Programa - Comunicação Coordenada - CC3.4 - Impactos da Atividade Física, Eventos Negativos e Assistência na Saúde Cardiovascular e Diabetes
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
ASSOCIAÇÕES PROSPECTIVAS DE ATIVIDADE FÍSICA, TEMPO SEDENTÁRIO E EVENTOS CARDIOVASCULARES
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Alves, C.P.L1, Costa, E.C2, Bielemann, R.M1, Silva, I.C1
1 UFPel
2 UFRN
Objetivo: Investigar as associações independentes, estratificadas e conjuntas do tempo sedentário (TS) e da atividade física (AF) com eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAMs) em idosos residentes na comunidade. Métodos: Uma coorte prospectiva baseada na população de idosos (≥60 anos) de Pelotas/Brasil foi recrutada em 2014. O TS e a atividade física moderada a vigorosa (AFMV) foram estimados por dados brutos de acelerômetro. Os participantes foram categorizados de acordo com seu TS (mediana: baixo/alto) e níveis de AFMV (tercis: baixo, médio, alto). Os ECAMs foram definidos como eventos não fatais e fatais, incluindo isquemia miocárdica, derrame, insuficiência cardíaca e mortalidade por todas as causas. Modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox foram utilizados para análise dos dados. Resultados: Um total de 965 participantes foi incluído na análise final (seguimento mediano: 2,6 anos; ECAMs: 306). A análise independente revelou que o TS não estava associado aos ECAMs quando ajustado pela AFMV (HR 0,98, 0,68-1,40). No entanto, o tercil mais alto de AFMV foi associado a um menor risco de ECAMs, mesmo ajustado pelo TS e histórico de ECAMs não fatais (HR 0,58, 0,34-0,96). Não foram observadas associações significativas nas análises estratificadas e conjuntas de TS/AFMV com ECAMs (p>0,05). Conclusões: Em conclusão, nosso estudo sobre idosos destaca associações significativas entre os tercis mais altos de AF e ECAMs quando analisados de forma independente, enquanto não foram encontradas associações significativas para o TS. No entanto, quando examinadas em análises estratificadas e conjuntas, essas associações não foram significativas. Esses achados ressaltam a complexidade da interação entre TS, AFMV e ECAMs em idosos.
TENDÊNCIA DA MORTALIDADE POR DIABETES MELLITUS NO PIAUÍ, 2010-2022
Comunicação coordenada (apresentação oral)
REGO, P. V. L.1, Cunha, S. V.1, Bastos, F. G. T.1, Barros, I. C. A.1, Rodrigues, M. T. P.1, Mascarenhas, M. D. M.1
1 UFPI
Objetivos: Analisar características epidemiológicas e tendência temporal da mortalidade por Diabetes Mellitus (DM) no estado do Piauí, 2010-2022, na busca de compreender os fatores determinantes desses óbitos na região. Métodos: Estudo ecológico de séries temporais com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), incluindo óbitos cuja causa básica foi classificada baseada na lista de morbidade da 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Os dados da população residente foram extraídos das projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Empregou-se regressão linear de Prais-Winsten. Resultados: Registraram-se 19.438 óbitos por DM, com maior proporção na população feminina (54,82%), faixa etária de 80 anos ou mais (34,45%), cor da pele parda (64,82%), residentes da região de saúde Entre Rios (35,93%). A taxa de mortalidade média do período foi de 46,1 óbitos/100 mil habitantes. A mortalidade por DM apresentou tendência crescente [variação percentual anual (VPA)=1,68; IC95%:0,79;2,57], com tendência de crescimento tanto no sexo feminino (VPA=0,95: IC95%:0,28;1,62), quanto no sexo masculino (VPA=2,52: IC95%:1,33;3,72). Porém, apresentou tendência de estabilidade em todas as faixas etárias, desde crianças de 0 a 9 anos (VPA=-2,11; IC95%:-5,15;1,01) até idosos com 80 anos ou mais (VPA=0,77; IC95%:-1,05;2,63). Não houve tendência de redução em nenhuma das amostras analisadas. Conclusões: Apesar dos avanços em relação a tratamento e cuidados com paciente diabéticos, a mortalidade por DM no Piauí apresentou tendência crescente. Ações de promoção da educação em saúde se fazem essenciais no contexto de prevenção de mortes.
ASSOCIAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA SEXUAL E DOENÇAS CARDIOVASCULARES NA VIDA ADULTA NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
SILVA, E. P.1, VASCONCELOS, M. S. L.1, GOMES, L. E. S.1, ARAÚJO, L. F.1
1 UFC
Objetivo
Avaliar as associações entre a violência sexual ao longo da vida e as doenças cardiovasculares em adultos.
Metodologia
Estudo transversal com 70.896 adultos com idades entre 18 e 64 anos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), edição 2019. As variáveis incluíram exposição à violência sexual ao longo da vida e presença de doenças cardiovasculares. Todas as análises foram estratificadas por gênero, considerando o sexo como um proxy. A regressão logística estimou as magnitudes das associações e os intervalos de confiança de 95% entre as exposições e os desfechos. Ajustes sequenciais incluíram idade, cor da pele, orientação sexual, escolaridade e região, utilizando software Stata, versão 14.0.
Resultados
Nossos resultados mostraram maior prevalência de mulheres (52,5%), idade entre 35 e 44 anos (23,8%, cor parda (45,1%), residentes na região sudeste (42,9%) e em áreas urbanas (86,4%), ensino médio completo (38,7%) e renda de até 1 salário mínimo (28,4%). Além disso, mulheres expostas à violência sexual apresentaram prevalência significativamente maior de doenças cardiovasculares do que homens (12,77% vs. 2,21%, p <0,01). As chances de doenças cardiovasculares em mulheres com violência sexual ao longo da vida foram 74% maiores (Odds Ratio 1,74; IC 95% 1,32-2,29) do que nas não expostas, sem associação observada nos homens.
Conclusão
As mulheres foram mais frequentemente vítimas de violência sexual ao longo da vida, apresentando uma prevalência mais elevada de doenças cardiovasculares em comparação com os homens. Reconhecer a violência sexual como um fator de risco para doenças cardiovasculares, especialmente entre as mulheres, é de suma importância.
EVENTOS NEGATIVOS DE VIDA E INCIDÊNCIA DE EVENTOS CARDIOVASCULARES NA COORTE ELSA-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Bivanco-Lima, D.1, Silva, S.V.2, Santos, I.S.2, Goulart, A.C.3, Lotufo, P.A.2, Benseñor, I.J.M.2
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP; Universidade São Caetano do Sul; Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo
2 Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo
3 Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Objetivos: Analisar a associação entre eventos negativos de vida (ENV) e a incidência de eventos cardiovasculares maiores. Métodos: O estudo é uma coorte prospectiva de servidores públicos em seis cidades brasileiras com objetivo de avaliar fatores associados às doenças cardiovasculares e diabetes (ELSA-Brasil). Foram incluídos 15.105 funcionários públicos entre 35 e 74 anos, entre 2008 e 2010. Os ENV foram avaliados nos últimos doze meses (hospitalização, dificuldade financeira, luto, rompimento amoroso e assalto/roubo). Os desfechos foram uma composição de mortalidade por causas cardiovasculares, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e síndromes coronarianas agudas, avaliados anualmente até 31 de dezembro de 2013. Foi realizada análise bivariada e modelo de risco proporcional de Cox, bruto e ajustado para características sociodemográficas, fatores de risco cardiovascular e transtorno depressivo maior. O estudo foi aprovado nos comitês de ética em pesquisa de todos os centros. Resultados: O total de participantes desta análise foi de 14.522 indivíduos, após a exclusão daqueles com eventos cardiovasculares prévios e dados incompletos. Um total de 6.072 (41,8%) apresentavam ao menos um ENV no último ano e 274 (1,89%) indivíduos apresentaram novos eventos cardiovasculares maiores. O hazard ratio (HR) ajustado de qualquer ENV para novos eventos foi de 1,43 (intervalo de confiança (IC) 95% 1,12-1,82), sendo que para hospitalização nos últimos 12 meses foi de 1,87 (IC 95% 1,36 – 2,58) e dificuldade financeira de 1,37 (IC 95% 1,03 – 1,83). Conclusão: Os ENV (em especial hospitalização recente e dificuldade financeira) se constituem como fator de risco para eventos cardiovasculares maiores.