Programa - Comunicação Coordenada - CC2.15 - Desafios na Vigilância Ambiental: Estudos de Casos e Análises de Risco
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
17:00 - 18:20
INTOXICAÇÃO MERCURIAL: PREVALÊNCIA DE SINTOMAS EM RIBEIRINHOS DO BAIXO TAPAJÓS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pereira, I.C.B.1, Rego, V.R.1, Pereira, I.C.B.P1, Meneses, H.N.M.1
1 UFOPA
Objetivos: Descrever a prevalência de sintomas relacionados à exposição mercurial em moradores de comunidades ribeirinhas do Baixo Tapajós. Métodos: Pesquisa transversal, descritiva e quantitativa realizada em 2022 em comunidades do Baixo Tapajós (CEP n° 4.764.646). Foi realizada coleta de sangue e aplicação de questionário semiestruturado de 169 moradores de comunidades ribeirinhas do Baixo Tapajós. Os níveis de mercúrio foram quantificados no DMA-80 e foram classificados em baixa (< 10 µg/L), média (10 µg/L a 30 µg/L), alta (>30 µg/L a 50 µg/L) e muito alta exposição ( >50 µg/L), de acordo com o limite de 10 µg/L (OMS, 2008). Foi calculada a prevalência (%) de sintomas relacionados à exposição ao Hg, relatados pelos participantes da pesquisa. Resultados: O nível mediano de Hg entre os participantes foi de 23 µg/L. Dentre os 16 sintomas investigados, os mais relatados foram “Alteração na Visão” (56.8%) com níveis medianos de Hg de 25.3 µg/L e nível máximo de 137.8 µg/L e “Dor de Cabeça”(46.2%) dos relatos e com nível mediano de 22.1 µg/L e nível máximo de 77.7 µg/L. Conclusões: A exposição mercurial é um problema de saúde pública e a situação das populações de rios é preocupante devido aos condicionantes de saúde e suas vulnerabilidades. Destarte, esses achados podem estar relacionados a outros agravos de saúde e a exposição ao Hg seria um agravante.
ANÁLISE ESPACIAL DAS ÁREAS DE RISCO DE TRANSMISSÃO DE MALÁRIA NO ESTADO DO PARÁ
Comunicação coordenada (apresentação oral)
OLIVEIRA, J.S.1, SAN PEDRO, A.1, ALBUQUERQUE, H.G.2, GIBSON, G.1
1 UFRJ
2 FIOCRUZ
Objetivos: analisar a situação epidemiológica da malária no estado do Pará entre 2010 e 2020 e estratificar os municípios quanto ao risco de transmissão Métodos: estudo ecológico com abordagem espacial, baseado nos casos de malária de 2010 a 2020 no estado do Pará, analisados em escala municipal. Resultados: Houve declínio expressivo de cerca de 82% dos casos notificados no período, assim como do Índice Parasitário Anual (IPA), com redução de 87,5% e 69,3% dos municípios classificados como de “alto risco” e “médio risco”, respectivamente. Em contrapartida, alguns municípios permaneceram com alto risco durante grande parte do período, especialmente na região do Baixo Amazonas, Marajó e Tapajós. Maiores proporções de casos importados foram observadas nas regiões do Araguaia e Carajás e no entorno da baía de Guajará. Apesar da tendência de redução, persistiram focos de transmissão em áreas indígenas e garimpos. A análise dos indicadores de desempenho da vigilância sugere melhorias pontuais no diagnóstico e tratamento oportunos em 2015 e 2016, seguido de tendência de piora. Conclusões: A análise permitiu a identificação das áreas de maior risco de transmissão de malária no estado do Pará, sugerindo quais formas de ocupação do solo podem estar associadas à persistência de altos níveis de transmissão. Apesar da redução geral na incidência e melhorias pontuais na oportunidade de tratamento, oscilações dos indicadores programáticos e epidemiológicos entre os municípios, reforçam a necessidade de fortalecimento das ações focalizadas de vigilância e controle.
O PANORAMA DA VIGILÂNCIA DA FLUORETAÇÃO DAS ÁGUAS EM ALAGOAS, 2015-2023.
