Programa - Comunicação Coordenada - CC2.11 - Morbimortalidade por Doenças Crônicas Não Transmissiveis
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
EXPECTATIVA DE VIDA LIVRE DE DIABETES, CÂNCER, HIPERTENSÃO E COLESTEROL ALTO ENTRE ADULTOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Belon, AP1, Lima, MG2, Barros, MBA2
1 School of Public Health, University of Alberta, Canada
2 UNICAMP
Objetivo: Estimar a expectativa de vida livre de diabetes, câncer, hipertensão e colesterol alto em adultos com 20 anos de idade ou mais.
Métodos: A expectativa de vida e a expectativa de vida saudável por idade exata foram calculadas através dos métodos Chiang e Sullivan, respectivamente. Os dados de prevalência das doenças selecionadas foram obtidos do Inquérito de Saúde de Campinas (ISACamp), de 2014/2015. Os dados de mortalidade são originários do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Datasus.
Resultados: A expectativa de vida aos 20 anos de idade em 2015 era de 57,2 anos para ambos os sexos. Essa estimativa era de 60,3 e 54,1 anos para o sexo feminino e masculino, respectivamente. Em ambos os sexos, nessa idade, as expectativas de vida livre de diabetes (50,1) e câncer (54,7) foram mais altas que as de hipertensão (39,7) e colesterol alto (45,1). Calculando a medida relativa, 30,7% e 21,2% da expectativa de vida aos 20 anos serão vividos com hipertensão e colesterol alto. Para diabetes e câncer, essa porcentagem é de 12,5% e 4,5% respectivamente. Com o avanço da idade, a porcentagem de anos não saudáveis a serem vividos com essas doenças aumenta. Dados por sexo mostram o sexo feminino com mais anos de vida saudáveis que masculino.
Conclusões: Diabetes, câncer, hipertensão e colesterol alto impactam negativamente a expectativa de vida, diminuindo os anos vividos de maneira saudável.
Estratégias para prevenir essas doenças podem aumentar os anos de vida saudáveis e assegurar um envelhecimento saudável da população.
TENDÊNCIA CRESCENTE DA TAXA DE MORTALIDADE POR LÚPUS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE 23 ANOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pereira, M.B.1, Melo, D.O.1, Nonato, I.N.F.1, Fattori, N.L.1, Gomes, K.K.1, Borges, S.S.1, Zara, A.L.S.A.1
1 NATS UNIFESP Diadema - NUD
Objetivos: Analisar se a tendência da taxa de mortalidade (TM) por lúpus está aumentando no Brasil. Métodos: Estudo ecológico de série temporal dos óbitos por lúpus, de 2000-2022, registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade. A TM por lúpus foi estimada dividindo-se o número de óbitos pela população sob risco, vezes 100.000, ajustada pela idade e estratificada por sexo, faixa etária e Grandes Regiões. As tendências das TM foram analisadas pelo método de Regressão de Prais-Winsten (p<0,05) e estimada a Taxa Incremental Média Anual (TIMA%). Resultados: No Brasil, 20.342 óbitos por lúpus foram notificados, de 2000-2022. A TM variou de 0,39/100.000 (2000) a 0,48/100.000 (2022), com tendência crescente (TIMA=1,18%;p=0,015). O óbito por lúpus foi mais frequente no sexo feminino (89,2%), com tendência estacionária (p=0,063). Já a TM entre homens aumenta, em média, 3,0% ao ano (p<0,001). As faixas etárias de 20-39, 40-59 e ≥60 anos apresentam tendência crescente (p<0,01), com TIMA de 0,76%, 1,40% e 3,62% respectivamente. Nas Regiões Norte (TIMA=2,20%;p<0,001); Nordeste (TIMA=2,38%;p<0,001); e Centro-Oeste (TIMA=1,32%;p=0,024) a tendência é crescente. Conclusões: A TM por lúpus crescente pode estar refletindo uma melhora na qualidade da classificação e notificação dos óbitos. Embora a população feminina seja a mais afetada, a tendência crescente e acelerada da TM no sexo masculino é preocupante.
