Programa - Comunicação Coordenada - CC2.19 - Condições de trabalho, situação de saúde em grupos ocupacionais específicos II
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
17:00 - 18:20
VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DE INSTRUMENTO DE MONITORAMENTO DO AMBIENTE ALIMENTAR NO TRABALHO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Albuquerque, F.M.1, Nunes, N.C.1, Souza, G.B.1, Cunha, V.C.R.1, Bandoni, D.H.2, Canella, D.S.1
1 UERJ
2 UNIFESP
Objetivos: Realizar validação de conteúdo de instrumento para o monitoramento do ambiente alimentar nos locais de trabalho.
Métodos: O instrumento foi construído com base nas Portarias nº 1.274 e nº 07, ambas de 2016. Para validação de conteúdo, foi realizado um painel de especialistas, selecionados considerando-se suas publicações e a experiência profissional na temática. No total, 27 especialistas foram convidados por e-mail e receberam o instrumento, acompanhado de um documento explicando as definições conceituais e instruções de preenchimento do formulário. Para a validação de conteúdo, foi utilizado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), calculado com utilização de uma escala Likert, com 4 pontos ordinais, onde para avaliar a relevância e clareza do item pode-se escolher entre as respostas variando de: 1 = não relevante ou não representativo; a 4 = item relevante ou representativo. Para avaliar o grau de concordância das respostas entre os especialistas, foram calculados os IVC para cada item separadamente e o IVC médio, para avaliar o instrumento como um todo. A taxa de concordância aceitável deve ser de no mínimo 0,80 e preferencialmente superior a 0,90.
Resultados: O instrumento foi composto por 37 itens. Participaram do painel 17 especialistas. Obteve-se IVC médio de 1,0 na avaliação do conteúdo do instrumento, sendo considerada uma taxa de concordância satisfatória.
Conclusões: O conteúdo do instrumento mostrou-se adequado, conforme apontamentos dos especialistas. Posteriormente, o instrumento passará por um pré-teste, para verificar se todos os itens são compreensíveis para utilização pelos gestores dos serviços de alimentação nos locais de trabalho.
PREVALÊNCIA DE ABSENTEÍSMO SEGUNDO CARGA DE MORBIDADE E MULTIMORBIDADE: PNS 2019
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Bosco, L. C.1, Viviani, G. H.1, Spezani, M.M.T.1, Souza, B.Q.P.T.1, Fernandes, B.S.A.1, Cunha, L.S.L.1, Souza, A.S.S.1
1 Universidade Estácio de Sá
Objetivos: Estimar a prevalência de absenteísmo segundo carga de morbidade e multimorbidade estratificado por sexo no Brasil em 2019. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. A população de estudo foi composta por adultos maiores de 18 anos em condição de ocupação, totalizando 94.114 indivíduos. Absenteísmo foi avaliado pelo autorrelato de afastamento temporário na semana de referência. Carga de morbidade foi medida pela contagem simples de doenças autorrelatadas. Multimorbidade foi definida como a presença de duas ou mais morbidades. As estimativas de prevalência estratificadas por sexo foram calculadas considerando os pesos amostrais (svy), por meio do programa Stata. Resultados: Para os homens com absenteísmo a prevalência de carga de morbidade (3,7%) é menor em comparação às mulheres (13,3%) com absenteísmo a partir de quatro morbidades. Entre as mulheres que relataram absenteísmo, 72,8% apresentavam multimorbidade, entre os homens a prevalência foi de 53,3%. Para os homens a prevalência de multimorbidade (53,3%) é o dobro entre aqueles que relataram absenteísmo em comparação aos que não relataram (20,0). Já para as mulheres, essa relação é o triplo (72,8% e 25,6%) Conclusões: A prevalência de carga de morbidade e multimorbidade e absenteísmo no trabalho foi maior entre as mulheres, de forma geral. Nesse sentido, avaliações das desigualdades da prevalência do absenteísmo são importantes para epidemiologia da saúde do trabalho.
