Programa - Comunicação Coordenada - CC2.10 - Análise e Impacto da Alimentação: Monitoramento de Dietas, Percepções Ambientais e Tendências Regionais
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
O SCREENER NOVA COMO FERRAMENTA PARA MONITORAMENTO DE DIETAS SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Cacau, L. T.1, Louzada, M. L. C.1
1 Nupens/USP
Objetivo: Avaliar se o screener Nova configura-se como uma ferramenta útil para o monitoramento de dietas saudáveis e sustentáveis. Métodos: Foram utilizados dados de 812 participantes do Estudo NutriNet-Brasil que responderam, no mesmo dia, ao screener Nova e a um recordatório alimentar de 24 horas adaptado (Nova-24h). O screener Nova gera dois escores de qualidade da dieta obtidos através da soma simples do número de alimentos vegetais minimamente processados (0-33, Nova-WPF) e de alimentos ultraprocessados (0-23, Nova-UPF) consumidos no dia anterior. Os escores foram categorizados em: Nova-WPF 0-4, 5-6, 7, 8-9 e 10+, enquanto o Nova-UPF foi categorizado como 0, 1, 2, 3, e 4+. A saudabilidade da dieta foi avaliada por um indicador que representa o número de nutrientes críticos com consumo inadequado (0-6 pontos, segundo pontos de corte da OMS. A adesão a uma dieta sustentável foi avaliada usando o Índice de Dieta da Saúde Planetária (PHDI), que varia de 0 a 150 pontos. Resultados: Os participantes com 10+ no Nova-WPF tiveram, em média, 16,5 pontos a mais no PHDI e uma diminuição de 1,12 pontos no indicador de inadequação de nutrientes críticos. Aqueles com 4+ no Nova-UPF mostraram, em média, uma diminuição de 5,07 pontos no PHDI e um aumento de 0,72 no indicador de inadequação de nutrientes críticos. Conclusões: O screener Nova e os escores gerados a partir dele estão associadas a indicadores de dietas saudáveis e sustentáveis, sugerindo seu potencial para o monitoramento de dietas saudáveis e sustentáveis.
PERCEPÇÃO DOS RESIDENTES DE FAVELAS BRASILEIRAS SOBRE O AMBIENTE ALIMENTAR
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Rocha, L. L.1, Friche, A. A. L.1, Jardim, M. Z.1, Junior, P. C. P. C.2, Oliveira, E. P.1, Cardoso, L. O.3, Mendes, L. L.1
1 UFMG
2 UFRJ
3 Fiocruz
É importante compreender como as pessoas percebem o seu ambiente alimentar para entender como essa disponibilidade afeta o seu consumo alimentar em contextos distintos, principalmente em regiões de alta vulnerabilidade, como as favelas. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a percepção dos moradores de favelas brasileiras sobre o acesso aos alimentos em suas vizinhanças. Estudo qualitativo, em que foram realizados grupos focais online guiados por um roteiro para reunir discursos coletivos sobre o acesso aos alimentos em favelas brasileiras. O convite ocorreu por meio das redes sociais e do contato com líderes comunitários e organizações não governamentais que atuam em favelas, por meio da técnica de amostragem “bola de neve”. Para a análise, foi utilizada a abordagem grounded theory (teoria fundamentada) e, como técnica, foi empregada a análise de redes temáticas. O acesso aos alimentos por moradores de favelas é permeado pela falta de informação sobre alimentação, renda insuficiente e baixa disponibilidade de estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis a preços acessíveis. Contudo, são necessários programas e políticas públicas que incentivem a ampliação de equipamentos de segurança alimentar e nutricional, como hortas e feiras, e que aumentem a oferta de alimentos saudáveis com valores baixos nas favelas, associado a demais políticas que abordem a complexidade das barreiras enfrentadas por moradores de favelas para ter acesso aos alimentos saudáveis.
DIETA MÍNIMA ACEITÁVEL EM CRIANÇAS ENTRE 6-23 MESES: RESULTADOS DO ENANI-2019
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Mello, JVC1, Schincaglia, RM2, Oliveira, N1, Carneiro, LBV1, Normando, P1, Alves-Santos, NH3, Crispim, S P4, Farias, D R1, Lacerda, E M A1, Castro, I R R5, Kac, G1
1 UFRJ
2 UFG
3 UNIFESSPA
4 UFPR
5 UERJ
Objetivo: Estimar a prevalência do indicador dieta mínima aceitável (DMA) em crianças brasileiras entre 6-23 meses, segundo status de amamentação.
Métodos: Foram utilizados dados de crianças brasileiras com idade entre 6-23 meses participantes do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil-2019 (ENANI-2019), inquérito nacional de base domiciliar, realizado em 123 municípios. Foram calculados indicadores dietéticos utilizando informações do recordatório alimentar de 24h. A DMA foi avaliada pela combinação da presença da diversidade alimentar mínima (DAM) com a frequência mínima de refeições (FMR) para crianças amamentadas. Para as não amamentadas a DMA também considerou a frequência mínima de alimentação com leite (FMAL). Foram estimadas as prevalências e os intervalos de confiança 95% (IC95%), segundo o status de amamentação (sim/não). A ausência de sobreposição dos IC95% indicou diferença estatisticamente significativa.
