Programa - Comunicação Coordenada - CC2.17 - Determinantes e Tendências no Tratamento e Mortalidade por Câncer no Brasil
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
17:00 - 18:20
DETERMINANTES SOCIAIS NO ATRASO AO TRATAMENTO DO CÂNCER DE COLORRETAL NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Dantas, A.A.G1, Oliveira, N.P.D2, Martins, L.F.L3, Cancela, M.C4, Souza, D.L.B5
1 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
2 Departamento de Fisioterapia da Universidade de Pernambuco – UPE. Petrolina-PE, Brasil.
3 Divisão de Pesquisa Populacional (DIPEP); Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV); Instituto Nacional de Câncer (INCA); Ministério da Saúde.
4 Divisão de Vigilância e Análise de Situação; Instituto Nacional de Câncer (INCA); Ministério da Saúde
5 Departamento de Saúde Coletiva; Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva; Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
Objetivo: Analisar o atraso no tratamento do câncer CCR e sua associação com indicadores individuais, contextuais, socioeconômicos e de oferta de serviços de saúde. Métodos: Foi feito um estudo transversal, com análise dos casos de câncer de colón e reto em pessoas de ambos os sexos, com idade entre 18 e 99 anos, diagnosticados no período de 2010 a 2019 no Brasil (n=65.582). Os dados individuais foram oriundos do Integrador dos Registros Hospitalares de Câncer. Os socioeconômicos do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil; e os de oferta de serviços de saúde do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Foi realizado modelo de Regressão de Poisson Multinível com intercepto aleatório. Resultados: A proporção de atraso para início do tratamento após 60 dias foi de 42,10% com importantes variações entre as UFs analisadas, com os maiores valores nos estados do Goiás (60,73%), Pará (60,69%), Acre (58,44%) e Rio de Janeiro (54,6%). O atraso para início do tratamento foi associado a raça branca (RP 0,95) baixa escolaridade (RP 1,27) ao acesso aos serviços de saúde pelo SUS (RP 1,34) e a média proporção do índice de Gini (RP 1,27). Conclusão: O estudo aponta a impacto dos determinantes sociais da saúde para o atraso ao início do tratamento do câncer de CCR no Brasil, demonstrando a necessidade de avaliar e reorientar políticas públicas que deveriam garantir o acesso em tempo hábil aos serviços visando melhorar a sobrevida dos indivíduos que convivem com essa condição no país.
IMPACTO ECONÔMICO DAS MORTES POR TUMORES GINECOLÓGICOS E DE MAMA NO BRASIL DE 2001 A 2030
Comunicação coordenada (apresentação oral)
de Camargo Cancela, M.1, Monteiro dos Santos, J. E.1, Lopes de Souza, L.B.1, Leite Martins, L.F.1, Bezerra de Souza, D.L.2, Hanly, P.3, Soerjomataram, I.4, Pearce, A.5, Sharp, L.6
1 INCA
2 UFRN
3 National College of Ireland
4 IARC
5 The University of Sydney
6 Newcastle University
Objetivos: Mensurar o impacto econômico das mortes por câncer ginecológico (ovário, colo e corpo do útero) e de mama em mulheres brasileiras entre 2001 e 2030.
Métodos: Foi utilizado o método do capital humano para estimar os custos indiretos da mortalidade por câncer feminino. Dados de mortalidade (2001-2015) foram obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade e projetados até 2030. Dados econômicos foram obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. A perda de produtividade foi calculada para as mulheres maiores de 15 anos de idade.
Resultados: Foram estimados 25,3 milhões de anos de vida produtiva perdidos e Int$26,8 bilhões em perda de produtividade, decorrentes das 969,2 mil mortes pelas neoplasias femininas entre 2001 e 2030. Cerca de metade das mortes foi devida ao câncer de mama nas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Na região Norte, o câncer de colo do útero foi a principal causa de óbito (>50%), com maior aumento relativo da perda de produtividade (234%) entre 2001-2015 e 2016-2030.
Conclusões: Estratégias para mitigar os impactos econômicos das mortes por câncer de mama e ginecológicos devem incluir: a evolução dos modelos de rastreamentos oportunístico para modelos organizados para os cânceres de mama e colo do útero; o aumento da cobertura vacinal para o HPV na faixa-etária alvo (9-14 anos); a prevenção de fatores de riscos comuns a todos os cânceres, tais como, obesidade, inatividade física e tabagismo; e a garantia da assistência integral do cuidado da mulher com câncer.
TENDÊNCIA DA INCIDÊNCIA DE CÂNCER COLORRETAL NO BRASIL USANDO MODELO ADITIVO GENERALIZADO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Monteiro dos Santos, J.E.1, Lopes de Souza, L.B.1, De Camargo Cancela, M.1
1 INCA
Objetivos: Estimar a tendência de incidência para o câncer colorretal (CCR: CID C18-C21), no Brasil para o período de 1995-2025. Métodos: Dados de 25 Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), entre os anos de 1995 e 2019, foram utilizados para estimar a tendência de incidência de CCR e projetá-la até 2025. Modelo Aditivo Generalizado (GAM) com Spline Multidimensional Penalizado foi utilizado como metodologia inovadora para suavizar as taxas de incidência, considerando sexo e idade. Resultados: Foram estimados 1.119.713 casos de CCR no Brasil (51% entre as mulheres) no período; 27% dos casos foram estimados para ocorrer entre 2020-2025. Entre 1995 e 2025, a taxa de incidência entre os homens aumentará em 92% (14,03 para 26,95 casos por 100 mil habitantes), com aumento percentual anual médio (AAPC) de 2,2%, estatisticamente significativo. Entre as mulheres, as taxas de incidência aumentarão 59% (14,90 para 23,68 casos por 100 mil habitantes), com AAPC de 1,6%, estatisticamente significativo, no mesmo período. Conclusões: A tendência de aumento das taxas de incidência de CCR entre 1995 e 2025 está relacionado com o processo de envelhecimento populacional e a adoção do estilo de vida ocidentalizado (inatividade física, dieta não-saudável e tabagismo). Os resultados reforçam a necessidade de políticas de promoção do estilo de vida saudável, prevenção e controle da doença para reduzir seu impacto nas próximas décadas.
