Programa - Comunicação Coordenada - CC2.21 - Atenção a saude de criança e adolescente
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
17:00 - 18:20
MUDANÇA DA QUALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA: ANÁLISE DE TRANSIÇÃO LATENTE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Flores-Quispe, MP1, Almeida, JR1, Amorim, LDAF2, Passos, M1, Luz, LA1, Aquino, R3, Vieira-Meyer APGF4, Anjos, EF1, Lima, AMP1, Martufi, V1, Ortelan, N1, Barreto, ML1, Pinto Junior, E.P.1
1 CIDACS-Fiocruz BA
2 IME-UFBA
3 ISC-UFBA
4 Fiocruz Ceará
objetivo: Avaliar a mudança da qualidade da atenção à saúde da criança ao longo dos três ciclos do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ).
métodos: Foram utilizadas informações da avaliação externa dos três ciclos do PMAQ (2012, 2014 e 2018) de 8,776 equipes da Estratégia Saúde da Família que participaram nos três ciclos. Com base no Caderno de Atenção Básica N° 33, Saúde da Criança, foram construídos seis indicadores: registro para acompanhamento da criança, vigilância de rotina, vigilância à violência familiar e acidentes, busca ativa, oferta de puericultura e promoção de aleitamento materno. Utilizando a análise de transição latente (LTA) com os seis indicadores, foram identificados padrões de qualidade, assim como estimadas as probabilidades de transição dos padrões das equipes entre ciclos.
resultados: Dois padrões de qualidade foram identificados: alta e regular. Dentro do padrão de qualidade regular, o indicador de vigilância à violência familiar e acidentes teve a frequência de adequação mais baixa (12%). No padrão de alta qualidade, as frequências de adequação foram maiores a 75%. Em 2012, 27% da equipes tinham um padrão de alta qualidade, em 2014 foram 35% e em 2018 foram 90%. Na mudança de 2012 para 2014, as equipes tiveram 29% de probabilidade de mudar do padrão de qualidade regular para o padrão de alta qualidade. Já de 2014 para 2018, esta probabilidade foi de 87%.
conclusões: Foi observada uma importante mudança do padrão de qualidade da atenção ao longo dos ciclos do PMAQ.
TRAJETÓRIAS DE CRESCIMENTO INFANTIL ATÉ CINCO ANOS DE ACORDO COM PRÁTICAS DA ALIMENTAÇÃO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Salviano, A.F.1, Guedes, B.M.1, Barros, L.M.1, Oliveira, N.T.2, Farias, D.R.2, Lourenço, B.H.1
1 Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo – Brasil
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – Brasil
Objetivos: Analisar trajetórias de crescimento em crianças <5 anos acompanhadas na Atenção Primária à Saúde de acordo com práticas de alimentação complementar (AC).
Métodos: Estudo longitudinal com microdados (2015-2019) do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de marcadores do consumo alimentar e antropometria de crianças <5 anos. Marcadores do consumo alimentar embasaram a construção de cenários de AC aos 12-24 meses para amamentação continuada (AMC: sim/não), ultraprocessados (AUP: consumo 0-2/3-4 AUP) e zero consumo de frutas e/ou verduras (ZFV: sim/não). Consideraram-se medidas antropométricas repetidas até 5 anos (intervalo >20 dias) para cálculo de escores-z de IMC/idade (IMC/I: 172.668 crianças; 776.598 observações) e altura/idade (A/I: 118.116 crianças; 452.585 observações). Modelos mistos com splines cúbicas restritas estimaram as trajetórias, com ajuste múltiplo das práticas de AC.
Resultados: Para IMC/I e A/I, crianças sem AMC apresentaram trajetórias mais elevadas quando comparadas àquelas em AMC (média aos 48 meses: IMC/I 0,40z; IC95% 0,38;0,42 vs. 0,24z, IC95% 0,22;0,27; e A/I 0,07z; IC95% 0,04;0,10 vs. -0,06z; IC95% -0,10;-0,03). Não houve diferença nas trajetórias de IMC/I segundo ZVF e AUP. ZFV e maior exposição a AUP se associaram a piores trajetórias de A/I (média aos 30 meses: ZFV, -0,29z; IC95% -0,32;-0,26 vs. crianças com consumo de frutas/verduras, -0,07z; IC95% -0,08;-0,06; e consumo de 3-4 AUP, -0,12z; IC95% -0,14;-0,10 vs. consumo de 0-2 AUP, -0,08z; IC95% -0,09;-0,07).
Conclusões: A interrupção da amamentação continuada resultou em trajetórias mais elevadas de IMC/I, ao passo que práticas inadequadas de AC implicaram em piores trajetórias de A/I nos primeiros 5 anos.
