Programa - Comunicação Coordenada - CC3.1 - Tuberculose: Desafios e perspectivas
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
TUBERCULOSE DROGARRESISTENTE: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA NO RIO DE JANEIRO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Figueiredo, J.C.1, Mota, M.M.1, Praça, H.L.1, Gibson. G.1, Pinheiro, R.S.1, Viana, P.V.S.2, Paiva, N.S.1, San Pedro, A.1
1 UFRJ
2 ENSP
Objetivo: Analisar o perfil sociodemográfico e clínico-epidemiológico dos casos de tuberculose drogarresistente no município do Rio de Janeiro. Método: Estudo descritivo de série histórica com dados de notificações do SITETB entre 2015 e 2022. Foram analisados os tipos de resistência (primária e adquirida) segundo as variáveis sexo, raça/cor, escolaridade e faixa etária, além de forma clínica, padrão de resistência e situação de encerramento. O teste do qui-quadrado de Pearson foi utilizado para identificar as variáveis significativamente associadas ao tipo de resistência (p<0,05). Resultados: Foram notificados no período 1.113 casos novos, sendo 63,3% por resistência primária. A frequência de resistência primária e adquirida foi maior no sexo masculino, na raça/cor parda e na faixa de 20 a 39 anos. Entre crianças e jovens (0 a 19 anos) as frequências foram 9,9% e 4,9%, respectivamente. Em relação à escolaridade, ambos os tipos foram mais frequentes em indivíduos com menos de 8 anos de estudo. Houve predomínio de casos pulmonares em ambos os tipos de resistência (93,9% e 94,6%,), e de casos multirresistentes ou extensivamente resistentes (MDR/XDR) (71,8% e 74,8%). Quanto ao encerramento, observou-se frequências de sucesso terapêutico de 67,8% e 56,6%, com preocupante percentual de perda de seguimento (13,9% e 27,5%, respectivamente). Somente as variáveis sexo e forma clínica não estiveram associadas ao tipo de resistência. Conclusões: Aspectos sociodemográficos e clínico-epidemiológico devem ser considerados no aprimoramento da vigilância e na proposição de ações de controle.
FATORES ASSOCIADOS A DESFECHOS DESFAVORÁVEIS NO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE DROGARESSISTENTE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Praça, H.L.F.1, Figueiredo, J. C.1, Mota, M. M.1, Pinheiro, R. S.1, Viana, P. V. de S.2, Paiva, N. S.1, San Pedro, A.1, Gibson. G.1
1 IESC/UFRJ
2 ENSP/FIOCRUZ
Objetivo: Analisar os fatores clínicos-epidemiológicos associados aos casos de TBDR que tiveram desfechos desfavoráveis no tratamento do município do Rio de Janeiro. Método: Estudo analítico baseado em casos notificados no SITETB entre 2015 e 2022, residentes no município do Rio de Janeiro. Foram calculadas as razões de chance e intervalos de confiança considerando situações desfavoráveis de encerramento do tratamento (interrupção, falência e óbito) segundo variáveis clínico-epidemiológicas (sexo, raça/cor, escolaridade, faixa etária, tipo de resistência, comorbidades e quantidade de tratamentos anteriores). Resultados: Tiveram maiores chances de interrupção do tratamento pessoas do sexo masculino, da raça/cor preta, com menos de 8 anos de estudo, com resistência adquirida, histórico de mais de um tratamento anterior, além de tabagistas, usuários de drogas ilícitas, uso abusivo de álcool, pessoas que desenvolveram Aids e com resistência múltipla ou extensiva. Entre diabéticos, a chance de interrupção do tratamento foi significativamente menor quando comparados aos não diabéticos. Em relação à falência terapêutica, chances significativamente maiores foram observadas entre casos com resistência múltipla ou extensiva e casos com histórico de tratamentos anteriores. Já em relação a chance de óbito, foram observadas maiores chances entre aqueles com menor escolaridade, em faixas etárias mais idosas, uso abusivo de álcool, tabagistas e entre pessoas que desenvolveram Aids. Conclusões: Os achados revelam um perfil de maior vulnerabilidade entre casos que apresentam desfechos desfavoráveis no tratamento de TBDR, em especial, na situação de interrupção de tratamento. Aspectos sociodemográficos e clínico-epidemiológicos devem ser considerados no aprimoramento dos esquemas de tratamento de TBDR.
