Programa - Comunicação Coordenada - CC2.12 - População Migrante
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
ADEQUAÇÃO PRÉ-NATAL DE MIGRANTES VENEZUELANAS EM BOA VISTA E MANAUS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Araujo, J.1, Carvalho, T.2, Leal, M.2, Faerstein , E.1
1 IMS/UERJ
2 ENSP/FIOCRUZ
Objetivo: Descrever e comparar a adequação da assistência pré-natal (PN) recebida por migrantes venezuelanas residentes em Boa Vista (BV) e Manaus.
Método: Trata-se de um estudo transversal com a utilização do método Respondent-Driven Sampling. A população foi composta por mulheres venezuelanas residentes em Boa Vista e Manaus há no máximo três anos com idade entre 15 e 49 anos que estavam grávidas ou tiveram filho no Brasil nos últimos 12 meses (N=311 mulheres). Considerou-se como assistência pré-natal adequada: início do pré-natal até a 12ª semana gestacional ou 3° mês; número adequado de consultas para idade gestacional com mínimo de seis consultas; orientação sobre a maternidade de referência; -realização pelo menos um exame laboratorial e uma ultrassonografia (USG). Foram calculadas as prevalências e as variáveis foram comparadas teste qui-quadrado, considerando-se um intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5%.
Resultados: Manaus apresentou maior número de mulheres com PN adequado (41,2% Vs 24,5%), início mais precoce, número de consultas adequado e realização de USG. O tempo de residência no Brasil, o recebimento de benefícios do governo e possuir um trabalho remunerado foram associados positivamente ao PN adequado.
Conclusão: O tempo de adaptação no país de acolhimento e possuir uma fonte de renda estão associados a realização do pré-natal de forma adequada. Faz-se necessário que haja maior acolhimento e acompanhamento das gestantes migrantes, assim como aumento da inclusão destas mulheres em programas de transferência de renda, oferta de emprego e garantia de serviços de saúde que ofereçam cuidado contínuo e coordenado.
EXCESSO DE ÓBITOS MATERNOS ENTRE MULHERES IMIGRANTES, DURANTE A PANDEMIA, NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silva, Z.P.1, Silveira, R.C.1, Alencar, G. P.1, Almeida, M. F.1
1 FSP/USP
Objetivos: Analisar o efeito da pandemia de COVID-19 na mortalidade materna entre imigrantes, no Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo de base populacional, com microdados de óbitos maternos, ocorridos entre 2014 e 2021, do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram analisadas a frequência de óbitos e a proporção das causas básicas de morte. Foi calculada a razão entre o número médio de óbitos nos períodos: pré-pandemia (2014-2019) e durante a pandemia (2020-2021), para cada nacionalidade. Resultados: Dos 14.205 óbitos estudados, 136 eram de mulheres imigrantes e 14.069 de brasileiras. Foi observado excesso de mortalidade, comparando o número de óbitos nos dois períodos, verificando-se um excesso especialmente para venezuelanas e haitianas que apresentaram razão de óbitos de 7,46 (IC95% 2,40; 17,42) e 3,67 (2,11; 5,91), enquanto que para as brasileiras, o excesso foi de 1,53 (1,47; 1,59). Antes da pandemia, predominavam as causas obstétricas diretas, com mais de 60% dos óbitos. Durante a pandemia, ganharam importância as causas obstétricas indiretas, sendo a principal “outras doenças virais complicando a gravidez, o parto e o puerpério (CID-10 O98.5)”, com 33,93% para as imigrantes e 39,44% para as nativas. Nesse agrupamento de causas, houve menção em uma das linhas da declaração de óbito, dos códigos relacionados à infecção por COVID-19 (B34.2, B97.2 e U07.1), para imigrantes (94,7%) e brasileiras (97,8%). Conclusões: Evidenciou-se excesso de óbitos maternos durante a pandemia, com maior intensidade para venezuelanas e haitianas, quando comparado com brasileiras, sugerindo maior dificuldade de acesso rápido aos serviços de saúde para as imigrantes.
MORTALIDADE POR COVID-19 DE MIGRANTES INTERNACIONAIS NO BRASIL ENTRE 2020 E 2022
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Cavalcante, J.R.1, Trajman, A.2, Faerstein, E.1
1 IMS/UERJ
2 UFRJ
Objetivo: Analisar o perfil de óbitos e a distribuição espaço-temporal da mortalidade por COVID-19 em migrantes internacionais residentes no Brasil no período 2020-2022. Métodos: Trata-se de estudo ecológico de dados secundários. Foram analisados o perfil sociodemográfico dos óbitos registrados por COVID-19, assim como frequências absolutas e relativas e coeficientes de mortalidade segundo país de nascimento, macrorregiões e unidades federadas de residência. Foi calculado o excesso de risco e autocorrelação espacial global e local. Resultados: O coeficiente de mortalidade de COVID-19 em migrantes internacionais residentes no Brasil foi de 515/100.000, com coeficientes de mortalidade mais altos nas macrorregiões Sudeste e Centro-Oeste. Foi identificado excesso de risco do coeficiente de mortalidade por COVID-19 até duas vezes maior do que a média nacional para migrantes internacionais residentes nos Estados do Acre e do Goiás no ano de 2021. A maior frequência de óbitos foi observada em 2021, em homens, na faixa etária ≥81 anos, de raça/cor branca, casados, nascidos em Portugal, Japão ou Itália. Conclusões: Essa foi a primeira vez que os coeficientes de mortalidade de migrantes internacionais foram calculados no Brasil. O elevado coeficiente de mortalidade indica necessidade de intervenções de políticas públicas direcionadas, especialmente em regiões com alta concentração de migrantes internacionais. A invisibilidade dos migrantes internacionais nas estatísticas nacionais de saúde durante a pandemia de COVID-19 reflete uma lacuna relevante na inclusão de variáveis que identifiquem esses grupos nos Sistemas de Informações em Saúde, principalmente durante emergências em saúde pública.
