Programa - Comunicação Coordenada - CC3.6 - Avaliação e Validação de Instrumentos e Indicadores em Saúde
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
EVIDÊNCIA PSICOMÉTRICA DE UM INSTRUMENTO PARA DETECÇÃO DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Marques, E.S.1, Leite, T.H.1, Mesenburg, M.A.2, Theme Filha, M.M.2, Baldisserotto, M.L.3, Nakamura-Pereira, N.4, Leal, M.C.2
1 UERJ
2 FIOCRUZ
3 UFRJ
4 IFF/FIOCRUZ
Objetivo: Examinar a consistência interna e a estrutura dimensional da versão em português do instrumento “mistreatment of women during facility-based childbirth”, proposto por Bohren e colaboradores.
Métodos: Utilizou-se dados da amostra representativa do estado do Rio de Janeiro oriundos da Pesquisa Nascer no Brasil II (n=1.221). As puérperas foram entrevistadas por meio de ligação telefônica ou link de autopreenchimento enviado por WhatsApp aos 4 meses após o parto entre 2021/2024. Utilizou-se o estimador α de Cronbach para avaliar a consistência interna e a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) para avaliar a estrutura configural e métrica do instrumento.
Resultados: As estimativas do α de Cronbach variaram de 0,47 a 0,80, sendo que as dimensões (i) violência psicológica, (ii) negligência, e (iii) fluídos, mobilidade e acompanhante apresentaram valores acima de 0,70. Os índices de ajustes obtidos na AFC referente ao modelo de 7 fatores proposto por Bohren et al. (2015) foram RMSEA: 0,042 (0,040-0,044), CFI: 0,900 e TLI: 0,890. A estrutura fatorial apresentou cargas fatoriais entre 0,087 e 0,998 (λi > 0,60 em 30 itens; sendo que 16 itens apresentaram λi > 0,80). O diagnóstico via índices de modificação sugeriu possíveis cargas cruzadas.
Conclusões: Se corroborado em estudos futuros, o instrumento pode ser uma ferramenta importante para mensuração de violência obstétrica em estudos epidemiológicos. Ressalta-se a necessidade de mais estudos que incluam a avaliação destas e outras propriedades psicométricas não incluídas no presente trabalho, tais como análise da validade convergente, estrutura escalar e outros aspectos da confiabilidade (inter ou intra-obervador).
ANSIEDADE EM ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS: VALIDAÇÃO DO PATIENT HEALTH QUESTIONNAIRE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pinheiro, E. S.1, Lua, I.1, Carneiro, C. M. M.1, Morais, A. C.1, Lemos, L. M.1, Souza, V. A.1, Adorno, M. V. L.1, Araújo, T. M.1
1 UEFS
OBJETIVO: Avaliar as propriedades psicométricas do Patient Health Questionnaire (PHQ) para mensuração de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em adolescentes e adultos jovens brasileiros. METODOLOGIA: Estudo de validação com amostra de 771 participantes com idade entre 15 e 24 anos. Dados provenientes de estudo transversal realizado em 2018-2019, com uso de questionário estruturado com informações sociodemográficas e PHQ (composto por sete itens de rastreio de TAG). Foi verificada a validade do construto através da análise fatorial exploratória e confirmatória, validade convergente, discriminante e a consistência interna (CC - confiabilidade composta). RESULTADOS: O TAG em adolescentes e adultos jovens apresenta estrutura unidimensional ou bidimensional, com melhores ajustes para o modelo bidimensional (RMSEA: 0,015; CFI: 0,99 e TLI: 0,99). Hipotetiza-se dois fatores: cognitivo-emocional no qual carregaram 4 itens (com cargas de 0,46 a 0,80) e o somático com 3 itens (com cargas de 0,75 a 0,86), com validade discriminante confirmada (0,78). A validade convergente também foi corroborada com VME do fator 1 de 0,40 e do fator 2 de 0,65. Com consistência interna satisfatória para o modelo bidimensional (CC = 0,72 fator 1 e 0,85 fator 2). CONCLUSÃO: A versão brasileira do PHQ apresentou evidências de propriedades psicométricas aceitáveis para o rastreamento do TAG em adolescentes e adultos jovens. Pode ser importante ferramenta para a vigilância em saúde mental, permitindo diagnóstico e intervenções precoces.
MEDIAÇÃO CAUSAL COM VARIÁVEIS LATENTES: O IMPACTO DA GESTÃO MUNICIPAL NA QUALIDADE DA APS.