Resultados: A prevalência de DAM foi 54,0% (IC95%: 50,5;57,5) para o conjunto de crianças entre 6-23 meses, 63,9% (IC95%: 60,1;67,7) entre as amamentadas e 44,6% (IC95%: 39,0;50,3) entre as não amamentadas. A prevalência de FMR foi de 66,6% (IC95%: 63,9;69,4) para o conjunto de crianças entre 6-23 meses, 57,0% (IC95%: 52,6;61,4) entre amamentadas e 77,0% (IC95%:72,8;81,2) entre as não amamentadas. A prevalência de FMAL foi de 31,9% (IC95%: 28,7;35,1). A prevalência de DMA foi de 31,5% (IC95%: 28,5;34,5) para o total, 38,1% (IC95%: 33,2;43,0) para as amamentadas e 25,2% (IC95%:21,1;29,2) para as não amamentadas.
Conclusões: Apenas 31,5% das crianças brasileiras entre 6-23 meses consumiram uma dieta mínima aceitável. A prevalência de DMA foi maior para crianças amamentadas quando comparadas às não amamentadas.
COMPARAÇÃO REGIONAL DA PARTICIPAÇÃO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NAS REFEIÇÕES E LANCHES
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Santos, C. D. S. P.1, Canella, D. S.2, Baltar, V.T1
1 UFF
2 UERJ
Objetivo: Comparar a participação de alimentos ultraprocessados (AUP) no consumo médio do café da manhã, almoço, jantar e outras ocasiões, considerando as macrorregiões e áreas urbana e rural, no Brasil.
Métodos: Foram selecionados 28.901 indivíduos entre 19 e 59 anos, excluindo-se gestantes e lactantes. Itens alimentares de dois recordatórios de 24h (R24h) do Inquérito Nacional de Alimentação da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018 foram classificados de acordo com a NOVA. Estimou-se para cada indivíduo a média de dois R24h do consumo em kcal proveniente de AUP e do total em cada refeição, e então calculou-se a participação de AUP. Foram calculados médias e intervalos de 95% de confiança para cada contribuição, estratificando-se por região e área de residência. Todas as análises estatísticas foram realizadas no pacote estatístico R versão 4.3.2, utilizando a biblioteca survey.
Resultados: Observou-se, no Brasil, que a maior contribuição de AUP ocorreu no café da manhã (32,7% [IC95%: 32; 33,5]). Isso se manteve em áreas rurais e urbanas, entretanto observou-se que os níveis eram mais elevados em áreas urbanas. O sudeste se destacou com a maior média de consumo de ultraprocessados nessa refeição (34,10%[32,7; 35,5]), já o centro-oeste, a menor (27,6% [255,9; 29,3]).
Conclusão: O café da manhã é a principal refeição em que os adultos brasileiros ingerem AUP, em todas as regiões do país e principalmente na área urbana.
IMPACTO EPIDEMIOLÓGICO, ECONÔMICO E AMBIENTAL DE MODIFICAÇÕES NA ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Verly Junior, E.1
1 UERJ
Objetivos: Estimar os impactos epidemiológico, econômico e ambientais de intervenções moderadas na dieta dos brasileiros. Metodologia: Preço e consumo dos alimentos foram obtidos da Pesquisa de Orçamentos Familiares e Inquérito Nacional de Alimentação (2017-2018) e Pesquisa Nacional de Saúde (2019). O consumo foi estimado para 33859 adultos. Consumo contrafactual foi baseado em cenários com mudanças na frequência e tamanho das porções nos menores e maiores consumidores de frutas e hortaliças, leite, cereais integrais, carnes vermelha e processada e bebidas adoçadas. Foi calculado o número de dias de vida perdido ajustado por incapacidade (DALY), o custo das dietas e os impactos na saúde mediados pelo ambiente (9 indicadores), in DALY, construídos a partir do modelo ImpactWorld+, para cada um dos cenários. Resultados : A intervenção de maior custo foi com frutas e hortaliças (+8% em relação ao custo observado) e com impacto de -414 DALY/10000; a de menor custo foi redução de carnes (-10%) com impacto de -644 DALY/10000. Todas as intervenções combinadas tiveram impacto de -1384 DALY/1000 (4% dos DALY por todas as causas, 15% por doenças cardiovasculares, 4% por câncer e 17% por diabetes), não levando aumento no custo da alimentação para 70% da população (65% e 82% para menor e maior renda). As intervenções incluindo redução de carnes tiveram as maiores reduções nos DALY (6 DALY/10000/ano), as demais não apresentaram impacto importante. Conclusões: Intervenções moderadas são potencialmente economicamente viáveis para a maioria da população e teria impactos positivos na saúde e ambiente.