Magarão, C.C.R.N.2, Ferreira, A.S.B.3, Aguiar, G.M.O.3, Ribeiro, C.L.P.1
1 Coordenação de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
2 Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e Inspeção Agropecuária, Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
3 Superintendência de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
Objetivo: Descrever o primeiro caso confirmado de botulismo infantil em menor de um ano notificado no município do Rio de Janeiro (MRJ). Métodos: O período do estudo compreendeu a data da notificação do caso (junho de 2021) até a data da alta hospitalar (setembro de 2021). A investigação epidemiológica foi realizada pela equipe da Coordenação de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde do MRJ em articulação com o Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Secretaria do Estado de Saúde e Centers for Disease Control and Prevention, por meio da avaliação de prontuários e discussão com os profissionais da unidade hospitalar notificadora. Foram levantadas informações sobre o consumo alimentar, uso de medicamentos, sinais, sintomas e tratamento. Resultados: Trata-se de um lactente, do sexo feminino, com seis semanas, internado devido a recusa alimentar, irritabilidade, que evoluíram para hipotonia global com redução da movimentação simétrica e disfunção da placa motora pré-sináptica em eletroneuromiografia, sugestivo de botulismo. A confirmação laboratorial foi realizada por bioensaio em camundongos no qual foi detectado toxina botulínica tipo A nas fezes. A fonte provável da infecção não foi identificada. O caso possuía histórico de aleitamento misto, uso de simeticona, vitamina D3 e medicamento para cólica e não houve relato de consumo de mel ou outros alimentos. Não foi administrado soro antibotulínico (não recomendado para menores de um ano) ou imunoglobulina humana antitoxina (não disponível no Brasil). Conclusão: O caso evoluiu para alta hospitalar. No cenário nacional, faz-se necessária a discussão sobre a disponibilidade da imunoglobulina humana antitoxina.
DESAFIOS DA VIGILÂNCIA DA DOENÇA DE CREUTZFELDT-JAKOB EM SÃO LUÍS (2005-2024)
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Santos, G.F.L.1, Silva, F.S.1, Araújo, N.S.C1, Pereira, A.C.L.1, Pereira, B.S.R1, Araujo, A.F.D.V.1
1 SEMUS-São Luís
Objetivos: Analisar os desafios na vigilância epidemiológica de casos de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) em São Luís entre 2005 e 2024.
Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo baseado em dados de notificação e investigação de casos de DCJ em São Luís, coletados entre 2005 e 2024. As análises foram realizadas utilizando o software R, considerando informações demográficas, clínicas, resultados de exames e status de notificação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Resultados: Entre 2005 e 2024, foram notificados onze casos de DCJ em São Luís. Destes, cinco foram confirmados, quatro descartados e dois inconclusivos. Dos casos confirmados, três foram classificados por critérios clínico-epidemiológicos e apenas dois por critério laboratorial. A principal dificuldade foi indisponibilidade de exames neuropatológicos in vivo e laboratórios de referência para análise da proteína 14-3-3 no LCR, inviabilizando a confirmação da forma clínica. Além disso, os casos que evoluem a óbito não passam por necropsia com coleta de tecido para identificação post-mortem da forma clínica. Destaca-se:
• Casos confirmados: 5, com óbito por DCJ em quatro casos e um em monitoramento.
• Casos descartados: 4, com óbito por outras causas em todos os casos.
• Casos inconclusivos: 2.
Conclusões: A vigilância epidemiológica da DCJ em São Luís enfrenta desafios na confirmação e encerramento de casos. A disseminação de conhecimento, capacitação profissional e melhoria da infraestrutura para diagnóstico são essenciais para aprimorar a identificação e monitoramento dos casos de DCJ. A infraestrutura para coleta de tecido cerebral post-mortem e laboratórios de referência são fundamentais para um diagnóstico definitivo.
INTOXICAÇÃO EXÓGENA POR POMADAS CAPILARES: AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE EM PERNAMBUCO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
BRAZ, C.F.M.1, LIRA, P.V.R.A.1, LIMA, I.M.1, LIMA, S.A.A.1, SILVA, C.S.1, BEZERRA, E.A.D.1
1 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco - SES/PE
A RDC n° 814/2023 estabelece as condições temporárias para a regularização, comercialização e uso de produtos destinados a fixar e/ou modelar os cabelos. O objetivo do presente trabalho incluiu a descrição das ações de vigilância em saúde desenvolvidas após o evento sanitário relacionado à Intoxicação Exógena (IE) por pomadas capilares em Pernambuco. Trata-se de um relato de caso das ações desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES/PE) entre os meses de janeiro e fevereiro de 2024. Em dezembro de 2023, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs-PE) comunicou o recebimento de casos de intoxicação exógena pelo uso do cosmético, repassados por uma Unidade de emergência oftalmológica localizada no município de Recife , que sinalizou o aumento de atendimentos após o uso de pomada capilar. A área técnica de IE orientou as unidades de saúde quanto o preenchimento da ficha de Investigação. Foi elaborada uma planilha de acompanhamento para o registro dos casos notificados. Ao todo, foram registrados 331 casos de IE pelo uso da pomada capilar entre dezembro de 2023 a fevereiro de 2024. Foram construídos materiais educativos de orientação à população sobre os cuidados com relação ao uso dos produtos. Foram produzidos cinco informes epidemiológicos apresentando o perfil dos indivíduos intoxicados. A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (APEVISA) elaborou uma Nota Técnica com orientações de ações para a prevenção e monitoramento de eventos adversos causados por pomadas capilares. As ações desenvolvidas pela SES foram essenciais para mitigar os efeitos decorrentes do evento sanitário.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS COMPATÍVEIS COM A DOENÇA DE HAFF, BRASIL, 2021 A 2023
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Brito Junior, P.A.1, Menezes, J.S.1, Figueiredo, J.A.1, Melo, M.S.1, Oliveira, R.C.1, Borghesan, T.C.1, Lima Júnior, F.E.F.1
1 Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial; Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiento do Ministério da Saúde, Brasil.
