Programa - Comunicação Coordenada - CC2.9 - Estudo sobre a PrEP no Brasil: Desafios e repercussões
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
DISPENSAÇÃO DE PREP E DETECÇÃO DE HIV ENTRE HOMENS QUE FAZEM SEXO COM OUTROS HOMENS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Gavina, V.P.1, Araujo, A.B.V.1, Cordeiro, C.R.1, Martins, M.V.1, WILKEN, R.O.1, Marques, E. S.1
1 IMS/UERJ
Objetivos: Analisar a relação entre a dispensação da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a taxa de detecção do HIV entre homens que fazem sexo com homens. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico realizado com dados das 4 capitais da região Sudeste do Brasil obtidos por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do painel de monitoramento da PrEP do Ministério da Saúde. Para o cálculo do denominador foi utilizado os dados oriundos do IBGE e estimativa de homens que fazem sexo com homens (HSH) da Pesquisa Conhecimentos, Atitudes e Práticas. Foram analisadas as taxas de detectação de HIV e de dispensação de PrEP, no período de 2018 a 2022, entre HSH com faixa etária entre 15 e 49 anos. Resultados: A população de HSH de 15 a 49 anos representa aproximadamente 87% dos usuários em uso de PrEP nas capitais durante o período analisado. No comparativo de 2018 e 2022, observou-se uma queda na taxa de detecção de HIV entre HSH nesta faixa etária, as estimativas encontradas para esta população apresentaram maior queda, quando comparada às estimativas da população geral (PG) na mesma faixa etária em todas as capitais analisadas (Rio de Janeiro: HSH -47,98% vs PG -1,21%; Vitória: HSH -47,44% vs PG +0,23%; Belo Horizonte: HSH -25,44% vs PG -21,54%; São Paulo: HSH -17,91% vs PG -13,94%). Conclusão: Capitais com políticas de dispensação de PrEP implementada apresentaram percentual de queda de taxa de detecção de HIV mais expressiva entre a população coberta por esta medida preventiva.
PERCEPÇÃO E INÍCIO DA PROFILAXIA PRÉ EXPOSIÇÃO AO HIV ENTRE ADOLESCENTES NO BRASIL.
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Seixas, S.R1, Galvão, N.M.S1, Leite, BO2, Gomes, FS2, Amorim, L2, JA Pinto Jr3, Dirceu B. Greco4, Alexandre Grangeiro5, Dourado, I2, Magno, L6
1 UNEB
2 UFBA
3 UFF
4 UFMG
5 USP
6 UFBA/ UNEB
Objetivo: Descrever padrões de percepções sobre o uso da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e sua associação com início do seu uso entre adolescentes homens que fazem sexo com homens (AHSH), travestis e mulheres trans (ATrMT).
Métodos: PrEP15-19 é uma coorte multicêntrica demonstrativa da efetividade da PrEP oral diária entre AHSH e ATrMT de 15 a 19 anos. Essa análise abrangeu dados da linha de base de fevereiro/2019 a fevereiro/2023. A análise de classes latentes (LCA) foi usada para caracterizar padrões de percepção da PrEP. A odds ratio ajustada (aOR) e intervalos com 95% de confiança da associação entre a percepção da PrEP e o início da PrEP (em até 30 dias da inscrição do participante na coorte) foram estimados usando regressão logística .
Resultados: Entre 1.477 adolescentes, 91,0% identificaram-se como HSH e a maioria iniciou a PrEP (81,4%). As prevalências dos indicadores de percepção da PrEP foram: 33,2% consideraram a PrEP como o mesmo medicamento para o tratamento do HIV, 26,0% acreditavam que tinham muitos efeitos colaterais, 24,6% achavam que isso poderia impactar negativamente na sua imagem, 14,0% achavam que era exclusivo para HSH e TrMT. As classes de LCA foram diferenciadas em “percepção positiva da PrEP” (N =1.350; 93,2%) e “percepção negativa da PrEP” (N=98; 6,8%). Adolescentes com percepção positiva da PrEP tiveram maior chance de iniciar a PrEP (aOR: 2,46; 95%IC 1,37–4,41).