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E ASSISTENCIAIS DO CÂNCER INFANTOJUVENIL NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Lucena, N. N. N.1, Damascena, L. C. L.1, Quintans, Y. N. L. S.1, Lima Filho, L. M. A.1, Valença, A. M. G.1
1 UFPB
Objetivos: Caracterizar o câncer infantojuvenil no Brasil e o tempo para o início do tratamento, a partir das informações na base dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC), no período de 2000 a 2022. Métodos: Estudo epidemiológico descritivo, realizado com dados secundários, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), considerando características demográficas, assistenciais, clínicas e de tratamento de crianças e adolescentes com câncer (0 a 19 anos) e o cumprimento da Lei 12.732/2012. As informações foram analisadas descritivamente no software de domínio público R. Resultados: Foram incluídos no estudo 91.233 registros, sendo a maioria do sexo masculino (n= 49.448; 54,2%), com faixa etária de 0 a 4 anos (n=28.686; 31,5%), média de idade de 9,21 anos (± 6,21) e autodeclarados pardos (n=26.429; 29,0%). O local mais acometido foi o Sistema Hematopoiético e Reticuloendotelial (n=26.859; 29,5%), predominaram os atendimentos com os especialistas da Pediatria Oncológica (n=19.566; 21,5%) e a confirmação microscópica (n=82.491; 90,4%) como exame base para o diagnóstico. Cerca de 92,3% (n=84.252) dos casos realizaram o tratamento antineoplásico, dos quais 78,8% (n=71.891) iniciaram até os 60 dias após o diagnóstico, sendo a quimioterapia (n=40.916; 44,8%) a modalidade terapêutica mais utilizada. Conclusão: Conclui-se que a localização tumoral mais frequente foi o Sistema Hematopoiético e Retículo Endoplasmático, acometendo principalmente crianças na faixa etária de 0 a 4 anos de idade e do sexo masculino. A maioria dos pacientes teve o início do tratamento antineoplásico dentro do tempo preconizado pela Lei 12.732/2012.
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A PRESCRIÇÃO DE FÓRMULA INFANTIL EM RECÉM-NASCIDOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Machado, K. P.1, Medeiros, C. R. de1, Santos, G. K. P dos2, Vaz, J. dos S.1
1 UFPel
2 HU-FURG/Ebserh
Objetivos: avaliar a prevalência das justificativas para prescrição de fórmula infantil para recém-nascidos e os fatores associados de acordo com a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC). Métodos: Trata-se de um estudo transversal com dados obtidos a partir de formulários para a liberação de leite artificial em alojamento conjunto. A amostra foi composta por 1.334 nascimentos de recém-nascidos de baixo risco em que mães e seus filhos permaneceram em alojamento conjunto no ano de 2022 em um Hospital Universitário de Rio Grande/RS. Foram calculadas as prevalências e os intervalos de confiança (IC95%) para a prescrição de fórmula. Foi realizada regressão de logística multinomial, para cálculo das razões de odds (RO) e respectivos IC95%, a partir de ajuste backward por níveis hierárquicos, permanecendo no modelo apenas aquelas com p≤0,20. As análises dos dados foi realizada no programa estatístico Stata® 14. Resultados: A prevalência de prescrição de fórmula infantil foi de 22,3%, sendo 16,0% justificadas e 6,3% não justificadas pela IHAC. As justificativas não aceitáveis mais prevalentes foram “situação relacionadas a condição materna” (8,1%). Os fatores associados as prescrições de fórmula infantil justificadas foram o número de consultas pré-natal inferior a seis, parto Cesária, entre 37 a 38 semanas gestacionais e peso ao nascer. A cesárea foi o único fator associado à prescrição de fórmula infantil justificada e não justificada. Conclusões: Identificou-se que mesmo em um Hospital Amigo da Criança, cujas diretrizes são centradas na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, prescrições de fórmula infantil sem justificativa clínica adequada ainda persistem.
PREVALÊNCIA DE PNEUMONIA E FATORES ASSOCIADOS APÓS A INTRODUÇÃO DA VACINA PNEUMOCÓCICA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Aurélio, Nilvia Soares1, Bierhals, Isabel Oliveira1, Bertoldi, Andréa Dâmaso1, Silveira, Mariângela F.1, Santos, Iná S.1
1 UFPEL
Introdução: A pneumonia é uma das principais causas de morte em crianças de países de baixa e média renda. Buscamos descrever a prevalência e os fatores associados à pneumonia, de 0 a 6-7 anos de idade, após a introdução da vacina pneumocócica no Brasil.
Métodos: A ocorrência de pelo menos um episódio de pneumonia diagnosticado por médico, relatado pela mãe, foi investigada aos 12, 24, 48 e 72 meses na Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. As variáveis independentes incluíram características da família e da criança ao nascer, amamentação e situação vacinal. Razões de prevalência com IC95% foram estimadas através de regressão de Poisson não ajustada e multivariada com variância robusta.
Resultados: Nos acompanhamentos de 12, 24, 48 e 72 meses, respectivamente, foram avaliadas 4.014, 4.006, 3.997 e 3.862 crianças. No primeiro, segundo, 2-4 e 4-6 anos a prevalência de pelo menos um episódio de pneumonia foi de 7,9% (6,8-8,4%), 5,9% (5,2-6,6%), 6,7% (6,0-7,5%) e 3,4% (2,9-4,0%), respectivamente. A prevalência de 0 a 6-7 anos foi de 16,7% (15,5-18,0%) e a recorrência no mesmo período foi de 5,5% (4,8-6,2%). Maior paridade materna e prematuridade foram os fatores mais consistentemente associados ao risco aumentado de pneumonia. A recorrência foi associada à maior paridade materna e à idade jovem das mães.
Conclusão: Quase uma em cada cinco crianças de 6-7 anos apresentou história positiva de pneumonia, principalmente no primeiro ano de vida. A maior paridade materna foi o fator mais forte e consistente associado à maior prevalência de pneumonia na infância.