Programa - Comunicação Coordenada - CC2.13 - Desempenho e Qualidade dos Serviços de Saúde: Indicadores de Mortalidade, Cuidados com Idosos e Impactos da Pandemia
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
09:40 - 11:00
RAZÃO DE MORTALIDADE HOSPITALAR PADRONIZADA APLICADA COMO INDICADOR DE DESEMPENHO NO SUS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Schilling,M.P.R.1, Portela, M.C.1, Martins, M.1
1 ENSP/FIOCRUZ
Objetivo: explorar o uso da razão de mortalidade hospitalar padronizada (RMHP) como ferramenta de comparação do desempenho dos hospitais remunerados pelo SUS. Método: estudo transversal, baseado em dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares dos anos de 2017 a 2019. A abordagem metodológica para estimar a RMHP, quociente entre os óbitos observados e preditos, foi adaptada aos dados disponíveis e mensurada para as causas de internação (diagnóstico principal) responsáveis por 80% dos óbitos. Inicialmente, aplicou-se um modelo de regressão logística cujas variáveis preditoras do óbito foram sexo, idade, diagnóstico principal, índice de Charlson e caráter da internação (eletiva/emergência). Em seguida, foram agregados por hospital o total de mortes observadas e o total de mortes preditas pelo modelo, estimando a RMHP. Gráfico de funil com limites de três desvios-padrão e sobredispersão foi utilizado para classificar o desempenho hospitalar. Resultados: dos 3.449 hospitais avaliados, 249 apresentaram pior desempenho (RMHP acima do esperado), com 216.343 mortes, mortalidade bruta de 25,6%, enquanto a esperada era de 12,9%. A RMHP nesses hospitais variou de 1,54 a 6,77. Já os 996 hospitais com melhor desempenho (RMHP abaixo do esperado) registraram 24.295 mortes, mortalidade bruta de 2,7% e esperada de 11,8%. Nesses hospitais, a RMHP variou de 0,01 a 0,45. Conclusão: Há reconhecidos limites nos dados administrativos disponíveis e necessidade de refinamento metodológico para ampliar sua utilização, contudo, a RMHP mostrou-se uma ferramenta aplicável em âmbito nacional e potencialmente útil para avaliação do desempenho hospitalar no SUS.
ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO CUIDADO DA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA: ANÁLISE FATORIAL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
de Melo Moreira, WE.1, Silva, S. L. A.1, Giarola, L. T. P.2, Gonçalves, L.1, Leite, I. C. G.1
1 Universidade Federal de Juiz de Fora
2 Universidade Federal de São João del Rei
Objetivo: é avaliar a participação de cada atributo da Atenção Primária à Saúde (APS) no cuidado ofertado à pessoa idosa neste nível de atenção.
Métodos: Estudo transversal, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde. A caracterização da amostra foi baseada em dados sociodemográficos e clínicos. As perguntas que abordam aspectos relacionados às ações de cuidado no âmbito da APS foram relacionadas aos atributos da APS: acesso de primeiro contato, longitudinalidade, coordenação do cuidado e integralidade. Os dados foram explorados por Análise Fatorial.
Resultados: Amostra de 28.637 pessoas idosas. Em relação às ações realizadas na APS, 80% vão ao mesmo médico antes de irem a outro (atenção no primeiro contato), 77,7% afirmam que o mesmo médico atende todas as vezes (longitudinalidade), 78,8% dizem que o médico faz encaminhamentos (coordenação do cuidado), 67% recebem orientações em boas práticas em saúde (integralidade). A Análise Fatorial identificou que os atributos mais relevantes compõem três fatores: Fator 1 (integralidade), Fator 2 (acesso de primeiro contato/longitudinalidade), Fator 3 (medicamentos, que se destacou em separado dentro da integralidade). A coordenação do cuidado apresentou baixo percentual de explicação e não integrou nenhum fator.
Conclusões: Observa-se que o cuidado na APS é relacionado aos atributos integralidade, longitudinalidade e acesso de primeiro contato, sendo o uso de medicamentos separado em um fator, indicando ser uma abordagem isolada, provavelmente por um único profissional. A coordenação do cuidado apresentou baixo poder explicativo na análise, indicando que não está sendo associada ao processo de cuidado da pessoa idosa na APS.
PANDEMIA DE COVID-19 E SUA INFLUÊNCIA NAS INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À APS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
SANTOS, M.S.1, JUNIOR, E.P.P2, LUZ, L.A2, LIMA, A.M1
1 Instituto de Saúde Coletiva - ISC/UFBA
2 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde - CIDACS
Objetivo: Avaliar a influência da pandemia de COVID-19 nas Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) em Salvador-BA.
Métodos: Estudo ecológico, de série temporal, com dados públicos de hospitalizações disponíveis no Sistema de Informação Hospitalar (SIH-SUS). Foram analisadas todas as internações ocorridas de 01 de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2022 e calculadas as proporções de ICSAP em relação ao total de hospitalizações, bem como a proporção de ICSAP que demandaram leitos de Unidades de Terapia Intensiva. Para avaliar a influência da pandemia de COVID-19, considerando as medidas de restrição de mobilidade e reorganização de serviços de saúde, foi realizada a análise de séries temporais interrompidas (ITS). As análises foram realizadas no Stata, versão 15.0.