FATORES ASSOCIADOS AO ATRASO DO INÍCIO DO TRATAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Santos, A. L. S. S.1, Oliveira, T. N. C.1, Oliveira, R. V. C.2
1 Escola Nacional de Saúde Pública/ENSP/Rio de Janeiro, Brasil.
2 Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/INI/ Rio de Janeiro, Brasil.
Objetivo: Identificar fatores associados ao atraso no tratamento do câncer de próstata, superior a 60 dias, em hospitais brasileiros de 2013 a 2022.
Métodos: Estudo transversal com 188.945 registros de câncer de próstata dos Registros Hospitalares de Câncer de 2013 a 2022. O desfecho foi a ocorrência de atraso superior a 60 dias entre diagnóstico e início do tratamento. Variáveis sociodemográficas e clínicas foram analisadas. As razões de chance (RC) ajustadas foram estimadas por regressão logística multinível com efeito aleatório para unidade federativa.
Resultados: Entre 2013 e 2022, 72,25% dos pacientes apresentaram atraso superior a 60 dias no início do tratamento. Indivíduos pretos e pardos apresentaram 41% (IC:1,29–1,53) e 34% (IC:1.26–1.42) mais chances de atraso, respectivamente. O diagnóstico prévio de câncer aumentou em 3,92 (IC:3.70–4.14) vezes as chances de atraso. Tratamentos iniciados por cirurgia ou radioterapia tiveram o dobro da chance de atraso comparado à quimioterapia. A existência (RC: 0,85, IC:0.73–0.98) ou suspeita (RC:0,39, IC:0.26–0.59) de mais de um tumor primário teve efeito protetor contra atraso. A necessidade de deslocamento intermunicipal para tratamento aumentou a chance de atraso (RC:1,27, IC:1.21–1.33). Observou-se 9% de variação total nos atrasos atribuída às diferenças entre as unidades federativas.
Conclusão: Este estudo identificou efeitos das características sociodemográficas e clínicas no atraso de início do tratamento do câncer de próstata no Brasil. Esses achados, com abrangência nacional, podem orientar programas de saúde pública e políticas de prevenção do câncer para melhorar o manejo e prognóstico do câncer de próstata.
INIQUIDADES TEMPORAIS E ESPACIAIS NA MORTALIDADE POR CÂNCER COLORRETAL NO BRASIL:1980-2021
Comunicação coordenada (apresentação oral)
MELO, L. R. S.1, Melo, M. S.2, Pereira, J. S.1, Andrade, L. A.1, Oliveira, J. M. S.1, Santos, M. B.1, Lima, C. A.1, Santos, A. D.1
1 Universidade Federal de Sergipe (UFS)
2 Ministério da Saúde (MS)
Objetivo: Analisar as tendências temporais, padrões espaciais e espaço-temporais da mortalidade por Câncer Colorretal (CCR) no Brasil. Métodos: estudo ecológico utilizando técnicas de análise temporal através do Joinpoint Regression, espacial com o TerraView e QGis e espaço-temporal com o SatScan, utilizando dados do SIM através do DATASUS e dados populacionais através do IBGE entre 1980-2021. Resultados: Foram registrados um total de 395,782 óbitos por CCR, sendo a maioria no sexo feminino (51.92%), ≥ 65 anos (58.89%), com neoplasia maligna do cólon (53.63%), com 1-7 anos de escolaridade (39.81%), casados (48.58%), em ambiente hospitalar (83.73%) e brancos (65.07%). Observou-se uma tendência de aumento na taxa de mortalidade padronizada por idade na região Nordeste 2.6 (IC: 2.4-2.8), em homens 1.5 (IC:1.3-1.6) e indivíduos entre 45-64 anos 1.2 (IC:1.0-1.3). A análise espacial evidenciou autocorrelação espacial positiva nos quatro períodos de análise (1980-1989; 1990-1999; 2000-2009 e 2010-2021), com o Sul do país representando a região com a maior concentração de aglomerados de alto risco para mortalidade, seguida do Sudeste. Por outro lado, além de aglomerados espaciais e espaço-temporais na região Sul e Sudeste, também foram observados clusters espaço-temporais de alto risco em capitais e municípios de regiões metropolitanas da região Nordeste. Conclusões: houve uma expansão da mortalidade por CCR no Brasil ao longo das quatro últimas décadas, destacando a necessidade de políticas públicas voltadas para a prevenção primária, que promovam hábitos de vida saudáveis, e medidas de prevenção secundária, que incentivem o rastreamento e a detecção precoce.