Programa - Comunicação Coordenada - CC2.16 - Determinantes Socioeconômicos e de Saúde ao Longo da Vida: Análise de Mortalidade, Função Pulmonar, Saúde Mental e Estado Nutricional
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
17:00 - 18:20
POSIÇÃO SOCIOECONÔMICA NO CURSO DE VIDA E MORTALIDADE GERAL NO ELSA-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Lopes, J. A. S1, Giatti, L. G.1, Camelo, L. V.1, Barreto, S. M.1
1 UFMG
Objetivos: foi investigado se baixa posição socioeconômica (PSE) no curso de vida, acúmulo de exposições a baixa PSE e mobilidade social intergeracional desfavorável estão associados a maior mortalidade geral em 10 anos de seguimento. Adicionalmente, verificou se essas associações diferem segundo raça/cor.
Métodos: estudo prospectivo com 13.164 participantes da coorte ELSA-Brasil. O desfecho foi o tempo até o óbito. As variáveis explicativas foram PSE na infância (escolaridade materna), juventude (classe sócio-ocupacional do responsável pelo domicílio), idade adulta (escolaridade e classe sócio-ocupacional do participante), acúmulo de exposições a baixa PSE e mobilidade social intergeracional. Modelos de riscos proporcionais de Cox, ajustados por características sociodemográficas, foram utilizados.
Resultados: a taxa de mortalidade foi de 4,7/1.000 pessoas-ano, sendo maior nos homens, mais velhos, negros e de baixa PSE. Após ajustes, baixa PSE na infância, juventude e idade adulta permaneceram associadas a maior mortalidade. Maior acúmulo de baixa PSE (HR:1,89; IC95%:1,48-2,40, 4º quartil vs 1º) e as trajetória educacionais e sócio-ocupacionais descendente e estável baixa também se associaram a maior mortalidade. Além disso, a trajetória sócio-ocupacional ascendente aumentou, em menor magnitude, o risco de morte. Não evidenciamos interação multiplicativa entre PSE e raça/cor no risco de morrer.
Conclusões: desvantagens socioeconômicas em distintos períodos do curso de vida, assim como o acúmulo de experiências sociais negativas aumentaram o risco de morrer. O risco de morte também foi maior naqueles com mobilidade educacional e sócio-ocupacional intergeracional desfavorável, e, em menor grau, naqueles com mobilidade sócio-ocupacional ascendente.
ASSOCIAÇÃO ENTRE FUMO NA ADOLESCÊNCIA E FUNÇÃO PULMONAR NO INÍCIO DA VIDA ADULTA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Picanço, L1, Silva, BGC1, Gonçalves,H1, Wehrmeister,FC1
1 UFPEL
Objetivo: avaliar a associação entre fumo na adolescência e função pulmonar no início da vida adulta. Métodos: estudo de coorte com nascidos vivos em 1993 na cidade de Pelotas, RS. A mudança dos 18 aos 22 anos no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e na capacidade vital forçada (CVF) foram as variáveis dependentes. O hábito de fumar pelo menos uma vez na semana foi avaliado nos acompanhamentos dos 11, 15 e 18 anos por autorrelato, gerando uma variável categorizada em zero (nunca fumou), um (fumavam em um acompanhamento), dois (fumavam em dois ou nos três acompanhamentos). A associação foi ajustada para altura aos 18 anos e as análises foram estratificadas por sexo. Resultados: 2934 participantes foram analisados (coorte original n= 5249). Quatro em cada cinco participantes nunca fumaram e cerca de 10% relataram fumar em um dos acompanhamentos, em ambos os sexos. Entre os homens que relataram fumar em dois ou nos três acompanhamentos, ocorreu redução no VEF1 dos 18 aos 22 anos de -16,4 ml (IC95% -17,8; -15,0). Entre as mulheres que fumavam em dois ou nos três acompanhamentos, o VEF1 reduziu –26,0 ml (IC95% 27,0-24,0). A CVF aumentou dos 18 aos 22 anos, mais de 30 ml entre homens e mais de 80 ml entre mulheres que relataram fumar em dois ou nos três acompanhamentos. Conclusões: Os dados sugerem redução do VEF1 conforme a persistência do fumo nos acompanhamentos, e aumento na CVF.
PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL E CORTISOL CAPILAR NA COORTE DE NASCIMENTOS DE PELOTAS DE 2004
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Goularte, L.M.1, Murray, J.1, Oliveira, I.O.1, Santos, I.S.1, Barros, A.J.D.1, Matijasevich, A.2, Tovo-Rodrigues, L.1
1 UFPel
2 USP
Objetivo: Investigar a associação entre problemas de saúde mental e a concentração de cortisol capilar ao longo da infância e adolescência.
Métodos: Este estudo incluiu 1821 participantes da Coorte de Nascimentos de 2004 de Pelotas-RS. A exposição consistiu em sintomas de problemas de saúde mental dos participantes, reportados pelas mães, nos acompanhamentos dos 6, 11 e 15 anos, utilizando o Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ), consideradas a escala total e as subescalas. A concentração de cortisol capilar (CCC), desfecho do estudo, medida em pg/mg, foi obtida a partir de amostras de cabelo coletadas aos 15 anos, a partir de segmentos de 3cm proximais ao couro cabeludo. O cortisol foi quantificado por ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) e sua concentração foi transformada em ln para as análises. As associações foram testadas por regressão linear múltipla, expressa em média geométrica, ajustando por variáveis demográficas, socioeconômicas, da criança, maternas, características capilares e uso de corticosteroides.
