Programa - Comunicação Coordenada - CC2.23 - Mortalidade por Doenças Crônicas não transmissíveis e Fatores Associados ao Bem-Estar
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
17:00 - 18:20
INSATISFAÇÃO CORPORAL EM UNIVERSITÁRIOS MINEIROS: ASSOCIAÇÃO COM SEXO E ATIVIDADE FÍSICA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Ribeiro, I. O.1, Carvalho, P. H. B.1, Bicalho, M. G. P.1, Santos, F. R.2, Meireeles, A. L.3, Freitas, E. D.1
1 UFJF/campus GV
2 UFJF
3 UFOP
Objetivos: Descrever a frequência da insatisfação corporal de universitários mineiros, por sexo, e sua associação com a prática de atividade física (AF). Métodos: Estudo multicêntrico, transversal, que incluiu universitários maiores de 18 anos matriculados em cursos de graduação de 8 Universidades Federais no estado de MG. As respostas foram obtidas por autorrelato, por meio de questionário virtual, composto por características sociodemográficas e acadêmicas, hábitos de vida, condições de saúde, entre outras. A amostra foi composta por 8.650 estudantes. Foram calculadas frequências relativas e odds ratio; com nível de significância de 95%. Resultados: Insatisfação com o corpo como um todo foi relatada por 42,22% da amostra; insatisfação com a musculatura foi 61,26% e risco para transtorno alimentar foi de 25%. Todas essas frequências foram significativamente maiores no sexo feminino (p< 0,05), chegando a 44,58% de insatisfação com o corpo como um todo (versus 38,07% em homens); 65,23% com a musculatura (versus 53,67% em homens); e 29,47% de risco para transtorno alimentar (versus 16,45% em homens). A chance de insatisfação corporal foi maior, tanto em homens (OR = 2,44; IC95% 2,08–2,87) quanto mulheres (OR = 1,82; IC95% 1,63–2,03), que praticam AF. Conclusões: A insatisfação corporal é relevante entre universitários, sobretudo para o sexo feminino – a maior pressão estética sofrida pelas mulheres, desde a infância, pode estar entre as causas. A prática de AF, conhecidamente um hábito saudável, pode ser realizada como resposta ao descontentamento com o próprio corpo, e estar associada ainda a comportamentos de risco, por exemplo, comer transtornado.
ASSOCIAÇÃO ENTRE TEMPO DE DESLOCAMENTO PASSIVO E SONO INSUFICIENTE: ESTUDO ELSA-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silva, R. B.1, Lopes, G. W.2, Fonseca, M. J. M. D.3, Griep, R. H.2
1 Programa de Pós-graduação Em Epidemiologia em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz
2 1. Programa de Pós-graduação Em Epidemiologia em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz. 2. Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz. Fiocruz
3 1. Programa de Pós-graduação Em Epidemiologia em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz. 2. Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz
Objetivo: Analisar a associação entre deslocamento passivo e sono insuficiente entre trabalhadores de seis capitais brasileiras. Métodos: Estudo transversal com dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA- Brasil). Foram incluídos os trabalhadores ativos da segunda visita de seguimento (n = 8935), ocorrida entre 2017 e 2019. O tempo de deslocamento por carro, ônibus, metrô ou trem foi avaliado pela forma longa do Questionário Internacional de Atividade Física, calculado em horas por dias úteis e categorizado em tercis. A duração do sono por noite foi autorreferida, definindo-se sono insuficiente como <7 horas e comparando-se a ≥7 horas. Foram excluídos participantes com deslocamento superior a 8 horas diárias (n = 51) ou dados faltantes (n = 645). Modelos de Poisson com variância robusta foram ajustados por variáveis sociodemográficas. Resultados: Analisamos 8239 indivíduos, com média de 56 anos. A mediana de deslocamento passivo diário foi 1.4 horas (0.70;2.40), sendo maior no Rio de Janeiro (1.75 horas) e menor no Espírito Santo (1 hora). O maior tercil de deslocamento apresentou menor proporção de brancos, maior proporção de pretos e pardos e menor renda domiciliar per capita em relação aos tercis inferiores. Comparados aos indivíduos com deslocamento passivo inferior a 1 hora diária, aqueles que se deslocaram de 1-2 horas apresentaram prevalência 6% maior (IC95% 1.01-1.12) de sono insuficiente. Indivíduos que se deslocaram por mais de 2 horas apresentaram prevalência 24% maior (IC95% 1.18-1.30) do desfecho. Conclusão: Deslocamento passivo superior a 1 hora diária associou-se à maior prevalência de sono insuficiente em trabalhadores ativos.
DESIGUALDADE EDUCACIONAL NA MORTALIDADE POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, COLÔMBIA 1999-2017
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Valdés-Giraldo P1, Munera-Moreno V1, Ordóñez-Monak I2, Arroyave I1, Trujillo N1
1 Faculdade Nacional de Saúde Pública – Universidade de Antioquia, Medellín, Colômbia
2 Faculdade de Medicina – Universidade Nacional, Bogotá, Colômbia
Objetivo: Descrever a tendência da desigualdade na mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC) segundo nível educacional, idade e sexo na população colombiana no período 1999-2017.