Conclusões: A percepção dos adolescentes sobre a PrEP influencia na decisão de iniciar o seu uso. Promover uma comunicação efetiva sobre esta profilaxia é crucial para melhorar a adoção entre os adolescentes
ADAPTAÇÃO DE UMA ESCALA DE AVALIAÇÃO DO ESTIGMA RELACIONADO AO USO DE PREP AO HIV
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Gomes, R. P. S. Q.1, Pinto, F. F. C.1, Andrade, R. T S.2, Abade, E. A. F.2, Souza, C. A. J.1, Nascimento, I. M. R.1, Santos, M. P.1
1 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
2 Universidade Federal da Bahia
Objetivo: descrever a adaptação transcultural para o português do Brasil da escala de avaliação de estigma em usuários de PrEP ao HIV. Por meio de uma revisão sistemática em cinco bases de dados (Medline, Embase, CENTRAL, LILACS), foram selecionados 54 artigos completos, que apresentavam escalas sobre estigma ao uso da PrEP. Ao total, cinco artigos foram selecionados e as escalas neles contidas foram enviadas para tradução por especialista. Rodadas de consenso com epidemiologista, enfermeira e bacharel em saúde foram realizadas para selecionar os domínios do estigma encontrados nas escalas e adaptá-los para a realidade brasileira conforme percepção dos pesquisadores. Posteriormente, a escala construída foi aplicada com 50 usuários de PrEP nos Serviços de Atendimentos Especializados de Salvador-BA. Resultados: a escala possui 49 itens, utilizando respostas do tipo Likert de 4 pontos. Esses itens focam em três dimensões principais do estigma: comunitário , percebido e internalizado , que podem ser utilizados de forma independentes para avaliação de estigma. Observou-se factibilidade na aplicação da escala. Conclusões: ter uma escala brasileira validada do estigma relacionado à PrEP pode fornecer aos pesquisadores um instrumento capaz de avaliar o estigma e sua relação com o conhecimento, a aceitação e a adesão à PrEP.
AUTO-PERCEPÇÃO DE RISCO AO HIV ENTRE ADOLESCENTES NO BRASIL: ACHADOS DA COORTE PREP15-19
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Soares, F.1, Magnos, L.2, Amorim, L.3, Pinto Júnior, J. A.4, Rossi, T. A.2, Grangeiro, A.5, Greco, D.6, Dourado, I.1
1 ISC/UFBA
2 UNEB
3 UFBA
4 UFF
5 USP
6 UFMG
Avaliar os fatores que influenciam a autopercepção do risco de infecção pelo HIV entre adolescentes homens que fazem sexo com homens (AHSH), travestis e mulheres trans (ATrMT).
O estudo PrEP15-19 é uma coorte de demonstração da efetividade do uso da PrEP oral diária entre AHSH/ATrMT com idade entre 15 e 19 anos, em três capitais brasileiras. Nesta análise longitudinal incluímos adolescentes inscritos entre PrEP de fev./2019 e fev./2022. Analisamos até 12 observações de cada participante usando modelo logístico com efeitos aleatórios para estimar odds ratios ajustadas (aOR) e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) dos fatores associados à autopercepção de risco para HIV.
Foram incluídos nesta análise 1.234 participantes. Os adolescentes com ensino médio e superior tiveram maior chance de se perceberem em elevado risco de infecção para o HIV (aOR=3,5; IC95%:1,4–8,4 e aOR=3,3; IC95%1,3–8,4, respectivamente). Praticar sexo anal receptivo sem preservativo com parceiros casuais (aOR=1,8; 1,3–2,6), sexo grupal (aOR=1,8; IC95%:1,3–2,6), sexo transacional (aOR=2,2; IC95%:1,1–4,5) e ter mais de quatro parceiros casuais (aOR de 2,6; IC95%:2,0–3,5) estiveram associados à autopercepção do risco moderado/alto.
Os adolescentes com práticas de elevado risco de infecção pelo HIV tinham consciência dos seus riscos. No entanto, existe um subconjunto de adolescentes que se encontra em contexto de risco de infecção, mas não se consideram vulneráveis ao HIV. O acesso à informação tem papel importante para a consciência destes riscos, e as escolas podem desempenhar um papel crucial na orientação e promoção de medidas preventivas ao HIV.
QUEDA DE NOVOS CASOS DE HIV NA CIDADE DE SÃO PAULO PELO 6° ANO CONSECUTIVO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Oliveira, M. E.1, Pereira, S. S.1, Abbate, M. C.1
1 SMS/SP
A partir dos dados do Boletim Epidemiológico de 2023, desenvolvido pela Coordenadoria de IST/Aids, pelo 6° ano consecutivo, a cidade de São Paulo observa a redução no número de novos casos de HIV notificados. Essa marca histórica representa uma diminuição expressiva de 45% no ano de 2022 (2.066 novos casos) em relação a 2016 (3.761 novos casos).
Destaca-se a redução de 47% nos novos casos entre homens que fazem sexo com homens (HSH), que caiu de 2.211, em 2016, para 1.174, em 2022. Essa população representa cerca de 70% dos casos no sexo masculino. Entre os homens heterossexuais, a redução foi de 29,7% desde 2016. A faixa etária de 15 a 29 anos, tradicionalmente mais afetada, registrou uma queda de 49% entre 2016 e 2022.
A análise dos dados revela o êxito das estratégias de saúde pública em São Paulo na redução dos novos casos de HIV. A notável queda nas infecções, em especial entre as populações mais vulneráveis ao HIV, evidencia a eficácia das políticas implementadas como ampliação do acesso da Profilaxia pré exposição (PrEP) para além das 27 unidades da Rede Municipal Especializada em IST/AIDS por meio de unidade móvel, unidade dentro de uma estação de metrô com horário diferenciado, teleconsulta e o início de tratamento antirretroviral em tempo oportuno, dentre outras ações. No entanto, é importante continuar aprimorando essas estratégias para manter essa tendência e superar os desafios persistentes, visando à eliminação horizontal do HIV na cidade de São Paulo.