Resultados: O aumento no número de sintomas externalizantes em várias idades associou-se com maior CCC aos 15 anos. Os sintomas déficit de atenção/hiperatividade idade foram consistentemente associadas a CCC, aos 6 (β= 1,009 [1,001; 1,018], p = 0,035), 11 (β= 1,009 [1,001; 1,017], p = 0,025) e 15 anos (β= 1,009 [1,000; 1,017], p = 0,048), após ajuste por confundidores.
Conclusões: Os sintomas de transtornos externalizantes ao longo da vida mostraram associação com uma maior concentração de cortisol capilar, sugerindo uma possível desregulação do eixo adrenal hipotálamo-hipofisário ou uma resposta inadequada ao estresse na etiologia dos transtornos.
ESTADO NUTRICIONAL MATERNO E CAPITAL HUMANO NA VIDA ADULTA: COORTE DE 1982 DE PELOTAS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silveira da Silva, L.1, Horta, B. L.1
1 UFPel
Objetivos: avaliar se a associação entre excesso de peso pré-gestacional e ganho de peso gestacional com capital humano na vida adulta é modificada pela escolaridade materna.
Métodos: Estudo baseado na Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas. O IMC pré-gestacional >24,9 kg/m² definiu excesso de peso e o ganho de peso gestacional classificado segundo o Institute of Medicine. O capital humano foi avaliado pelo QI (Wechsler Scale), escolaridade e renda por entrevista aos 30 anos. Avaliou-se as médias usando ANOVA e regressão linear, ajustando para cor da pele, idade, escolaridade materna, renda familiar e paridade.
Resultados: A prevalência de excesso de peso pré-gestacional foi 23,0%, enquanto ganho de peso excessivo foi 43,1%. Aos 30 anos, a média de QI foi 98,0 pontos, escolaridade 11,3 anos e renda 1574,8 reais. O excesso de peso pré-gestacional não foi associado ao capital humano após controle para confundidores, mas escolaridade materna modificou o seu efeito (p<0,043). Entre participantes com mães com ≤4 anos de estudo, observou-se associação positiva do excesso de peso com QI (β:1,5; IC95%: -0,2;3,2) e escolaridade (β:0,7; IC95%: 0,2;1,2). Entre mães com ≥9 anos de escolaridade, o excesso de peso foi negativamente associado com QI (β:-2,7; IC95%: -4,6;-0,8). O ganho de peso excessivo foi associado ao menor QI (β:-1,3; IC95%: -2,2;-0,4), escolaridade (β:-0,4; IC95%: -0,7;-0,1) e renda (β:-195,3; IC95%: -378,1;-12,6). Escolaridade materna não modificou essas associações.
Conclusões: Excesso de peso pré-gestacional influenciou o capital humano em diferentes direções, segundo escolaridade materna. O ganho de peso gestacional associou-se negativamente ao capital humano.
INDICADORES SOCIAIS E NUTRICIONAIS NO INÍCIO DA VIDA E DINAPENIA NO ELSA-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Faria, B.S.1, Telles, R.W.1, Coelho, C.G.1, Giatti, L.1, Barreto, S. M.1, Moreira, A.D.1, Camelo, L.V.1
1 UFMG
Objetivo: Investigar a associação entre indicadores sociais e nutricionais no início da vida e dinapenia entre adultos brasileiros, importante preditor de incapacidade e morte. Métodos: Foram incluídos 13.301 participantes da coorte Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). As exposições peso ao nascer e comprimento da perna e do tronco na vida adulta, aferidos na primeira visita ao estudo (2008-2010), foram utilizados como indicadores sociais e nutricionais do período pré-natal, primeira infância e pré-puberal, respectivamente. Peso ao nascer foi autorrelatado [Normal (referência): entre 2,5kg e 4kg; baixo: <2,5kg; elevado: >4kg]. Comprimento de perna e tronco foram obtidos utilizando as alturas em pé e sentada, categorizados, segundo sexo, em: alto (referência): > média +1DP; médio: média±1DP; baixo: < média -1DP. Dinapenia foi aferida pelo teste de força de preensão palmar e definida como <27kg para homens e <16kg para mulheres na segunda visita (2012-2014). Modelos de regressão logística avaliaram as associações entre exposições e dinapenia, ajustados por sexo, idade, raça/cor, centro de investigação, escolaridade materna e ocupação. Resultados: A média de idade foi 55 (DP=8,97) anos, 54% do sexo feminino. Prevalência de dinapenia foi 4,17%. Baixo peso ao nascer (OR:1,54; IC95%:1,12-2,11), e baixo comprimento da perna (OR:5,87; IC95%:3,82-9,00) e do tronco (OR:5,47; IC95%:3,57-8,37), foram independentemente associados a maiores chances de apresentar dinapenia na idade adulta, comparados aos indivíduos com peso ao nascer normal e alto comprimento de perna e tronco, respectivamente. Conclusões: Piores condições sociais e nutricionais no início da vida foram associadas a maiores chances de dinapenia na idade adulta.