COINFECÇÃO TB-HIV: UTILIZANDO MODELOS DE MACHINE LEARNING PARA PREDIÇÃO DE CASOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Abade, A.S1, Porto, L.F2, Scholze, A.R3, Kunrath, D2, Barros, N.S2, Berra, T.Z4, Ramos, A.C.V5, Arcêncio, R.A4, Alves, J.D2
1 IFMT
2 UFMT
3 UENP
4 EERP-USP
5 UEMG
Objetivo: Descrever a tendência temporal da coinfecção TB/HIV e gerar previsões, explorando desde modelos estatísticos clássicos até técnicas de aprendizado de máquina.
Métodos: estudo ecológico de série temporal, aplicando modelagem preditiva, realizado em Mato Grosso, localizado na Região Centro-Oeste do Brasil. Foram utilizados casos de coinfecção TB/HIV notificados entre 2012 e 2023. A incidência foi calculada e estratificada para homens, mulheres e população geral. Modelos tradicionais como Exponential Smoothing and Autoregressive Integrated Moving Average (ARIMA) foram inicialmente aplicados, fornecendo uma base para a compreensão da tendência temporal geral e da presença de sazonalidade. Posteriormente, modelos de aprendizado de máquina, incluindo Support Vector Regression (SVR), Extreme Gradient Boosting (XGBoost) e Redes Neurais Profundas, como Long Short-Term Memory (LSTM) e Convolutional Neural Networks (CNN), foram testados para encontrar o melhor modelo e capturar a dinâmica complexa da coinfecção TB/HIV e as não linearidades inerentes aos dados. A avaliação de desempenho foi baseada em métricas de erro como MSE, MAE e sMAPE. Resultados: os modelos de aprendizagem profunda, especialmente LSTM bidirecional e CNN combinados com LSTM, superaram significativamente os métodos estatísticos clássicos, demonstrando a eficácia dessas técnicas para modelar séries temporais da coinfecção TB/HIV fornecendo, consequentemente, modelos de previsão mais precisos. Conclusões: apesar da aplicabilidade dos modelos estatísticos clássicos, os modelos de aprendizagem profunda mostraram superioridade na captura de padrões complexos nos dados. A comparação entre os modelos destaca a influência das características dos dados sobre a eficácia preditiva dos modelos. A escolha do modelo adequado deve considerar não apenas o desempenho teórico dos modelos, mas também a natureza específica dos dados.
IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA DETECÇÃO DA TUBERCULOSE EM UM BRASIL HETEROGÊNEO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Arroyo, L. H.1, Cervieri, G. P. O.1, Silva Júnior, J. N. B.1, Lizzi, E.A.A.2, De Mello, M.S.3, Heráclio, I.L.H.1, Pelissari, D. M.1, Costa, Y. B.1, Harada, L.O.1, Istilli, P. T.4, Yamamura, M.5
1 Coordenação-Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias Não Tuberculosas/ Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente/ Ministério da Saúde
2 Programa de Pós- Graduação em Bioinformática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná- campus Cornélio Procópio, / Programa de Fortalecimento da Epidemiologia e Serviços de Saúde/ Ministério da Saúde
3 De Mello, M.S Coordenação-Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias Não Tuberculosas/ Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente/ Ministério da Saúde
4 Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis/ Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente/ Ministério da Saúde
5 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de São Carlos
Objetivos: Estimar o impacto da pandemia de covid-19 na detecção de pessoas com tuberculose nas Unidades da Federação (UF).
Métodos: Estudo ecológico com análise de série temporal que utilizou dados secundários de casos novos de tuberculose notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) entre 2001 e 2022. Foram realizadas duas análises temporais, uma interrompida e uma preditiva. Para a análise da série temporal interrompida utilizamos modelo de regressão segmentada, enquanto para predição de casos nos anos de 2020 a 2022, modelo ARIMA. Para as duas análises, os dados foram agregados por UF de residência.
Resultados: Em 2020 houve redução de 11,5% no registro de casos de tuberculose comparado a 2019 . Na série temporal interrompida, 11 UFs apresentaram redução dos casos em 2020, variando negativamente de 7% a 19%. Referente a inclinação da curva, 13 UFs registraram um aumento gradual no número de casos em 2021 e 2022. Considerando o modelo de predição ARIMA, e stimou-se que 8.646 casos em 2020 e 4.745 em 2021, não foram identificados. Em 2022, todas as UFs notificaram o número de casos esperados pelo modelo preditivo, superando em 3.609 casos o valor estimado nacionalmente.
Conclusões: O Brasil enfrentou impactos significativos e distribuídos geograficamente heterogêneos na detecção da TB devido à pandemia da covid-19. Atualmente, o país está em um período de recuperação dos progressos anteriormente alcançados. É essencial fortalecer a rede de colaboração entre as diferentes esferas governamentais para retomar as ações em locais com maiores dificuldades estruturais e econômicas.