Objetivos: descrever o perfil epidemiológico dos casos compatíveis com a doença de Haff ocorridos no Brasil. Métodos: estudo descritivo a partir de dados secundários provenientes das notificações encaminhadas via e-mail pelas Secretarias Estaduais de Saúde ao Ministério da Saúde, juntamente com os casos registrados na plataforma REDCap, entre 2021 e 2023. Resultados e Conclusões: foram notificados 539 casos, correspondendo a uma média anual de 179,7 casos. O ano de 2022 apresentou o maior número, com 249 registros. Em relação ao local de ocorrência, 80,3% ocorreu na Região Norte, com o estado do Amazonas responsável por 46% dos casos. Constatou-se sazonalidade, com frequência de 67,3% dos casos ocorrendo entre agosto e setembro. Quanto ao sexo, 50,6% dos casos era do sexo masculino e concentraram-se nos na faixa etária de 50 a 59 anos (22,2%). A mialgia intensa foi o sinal comumente relatado (83,7%), seguido de náuseas (55,8%), fraqueza muscular (56%) e urina escura (52,3%). Houve registro de 360 internações e 9 óbitos (letalidade de 1,63%). O Pacú (Piaractus mesopotamicus) e o Tambaqui (Colossoma macropomum) foram as espécies de pescado mais consumidas, estando associadas a 45,6% e 23,2% dos casos, respectivamente. Os pescados foram adquiridos pelos casos compatíveis principalmente em feiras livres ou de ambulantes (38,7%), e consumidos em suas residências (87,6%). A doença de Haff, embora rara, emerge como questão de saúde pública. No período notou-se aumento do número de casos notificados e uma expansão geográfica, indicando maior sensibilidade da vigilância epidemiológica em detectar os casos compatíveis com doença de Haff.
DESCRIÇÃO DOS PRIMEIROS CASOS CONFIRMADOS DE FEBRE DO OROPOUCHE NA BAHIA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Soares, ES1, Goes, C de SB1, Cardoso, CA de R1, Santos, MF1, Rocha, EDM1
1 Secretaria Estadual da Saúde Bahia
O Centro de informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), Bahia, foi notificado sobre um surto com etiologia desconhecida em localidades da zona rural. Na investigação, foram testadas amostras de soro de pessoas que deram negativas para Zika, Dengue e Chikungunya (ZDC), sendo comprovada a circulação do vírus Oropouche. A Febre do Oropouche (FO) uma arbovirose causada pelo OROV do gênero Orthobunyavirus. No ciclo urbano é transmitida ao homem pelos mosquitos Culicoides paraensis. Objetivo: descrever os primeiros casos confirmados da doença no estado da Bahia. Método: Estudo seccional, descritivo em fevereiro e março de 2024, residentes no estado da Bahia. Os dados foram analisados utilizando o Excel e o ArcGis Pro. Resultados: Dos 9 primeiros casos confirmados laboratorialmente, 08 casos de residentes na zona rural de Laje, Bahia e 01 caso não foi localizado. Quanto a distribuição temporal, o primeiro caso teve a data dos primeiros sintomas em 27/02/2024 e o último em 10/03/2024. Os principais sinais e sintomas identificados foram febre(100%), mialgia intensa(100%), cefaleia(100%), náuseas(75%), calafrios (75%), inapetência(87,5%), diarreia(75%), tontura(62,5%), vermelhidão na pele(62,5%) e boca amargando(50%). Nenhuma pessoa ficou internada. 100% obtiveram restabelecimento da saúde sem sequelas, porém houve relatos de recidivas em alguns casos. Conclusões: A investigação em campo revelou a hipótese dos casos sendo silvestres, não descartando a possibilidade de circulação em zona periurbana e urbana. A introdução da FO na Bahia é um Evento em Saúde Pública. Nesse contexto, é importante estabelecer plano de resposta articulado com as áreas da vigilância e assistência à saúde.