ANÁLISE DAS VIOLÊNCIAS ENFRENTADAS POR IMIGRANTES E REFUGIADOS NA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Martins, T. L. S1, CARDOSO, N. L.1, SILVA, G. R. C.1, SILVA, C. A.1, CAMPOS, L. R.1, SILVA, B. V. D.1, PACHECO, L. R.1, CARNEIRO, M. A. S.1, STACCIARINI, J. M.2, TELES, S. A.1, CAETANO, K. A. A.1
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
2 UNIVERSITY OF FLORIDA
Objetivo: Identificar os tipos de violência enfrentadas por imigrantes estrangeiros e refugiados residentes na região central do Brasil. Metodologia: trata-se de um estudo transversal. A coleta de dados ocorreu de julho de 2019 a janeiro de 2020, no Estado de Goiás e 291 imigrantes estrangeiros e refugiados foram entrevistados em ambientes privativos utilizando um roteiro estruturado. Prevalências foram calculadas com intervalo de 95% de confiança. Resultados: Quando questionados sobre a ocorrência de violência desde sua chegada ao Brasil, 0,7% relataram ter sofrido violência sexual, 2,1% violência física, 12,4% violência psicológica, 0,3% negligência e 0,7% violência patrimonial. A maioria dos imigrantes e refugiados era do sexo masculino (56,7%), com idade superior a 26 anos (79,2%), menos de 12 anos de estudo (58,8%), casados ou em união estável (56,4%) e seguia alguma religião (94,2%). Predominaram imigrantes estrangeiros e refugiados procedentes do Haiti (58,4%), seguido da Venezuela (28,3) tendo chegado ao Brasil há menos de um ano (54,3%). Conclusão: Os resultados deste estudo revelam uma preocupante incidência de diversos tipos de violência enfrentados por imigrantes estrangeiros e refugiados na região central do Brasil. Embora a legislação brasileira recente tenha sido direcionada à proteção dos direitos dos migrantes, é evidente a necessidade de implementar políticas públicas de saúde específicas para oferecer conhecimento e assistência adequados a esse grupo vulnerável. Essas medidas devem ser acompanhadas por esforços para promover a integração socioeconômica e cultural desses indivíduos na sociedade brasileira, visando garantir seu bem-estar e dignidade.
MORTALIDADE MATERNA DE MULHERES MIGRANTES INTERNOS E INTERNACIONAIS NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pescarini, J.M.1, Flores-Quispe, M.P.2, Alves, F.J.2, Paixao, E.S.1, Barreto, M.L.2
1 Faculty of Epidemiology and Population Health, London School of Hygiene & Tropical Medicine, London, UK.
2 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), Instituto Gonçalo Moniz (IGM), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-BA), Salvador, Bahia (BA), Brasil.
Objetivo: Investigar o risco de mortalidade materna entre migrantes internas e internacionais no Brasil.
Métodos: Foi utilizada a Coorte de Nascimentos do CIDACS, contendo individuos aplicando para o Cadastro Unico para Programas Sociais vinculados ao Sistema de Informacoes sobre Nascidos Vivos (SINASC) e ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) entre 1 de janeiro de 2011 e 31 dezembro de 2018. Investigamos os obitos maternos entre mulheres de 10 a 49 anos registradas na Coorte usando a regressão logística ajustada por idade e escolaridade da mãe, sendo calculada Razao de Odds (OR) de mortalidade materna entre migrantes internacionais (quem nasceu em outro país) e internas (brasileiras morando em um estado diferente de onde nasceram) em comparação às brasileiras não migrantes.
Resultados: Incluimos 10.652.869 nascidos vivos, sendo 10.177 (0,1%) nascidos de mulheres migrantes internacionais (óbitos=19), 1.489.828 (13,9%) de migrantes internas (óbitos=850) e 9.152.864 (85,9%) de não-migrantes (óbitos=5,586). Migrantes internacionais eram mais velhas (media=28,8anos (sd=6,7)) e com maior escolaridade (48,8% com ensino médio ou superior (EMS)) comparada à migrantes internas (26,2anos (sd=6,5); 20,0% EMS) ou à não-migrantes (24,5anos (sd=6,3); 14,8% EMS). Apos ajuste para idade, migrantes internacionais tiveram mais de duas vezes a chance de óbito comparado com brasileiras não migrantes (OR=2,49, IC95%: 1,59-3,91). Entre migrantes internas, após ajuste por idade e escolaridade da mãe, a mortalidade foi menor comparada com brasileiras não migrantes (OR=0,88, IC95%: 0,81-0,94).
Conclusões: As mulheres migrantes internacionais apresentaram maior chance para óbito materno. Nas migrantes internas, a condição de migração não está associada ao maior risco.