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO BENZENO E A MORTALIDADE POR LEUCEMIA NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Moura-Correa. MJ1, Santana, VS1
1 ISC/UFBA
Objetivo. Neste estudo o coeficiente de mortalidade anual por leucemia foi estimada por grupos ocupacionais potencialmente expostos ao benzeno no Brasil e comparada a não expostos por sexo. Métodos: Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), Sistema de Contas Nacionais e do Censo 2010, de 2006 a 2011. Os grupos ocupacionais expostos ao benzeno foram identificados usando a Matriz de Exposição ao Trabalho Finlandês, FINJEM. Resultados. Foram encontrados 21.049 óbitos por leucemia no período do estudo, que corresponde a um coeficiente médio anual de mortalidade de 2,7 / 100.000 pessoas, no Brasil. Identificaram-se 1.917 (9,1%) óbitos por leucemia em trabalhadores de grupos ocupacionais potencialmente expostos ao benzeno, segundo a FINJEM. Entre esses, o coeficiente de mortalidade foi 4,5 / 100.000, 2,8 / 100.000 na indústria da borracha e 6,9 / 100.000 na impressão gráfica. A mortalidade foi maior entre os homens em todos os grupos ocupacionais, exceção para os operadores de máquinas em lavanderias e tinturarias. A fração de óbitos por leucemia atribuível ao benzeno foi 6,2% (118 óbitos) em geral, 5,6% (108) para os homens e 0,5% (10) para as mulheres. Conclusão. A mortalidade por leucemia na população adulta, no Brasil, foi menor que em países industrializados, mas entre os potencialmente expostos ao benzeno foi quase duas vezes maior que os demais trabalhadores. Isso sinaliza para a pouca efetividade das medidas de controle dessa exposição ocupacional reconhecida como importante cancerígeno, de longo período de latência.
PROFISSIONAIS DE SAÚDE E TRABALHADORES DE APOIO EM CONTEXTO DE PANDEMIA: QUEM SÃO ELES?
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Mello, L.R.1, Marano, D.1, Moreira, M.E.L.1, Amaral, Y.N.V.1, Costa, A.C.C.1, Machado, MH1
1 FIOCRUZ
Epidemia se combate com sistema de saúde estruturado. Trabalhadores da saúde construíram história de resiliência no combate à COVID-19. O objetivo do artigo é verificar disparidade entre trabalhadores da saúde (profissional de saúde e trabalhador de apoio) segundo sorologia para COVID-19. Estudo transversal com 1331 trabalhadores da saúde, realizado em 2020 em instituição hospitalar. Foram analisados fatores demográficos, socioeconômicos e atividade laboral. Verificado predomínio de profissional de saúde (65,9%) na amostra, mas a frequência de soropositividade foi maior entre trabalhadores de apoio (38,1%) com menor renda (59,2%) e preto/pardo (77,7%). Terceirizados foram maioria nos dois grupos. A não participação em treinamento (66,2%) e indisponibilidade de equipamento de proteção (76,2%) foi maior em trabalhadores de apoio. Para consolidação da política de memória, é preciso lembrar e registrar para aprender. É primordial conhecer quem são os trabalhadores, suas desigualdades e necessidades sob prisma de diversas categorias a fim de mitigar iniquidades observadas, por meio de aprimoramento e implantação de políticas que visem segurança física, mental e trabalhista. Além disso, é importante a consolidação do termo trabalhador da saúde para incluir todas as categorias profissionais.
SAÚDE DO TRABALHADOR: DESAFIOS DO CUIDADO EM SAÚDE NA AMAZÔNIA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Soares, D. S.1, Lourido, J. S. R.1, Lisbôa, J. D. B.1, Sousa, Y. J. S1, Santos, M. R. S1, Bitencourt, G. V.1, Teixeira, V. N. L1, C. G. M1
1 UFOPA
Objetivo: Relatar a experiência das expedições realizadas em uma Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF) com ênfase nos desafios à saúde do trabalhador no cenário amazônico. Método: Trata-se de um estudo observacional descritivo, abrangendo sete expedições da UBSF, entre 2023 e 2024, em dois municípios da região oeste do Pará. Resultados: As expedições contam em média com 45 profissionais da área da saúde, o que inclui discentes de cursos de pós-graduação e graduação de instituições de ensino pública e privada do país, com jornada de atendimentos de 10 dias contínuos, contando ainda com escalas de plantões noturnos. Evidencia-se o forte vínculo, compromisso e preocupação dos trabalhadores que atuam nessas expedições em buscar oportunizar o cuidado em saúde para a população ribeirinha. Também é possível notar que existe a alta demanda por atendimentos o que gera, em alguns casos, alongamento dos horários de serviços, necessidade de longos deslocamentos dos profissionais para outras comunidades em pequenas embarcações, isso contribui para o desgaste físico e mental desses profissionais. Sob a força de agentes externos à intenção, esses profissionais experienciam tanto o processo de desgaste quanto o próprio adoecimento, o que por vezes exige maiores esforços e adaptabilidade da equipe à demanda existente no serviço da UBSF. Conclusão: A presença de situações atípicas e de riscos relacionados a saúde do trabalhador são pontos cruciais a serem discutidos, integrados e aprimorados no planejamento dos atendimentos propostos à população ribeirinha, sobretudo de manter condições de trabalho adequadas e oportunizar o acesso à saúde universal.