Métodos: Estudo descritivo longitudinal. Os dados nacionais de mortalidade por AVC foram obtidos de bases de dados populacionais oficiais de fontes secundárias. Foram realizadas análises de frequência, padronização das taxas por idade e sexo e análise de desigualdade.
Resultados: No período 1999-2017 foram registadas 262.350 mortes por acidente vascular cerebral em pessoas com mais de 25 anos. A taxa de mortalidade mais elevada foi registada em mulheres e homens com 65 anos ou mais, com 360,37 e 351,57 mortes por 100.000 habitantes, respectivamente . De acordo com o nível de escolaridade, a taxa de mortes por esta causa foi maior nas pessoas com nível primário, enquanto aquelas com nível de escolaridade superior foi menor em comparação com os dois níveis mais elevados. Os departamentos com maior mortalidade (por 100.000 habitantes) foram Sucre, Atlântico e Valle del Cauca; enquanto aqueles com menor mortalidade foram Vaupés, Putumayo e La Guajira.
Conclusões: A mortalidade por acidente vascular cerebral diminuiu durante os 19 anos estudados, no entanto, é um exemplo de iniquidade em saúde na Colômbia porque as disparidades no nível educacional continuam a ser muito grandes; e as evidências sugerem que, com políticas governamentais adequadas, o seu custo económico e social poderia ser reduzido.
SENSO DE COERÊNCIA E COMPORTAMENTOS DE SAÚDE NA IDADE ADULTA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Danigno, J. F.1, Motta, J.V.S.1, Hartwig, F.1, Horta, B.L.1
1 UFPel
Objetivo: Avaliar associação entre Senso de Coerência (SOC) e comportamentos de saúde entre indivíduos de 40 anos de uma coorte de nascimentos. Métodos: Foram utilizados dados da coorte de nascimento de Pelotas - dados coletados no estudo perinatal, dois, quatro e 40 anos. A variável de exposição principal, SOC, coletada com a versão reduzida do instrumento - SOC-13. Os desfechos foram consumo de alimentos ultra processados, atividade física no lazer, uso de drogas ilícitas, uso abusivo de álcool e tabagismo. Realizada regressão de Poisson com ajuste robusto da variância para estimar razão de prevalência dos comportamentos com ajuste para possíveis variáveis de confusão. Todas as análises foram realizadas no software Stata, com nível de significância de 0,05. Resultados: No acompanhamento de 40 anos, 3074 indivíduos foram avaliados, somadas aos óbitos identificados na coorte, representaram taxa de acompanhamento de 58,8%. Na análise bruta, senso de coerência esteve associado ao tabagismo, uso abusivo de álcool, uso de drogas ilícitas e elevado consumo de alimentos ultraprocessados. Após ajuste para confundidores, SOC permaneceu associado ao uso abusivo de álcool e uso de drogas ilícitas. Participantes no quarto quartil de SOC apresentaram uma redução de 58% na probabilidade de relatar uso abusivo de álcool (RR 0.42, 95%CI 0.28-0.64) e 46% para o uso de drogas ilícitas (RR 0.54, 95%CI 0.40-0.72) em comparação com aqueles no primeiro quartil. Conclusões: Um maior SOC está associado a menor probabilidade de envolvimento em comportamentos de saúde mais prejudiciais, como consumo prejudicial de álcool e uso de drogas ilícitas, na idade adulta.
SATISFAÇÃO COM A VIDA PREDIZ MORTALIDADE ENTRE ADULTOS: RESULTADOS DO ELSA-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Santos, A. E.1, Camelo, L. V.1, Griep, R. H.2, Barreto, S. M.1, Giatti, L.1
1 UFMG
2 Fundação Oswaldo Cruz
Objetivos
Investigar a associação entre satisfação com a vida e mortalidade por todas as causas e verificar se a magnitude dessas associações difere em adultos e idosos.
Métodos
Análise longitudinal envolvendo 13.925 servidores públicos participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) presentes na visita 2 (2012-2014) monitorados até a data do óbito, perda de seguimento ou final do período deste estudo (02/04/2020). A satisfação com a vida, avaliada pela Satisfaction With Life Scale, foi categorizada em satisfeito (≥20) e insatisfeito (<20). Foram utilizados modelos de Cox em adultos e idosos separadamente devido presença de interação multiplicativa entre satisfação com a vida e idade (valor de p<0,05).
Resultados
A prevalência de insatisfação com a vida foi maior entre idosos do que adultos (9,6% versus 5,4%). O tempo médio de seguimento foi de 5,8 anos, as taxas de densidade de incidência de mortes foram 5,3/1.000 pessoas-ano (IC95%:3,8–7,5) em adultos insatisfeitos com a vida e 16,7/pessoas-ano (IC 95%: 9,5–29,3) em idosos insatisfeitos. A probabilidade acumulada de sobrevida foi menor em adultos insatisfeitos comparados aos satisfeitos (p=0,002), mas em idosos. Após ajustes por características sociodemográficas, doenças crônicas e depressão, adultos insatisfeitos com a vida apresentaram aumento de 57% na mortalidade (HR=1,57; IC 95%: 1,03-2,37) comparados aos satisfeitos. Nenhuma associação foi encontrada entre idosos.
Conclusões
A insatisfação com a vida contribui para maior mortalidade por todas as causas dos adultos, mas não para os idosos. Melhorar a satisfação com a vida pode contribuir para redução da mortalidade em adultos.