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E ABSENTEÍSMO NO TRABALHO: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Fernandes, B.S.A.1, Cunha, L.S.L.2, Bosco, L.C.1, Spezani, M. M. T.2, Quintanilha, B. P. T. S1, Viviani, G.H.1, Souza, A. S. S.1
1 Universidade Estácio de Sá
2 Universidade Estacio de Sá
Objetivos: Avaliar a associação entre carga de morbidade, multimorbidade e o absenteísmo no Brasil em 2019. Métodos: Trata-se de um estudo transversal que utiliza dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Fizeram parte do estudo maiores de 18 anos em condição de ocupação na semana de referência totalizando 94.114 indivíduos. Foi considerado como desfecho o absenteísmo autorrelatado por meio do questionamento: “Na semana de referência, tinha algum trabalho remunerado ou não do qual estava temporariamente afastado”. Carga de morbidade foi avaliada pela contagem simples de morbidades autorrelatadas dentre 14 doenças, tendo cada uma peso um. Multimorbidade foi definida como presença de duas ou mais morbidades. Foram utilizados modelos de Poisson com uso de pesos amostrais (svy) para estimar razões de prevalência e seus IC95% entre o desfecho e as variáveis de exposição, por meio do programa Stata. Resultados: Na população geral, ter multimorbidade aumentou em 38% (IC95% 1,04-1,82) o relato de absenteísmo. Além disso, houve relação diretamente proporcional da carga de morbidade e relato de absenteísmo, pessoas com duas morbidades relataram 1,6 (IC95% 1,02-2,24) vezes mais e aqueles com seis relataram 2,23 (IC95% 1,49-3,35) vezes mais absenteísmo do que pessoas sem morbidades. Quando estratificado por sexo, ter multimorbidade, não apresentou relação estatisticamente significativa para o relato de absenteísmo em homens e entre as mulheres, aumentou em 73% (IC95% 1,01-2,96). Conclusão: A carga de morbidade e a multimorbidade apresentaram associação positiva com o absenteísmo do trabalho no Brasil, sendo mais importante entre as mulheres.
INJÚRIA RENAL AGUDA A PARTIR DO ADOECIMENTO POR COVID-19 NO MAIOR HOSPITAL BRASILEIRO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Martins, L.G.A.1, Andrade, L.1, da Roza, D.L.1
1 USP
Objetivos: Descrever as características dos pacientes internados por COVID-19 durante a primeira onda da infecção pelo vírus SARS-CoV-2. Métodos: Trata-se de uma coorte de pacientes admitidos no período de 17/03/2020 a 31/08/2020 em um hospital universitário quaternário. A infecção por COVID-19 foi detectada por meio do exame RT-PCR de aspirados nasofaríngeos de esfregaços nasais de garganta ou aspirado brônquico. A análise da injúria renal aguda deu a partir do algoritmo KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes) com medidas de creatinina séricas coletadas até 72h da admissão hospitalar e durante todos os dias após a admissão. Resultados: Foram admitidos 3779 pacientes e após os critérios de exclusão (pacientes com teste RT-PCR negativo ou sem o exame, gestantes, pacientes com doença renal crônica prévia e transplantados renais), restou 1775 pacientes na análise dos dados. O tempo médio de internação foi de 15 dias, a idade média dos pacientes na admissão foi de 59 anos e 56% eram homens. Trinta e cinco por cento dos pacientes desenvolveu a injúria renal aguda (IRA) durante a internação e a mortalidade ocorreu em 24% dos pacientes, sendo a idade mediana dos óbitos de 69 anos. As comorbidades mais prevalentes foram: hipertensão arterial sistêmica (60%), diabetes melittus (40%), doenças cardiovasculares (17%) e obesidade (13%). Conclusões: Creatinina sérica, ureia, proteína C-reativa, Dímero D e o algoritmo Simplified Acute Physiology Score - SAPS 3 foram biomarcadores significativos e estavam aumentados nos pacientes que desenvolveram IRA e principalmente nos que faleceram.
MUDANÇA DE FENÓTIPOS METABÓLICOS DE PESO: ELSA-BRASIL ENTRE OS ANOS 2008 E 2018
Comunicação coordenada (apresentação oral)
MELO, F. C. T.1, ARAUJO, M. C1
1 Escola Nacional de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz
Objetivo: Observar a mudança de fenótipos metabólicos de peso em adultos e idosos participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) entre os anos 2008 e 2018. Métodos: Foram analisados dados de 11.586 indivíduos com registros da primeira e terceira avaliação de seguimento do ELSA-Brasil. Os fenótipos metabólicos de peso foram avaliados com base na observação conjunta do Índice de Massa Corporal e status de saúde metabólica derivado a partir da observação do perfil glicêmico, lipídico, pressão arterial e resistência insulínica dos indivíduos. Foram geradas 8 categorias de fenótipos que variaram de “magreza metabolicamente saudável” até “obesidade metabolicamente não saudável”. No presente estudo, não foram consideradas mudanças entre categorias de IMC, apenas de saúde metabólica. Todas as análises foram realizadas no software R. Resultados: Na linha de base do estudo, 63,8% dos indivíduos se caracterizavam como não saudáveis metabolicamente, dos quais 0,5% se apresentavam com magreza, 26,5% eutrofia, 44,4% sobrepeso e 28,6% obesidade. Ao final do acompanhamento, 73,6% dos indivíduos apresentaram fenótipos metabolicamente não saudáveis. Entre os indivíduos caracterizados inicialmente como metabolicamente saudáveis, 42,7% perderam seu status de saúde ao longo do tempo, na medida em que apenas 8,5% dos não saudáveis evoluíram em direção à saúde metabólica. Conclusões: Em um período médio de 8 anos de acompanhamento foram observadas mudanças de status de saúde metabólica, com maior frequência em direção a perda da saúde metabólica. Ressalta-se a importância da observação conjunta do peso e saúde metabólica como melhor mecanismo de identificação de riscos cardiometabólicos nos indivíduos.