Comunicação coordenada (apresentação oral)
LOURENÇO, M. G. V.1, CASTRO, C. R. S.2, NOVAES, I. M.1, SANTOS, J. S.3
1 UFAL
2 UFBA
3 ICEPi
Objetivos: Analisar a situação da vigilância da fluoretação das águas de abastecimento público no estado de Alagoas, nos anos de 2015 a 2023. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo, de natureza quantitativa, com a utilização de dados secundários provenientes dos seguintes sistemas: Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e Sistema IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – de Recuperação Automática (SIDRA). Resultados: Observou-se que dos 102 municípios de Alagoas, 34 alimentam os sistemas com dados sobre fluoretação. Destes, 31 apresentaram amostras analisadas pela vigilância e 27, concentrações válidas de flúor na água. Ao analisar, por município e por ano, as médias anuais da concentração de fluoretos, bem como os desvios-padrões, viu-se que 33,35% dos dados disponíveis revelam concentrações ideais para prevenir a doença cárie, 52,65%, concentrações insignificantes e 14%, concentrações maléficas, com potencial risco para fluorose. Os desvios-padrões apresentaram-se altos, o que expõe um cenário de dispersão e inconsistência dos dados analisados. Ainda, cabe pontuar que somente 12 municípios declaram oficialmente prover água fluoretada para a população, o que evidencia fragilidades nos processos da vigilância do parâmetro fluoreto. Conclusões: Ante a incompatibilidade entre os cenários de fluoretação das águas em Alagoas e as recomendações específicas para o parâmetro fluoreto, urge a necessidade de implementar ações de vigilância com protocolos rígidos para averiguar e regularizar a situação das águas ajustadas para o flúor.
LETALIDADE POR OFIDISMO: TENDÊNCIA E PRESENÇA DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS (2018-2023)
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Reis, L. F1, Mise, Y. F1
1 Instituto de Saúde Coletiva - UFBA
Objetivo: Analisar a tendência temporal da letalidade do acidente ofídico em municípios baianos com comunidades quilombolas (MQ) e sem comunidades quilombolas (MNQ). Método: Estudo agregado analítico retrospectivo com dados secundários obtidos nos registros de notificação do Sistema de informação de Agravos de Notificação – SINAN. Foram incluídos no estudo municípios baianos que notificaram pelo menos um caso de acidente ofídico no período entre 2018 e 2023. Municípios foram agrupados de acordo com a presença de comunidades quilombolas, segundo dados municipais obtidos pelo Cadastro Único do governo federal. Foi estimada variação proporcional da letalidade no período e a análise de tendência foi feita por meio de regressão linear simples, considerando-se p<0,05. Resultados: Entre 2018 e 2023, foram notificados 77 casos de acidente ofídico fatal no estado da Bahia. Destes 57 (74%) ocorreram em MQ. A taxa de letalidade acumulada no período foi 0,93% em todo estado da Bahia. Houve aumento na letalidade por ofidismo no período nos MQ (189,4%), variando de 0,65% (2018) para 1,88% (2023). Nos MNQ, houve decréscimo (-18,9%), de 2,08% (2018) para 1,69% (2023). Conclusão: As diferenças nas tendências temporais da letalidade entre MQ e MNQ sugerem iniquidades de acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo em vista que atendimento tardio e ausência de tratamento com soro antiofídico são os principais preditores do óbito. Reforça-se a necessidade do repasse racional de soro antiofídico, bem como de priorizar ações educativas, preventivas e de tratamento com as populações dos MQ, mais acometidas pelo êxito letal no ofidismo.
VIGILÂNCIA E ATENÇÃO À SAÚDE DAS POPULAÇÕES EXPOSTAS AOS AGROTÓXICOS – UM DESAFIO MULTI
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Lima, L. O.1, Justi, J. S.1, Andersen, M. V. F.1, Oliveira, E. C. V.1, Navarro, A. P. B.1, Langer, R. O. S.1
1 SESA/PR
O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. No contexto brasileiro, o Paraná ocupa a 2ª posição nesse consumo, o que demanda ações consistentes e intersetoriais para análise de cenário, vigilância e resposta. Frente a tais desafios, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA/PR) vem desenvolvendo ao longo dos anos ações articuladas para o enfrentamento da temática e materialização de resultados para a proteção da saúde da população. Para fortalecer o processo, foi instituído um Grupo Técnico de Agrotóxicos, composto por representantes das diversas áreas da SESA/PR, por meio do qual foi elaborado e operacionalizado um Plano Estadual de Vigilância e Atenção à Saúde das Populações Expostas aos Agrotóxicos (PEVASPEA), o qual está entrando em sua terceira versão (2024/2027) e contempla ações de vigilância, atenção e promoção à saúde, dentre as quais a implementação de uma Linha Guia de Atenção às Populações expostas aos agrotóxicos, análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos e água para consumo humano, monitoramento e investigação das intoxicações exógenas, vigilância em saúde do trabalhador, estratégias de promoção da saúde como alimentação adequada, saudável e sustentável, ações voltadas à regulamentação e controle dos saneantes desinfestantes, entre outras. Por meio do PEVASPEA (https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Saude-e-agrotoxicos-PEVASPEA) diversas ações foram concretizadas e capilarizadas, promovendo a discussão do tema e a busca por resultados mais efetivos, inclusive mantendo-se como uma meta estratégica do Plano Estadual de Saúde do Paraná, tamanha sua importância e relevância.