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Amorim, L.D.A.F1, Passos, M.P.V.2, Aquino, R.1, Flores-Quispe M.P.2, Martufi, V.2, Pinto Júnior, E.P.2, Barreto, M.L.2, Taddeo, M.M.1
1 UFBA
2 CIDACS-FIOCRUZ
Objetivos: Estimar o efeito da adequação da gestão municipal sobre a qualidade da Atenção à Saúde da Criança (ASC), mediado pelo planejamento e organização dos serviços (POS), na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, via mediação causal com variáveis latentes, bem como disseminar a metodologia de análise. Métodos: A adequação da gestão municipal (exposição) foi medida com dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (2011). Caracterizamos a qualidade da POS e da ASC via análise de classes latentes (LCA) usando indicadores binários provenientes dos primeiro e terceiro ciclos do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Utilizamos modelos marginais estruturais com variáveis latentes categóricas para a análise de mediação causal via efeitos natural direto (NDE) e natural indireto (NIE) para decompor o efeito da gestão municipal na qualidade da ASC, incluindo confundidores municipais. NDE e NIE foram estimados na escala da razão de chances, incluindo intervalos de 95% de confiança. Resultados: A LCA identificou duas classes para a POS e ASC, sendo 58,4% e 88,1%, respectivamente, as prevalências das classes com melhor adequação da qualidade. Os efeitos estimados e IC95% foram NDE= 1,23(1,08;1,39) e NIE = 1,05(0,93;1,19). Conclusões: O estudo apontou efeito causal direto significativo da gestão municipal na qualidade da ASC nas equipes da APS. Ressalta-se a importância das variáveis latentes no procedimento de estimação do NDE e NIE. A disseminação de metodologias que incorporem a estrutura causal e a natureza dos dados é fundamental para a estimação de medidas de avaliação de impacto.
CONSUMO ALIMENTAR A PARTIR DA FOTO DE REFEIÇÃO: DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE ÍNDICE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Steluti, J.1, Carvalho, A.M.2, Domene, S.M.A.1, Okamoto Junior, J.2, Marchioni, D.M.2
1 Unifesp
2 USP
Objetivos: desenvolver e validar um índice de qualidade de refeição (IQR-foto), para ser aplicado em fotos de refeições (almoço ou jantar), considerando as dimensões de saudabilidade e sustentabilidade. Métodos: O índice contempla nove componentes e foi criado por especialistas da área, baseado em recomendações nacionais e internacionais no contexto de alimentação saudável e sustentável. Para validação, 90 voluntários fotografaram o prato e registraram todo o consumo. A validação do índice, na dimensão saudabilidade, foi realizada a partir da comparação pontuação total do IQR-foto, grupos alimentares e o valor nutricional da refeição, inclusive densidade energética (DE). Da dimensão de sustentabilidade, calculou-se indicadores de impactos ambientais dos alimentos a partir de bases de dados da WWF. A pontuação obtida no IQR-foto foi comparada com as variáveis de saudabilidade e sustentabilidade. Para análise estatísticas, utilizou-se correlações, análise de Bland e Altman e a estatística de Kappa para avaliar a concordância entre os índices considerando os tercis das variáveis. Resultados: Observa-se correlação positiva e significante (p<0,05) para a quantidade de fibras, legumes e verduras, cálcio, magnésio, fósforo, potássio, retinol e vitamina C, além de correlação negativa e significante (p<0,05) para densidade energética e vitamina D. Não houve relação entre o impacto ambiental e a qualidade da refeição (p>0,05). Conclusão: O índice não esteve relacionado a parâmetros de sustentabilidade, mas apresentou correlação positiva com características da refeição que são consideradas favoráveis, como presença de legumes e verduras e fibras, e inverso com densidade energética, que per se é considerado um indicador de qualidade da dieta.
TAXAS DE SOBREVIVÊNCIA EM CÂNCER: QUANDO PODEM SER COMPARADAS?
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Ziegelmann, P.K.1, Nagamine, C.M.L.2
1 UFRGS
2 UESB
Contexto: O câncer continua sendo uma das principais causas de morte no mundo e no Brasil. Estudos clínicos e epidemiológicos se preocupam em comparar a efetividade de novos tratamentos e de serviços de saúde utilizando como desfecho principal taxas de sobrevivência. Para estimar estas taxas, definição clara do marco inicial (diagnóstico ou cirurgia, por exemplo) e do final (morte pelo câncer ou morte por qualquer causa) são essenciais. Além disto, é importante escolher o tipo de taxa de sobrevivência a ser estimada (global, causa específica, relativa ou líquida) dependendo do objetivo do estudo e a luz de suas definições. Objetivo: Apresentar semelhanças e diferenças dos tipos de taxa de sobrevivência comumente estimadas para pacientes com câncer destacando suas diferenças e os problemas se elas forem comparadas. Métodos: Serão explorados os estimadores Kaplan Meyer (sobrevivência global e causa específica), Ederer II (sobrevivência relativa) e Pohar Perme (sobrevivência líquida) através de exemplos com dados simulados e dados de mundo real. Resultados: Os exemplos a serem apresentados mostram que as taxas de sobrevivência relativa e líquida são maiores quando comparadas as taxas de sobrevivência global e, por este motivo, não devem ser comparadas. Diferenças entre as taxas relativa e líquida podem ser parecidas ou distintas dependendo da distribuição etária das populações e experiência de mortalidade da população em geral. Conclusão: Comparação entre taxas de sobrevivência devem ser realizadas com cautela e, em certos casos, evitadas.