Resultados: No período do estudo foram incluídas 854.525 hospitalizações, das quais 12,81% eram consideradas ICSAP. De Janeiro/2017 à Fevereiro/2020, houve estabilidade na proporção de ICSAP (Coef:0,02; IC95%:-0,01;0,05), seguido por uma tendência de queda nesse indicador (Coef:-0,29; IC95%:-0,45;-0,14) nos 16 meses seguintes, e tendência de aumento no período final da série histórica. Ao analisarmos a proporção de ICSAP que demandou leitos de UTI, foi observada estabilidade de Janeiro/2017 até Fevereiro/2020 (Coef:0,02; IC95%:-0,02;0,03), seguido por uma tendência de aumento (Coef:0,42; IC95%:0,18;0,66) até Dezembro de 2021. No ano de 2022, esse indicador apresentou tendência de queda, mais ainda apresentava valores mais elevados do que no período pré-pandemia.
Conclusão: Apesar da redução na proporção das ICSAP, a pandemia e as estratégias para seu controle podem ter aumentado a gravidade dessas internações.
MUDANÇA NA QUALIDADE DO PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pinto Junior, E.P.1, Flores-Quispe, M. P.1, Almeida, J. R.1, Martufi, V.1, Luz, L.A.1, Anjos, E. F.2, Passos, M.P.B.V.D.1, Ortelan, N.1, Botega, L.1, Pereira, A.3, Peixoto, G.1, Vieira-Meyer, A. P. G. F.4, Ichihara, M.Y.1, Amorim, L.D.F.5, Aquino, R.6, Barreto, M. L.1
1 CIDACS-Fiocruz/BA
2 CIDACS-Fiocruz/BA; ENSP-Fiocruz
3 CIDACS-Fiocruz/BA; UFPR
4 Fiocruz/CE
5 IME/UFBA
6 ISC/UFBA
Objetivos: caracterizar e avaliar as mudanças na qualidade das ações relacionadas ao planejamento e organização dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil.
Métodos: Estudo com 8.776 equipes de Saúde Família avaliadas nos três ciclos (T0:2011-2012; T1:2013-2014; T2:2017-2018) do Programa para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). A partir de abordagem normativa e harmonização de variáveis dos três ciclos, foram construídos os seguintes indicadores para medir a qualidade do planejamento e organização da APS: suporte e supervisão do processo de trabalho, educação permanente, planificação e monitoramento, territorialização e orientação familiar/comunitária, acolhimento à demanda espontânea, regulação para atenção especializada e funcionamento em horário ampliado. Empregou-se a Análise de Transição Latente (LTA) para estimar as probabilidades condicionais da qualidade do planejamento e organização da APS. Adicionalmente estimou-se as probabilidades de transição e as prevalências dos estados entre os ciclos do PMAQ-AB, utilizando o MPLUS (v. 8.6).
Resultados: A LTA identificou dois estados latentes (entropia= 0,735): alta e baixa adequação. O estado de alta adequação apresentou maiores probabilidades condicionais de adequação em todos os indicadores, sendo as maiores diferenças observadas nos de educação permanente e territorialização e orientação comunitária. A prevalência do estado de alta adequação aumentou de 24,3% para 90,8% entre os ciclos T0 e T2. As probabilidades de transição de baixa para alta adequação foram, respectivamente, de 61,1% e 77,2% entre os ciclos T0-T1 e T1-T2.
Conclusões: Este estudo identificou a melhoria da qualidade das ações de planejamento e organização da APS no Brasil.
USO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE POR HOMENS IDOSOS NO BRASIL: ASPECTOS INDIVIDUAIS E CONTEXTUAIS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Moreira, R. S.1, Bibiano, A. M. B.2
1 Fiocruz e UFPE
2 Fiocruz
Objetivo: Analisar os fatores individuais e contextuais associados à utilização dos serviços de saúde por homens idosos brasileiros. Método: Estudo seccional analítico, com banco de dados da Pesquisa Nacional de Saúde-2019. Foram incluídos 19203 homens idosos. A variável dependente foi composta por questões referentes à utilização dos serviços de saúde analisada pelo método Análise de Classes Latentes. As variáveis independentes foram fatores individuais e contextuais, de acordo com modelo teórico de Utilização dos Serviços de Saúde e Determinantes Sociais de Saúde. Modelos simples e múltiplos de regressão logística foram aplicados considerando valor de p<0,05. Os resultados foram expressos em Odds Ratio. Resultados: Foram instituídos quatro tipos de uso dos serviços com predomínio de 70,3% de homens idosos que não utilizaram os serviços de saúde no último ano. O uso esporádico dos serviços ou o uso no último ano com internação estavam associados a contextos domiciliares mais desfavorecidos socioeconomicamente. Piores perfis de uso foram encontrados em idosos mais velhos, negros, viúvos ou solteiros, sem plano de saúde, sem renda, com doença crônica, com percepção de saúde ruim, com dificuldade para realizar atividade diárias, em uso contínuo de medicamentos e histórico de queda. Conclusão: O uso dos serviços de saúde por homens idosos foi marcado por questões socioeconômicas desfavoráveis e com foco na atenção curativa. Os achados revelaram a necessidade de aperfeiçoar as políticas e ações para diminuir as desigualdades sociais na utilização dos serviços de saúde e estimular o contato com os serviços de forma mais precoce, principalmente na Atenção Básica.