Programa - Comunicação Coordenada - CC3.8 - Saúde Cognitiva e Funcional em Idosos
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
DISPARIDADE RACIAL NA TRAJETÓRIA DA FUNÇÃO COGNITIVA: ACHADOS DO ESTUDO ELSA-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Feter, N.1, de Paula, D.1, Feter, J.1, Duncan, B.B.1, Schmidt, M.I.1
1 UFRGS
Objetivos: Examinar a associação entre raça/cor auto declarada e declínio cognitivo em adultos de meia-idade e idosos.
Métodos: Analisamos dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Os participantes foram recrutados entre 2008-2010 e acompanhados até 2017-2019. A classificação da raça cor foi autorrelatada segundo categorias do IBGE. A função cognitiva foi avaliada nos domínios de memória, linguagem e função executiva (linha de base e acompanhamento) e por escores globais baseados nos seis testes efetuados. A incidência de comprometimento cognitivo no acompanhamento foi definida por um escore global inferior a -1,5 desvio-padrão da média da amostra na linha de base. Utilizamos modelos ajustados de regressão linear misto, regressão de Poisson e de Laplace.
Resultados: Um total de 10.308 participantes tinha informação para ao menos uma visita de seguimento; 56% eram mulheres e a idade média era de 50,7 anos na linha de base. O declínio cognitivo anual foi mais acelerado em participantes pretos (β=-0,01; IC95%: -0,01, -0,01) e pardos (β=-0,01; IC95%: -0,01, -0,01) do que em brancos nos domínios de memória, linguagem e função executiva. A incidência de comprometimento cognitivo também foi maior em participantes pretos (RTI: 1,91; IC95%: 1,46, 2,51) e pardos (RTI: 2,02; 1,61, 2,55) do que em brancos. O início do comprometimento cognitivo ocorreu 5,8 e 5,2 anos mais cedo em pardos e pretos, respectivamente, comparados aos adultos brancos.
Conclusões: Os achados revelam disparidade racial no declínio cognitivo em adultos de meia-idade e idosos, com início mais precoce do comprometimento em grupos raciais menos privilegiados.
DUPLO DÉFICIT SENSORIAL E COMPROMETIMENTO COGNITIVO: EVIDÊNCIAS DO ESTUDO EPIFLORIPA IDOSO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Hillesheim, D.1, Figueiró, T. H.1, Quialheiro, A.2, Barros, V. N.1, Hallal, A. L. L. C.1, Zorzi, V. N.1, d´Orsi, E.1
1 UFSC
2 CESPU
Objetivo: Estimar a associação entre duplo déficit sensorial (auditivo e visual) e comprometimento cognitivo em pessoas idosas do sul do Brasil. Métodos: Estudo transversal, realizado com dados da 3ª onda do Estudo EpiFloripa Idoso (2017/2019), envolvendo pessoas com 60 anos ou mais que vivem em áreas urbanas de Florianópolis, SC. A variável dependente foi o comprometimento cognitivo, avaliado através do Mini Exame do Estado Mental (≤19 pontos sem escolaridade e; ≤23 pontos com escolaridade), enquanto a variável independente principal foi o déficit sensorial (categorizada em: sem déficit sensorial; apenas déficit auditivo; apenas déficit visual; duplo déficit sensorial). Realizou-se análise de Regressão Logística, considerando-se peso amostral. Três modelos foram criados: o primeiro bruto, o segundo ajustado por variáveis sociodemográficas, e o terceiro ajustado por variáveis sociodemográficas, consumo de álcool e tabaco e situação de saúde (morbidades, histórico de quedas, dependência em AVDs). Resultados: Participaram 1.335 pessoas, observando-se maior frequência de mulheres (63,0%). Em relação ao déficit sensorial, 10,8% dos participantes apresentaram duplo déficit. No modelo três, totalmente ajustado, os participantes com duplo déficit apresentaram uma probabilidade 4,22 vezes maior de ter comprometimento cognitivo (IC95%: 1,97-9,05) em comparação com aqueles sem déficit sensorial (apenas auditivo: OR: 2,02; IC95%: 1,12-3,65; apenas visual: OR: 1,80; IC95%: 0,98-3,30). Conclusões: Existe associação entre duplo déficit sensorial e comprometimento cognitivo. Pessoas com duplo déficit sensorial têm aproximadamente quatro vezes mais chance de comprometimento cognitivo em comparação com aquelas sem déficit sensorial.
PERFIL DE BIOMARCADORES IMUNOLÓGICOS EM ADULTOS MAIS VELHOS - ELSI-BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Lima-Silva, M.L.1, Mambrini, J.V.M.1, Torres, K.C.L.1, Nascimento-Souza, M.A.1, Teixeira-Carvalho, A.1, Martins-Filho, O.A.1, Lima-Costa, M.F.1, Peixoto, S.V.1
1 Fiocruz Minas
Objetivo: Caracterizar a imunossenescência na população de adultos mais velhos brasileiros, segundo idade e sexo. Métodos: A amostra incluiu participantes do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) que forneceram amostras sanguíneas na primeira onda (2015/2016). O desfecho da análise foi a avaliação da concentração sérica de citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento mensurados pela metodologia Luminex, gerando resultados em pg/mL. A exposição de interesse foi a variável idade. A associação entre níveis séricos de biomarcadores e idade foi avaliada pelo modelo de regressão quantílica estratificado por sexo e ajustado por escolaridade, zona e região de residência, consumo de álcool, tabagismo, atividade física e diagnósticos autorreferidos de hipertensão, diabetes, asma, artrite e câncer, considerando nível de significância de 0,05. Resultados: A amostra foi composta por 2.111 participantes, a idade média foi 62,9 anos e a maioria era do sexo feminino (52,7%). Os biomarcadores CXCL10, TNF-α, IL-6, IL-17, IL-2, CCL11 e IL-4 mostraram associações significativas e positivas com a idade, a citocina IL-1Ra apresentou associação negativa. O perfil de distribuição sérica entre os sexos foi semelhante. Foi observado um perfil inflamatório caracterizado pelas respostas imunológicas do tipo 1 associada com a defesa contra infecções virais e intracelulares, e do tipo 2 contra infecções helmínticas e alergias. Os achados corroboram com o conceito de "Inflammaging" na população de adultos mais velhos brasileiros. Conclusão: Os resultados deste trabalho fornecem insights sobre a imunossenescência em países de renda média que podem ajudar a identificar biomarcadores para monitorar a inflamação em adultos mais velhos.
FUNÇÃO PULMONAR E MORTALIDADE POR TODAS AS CAUSAS NOS IDOSOS: ACOMPANHAMENTO DE 12 ANOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Schneider, I.J.C.1, Fontanela, L.C.1, Corrêa, V.P.1, de Oliveira, C.2, Vieira, D.S.R1
1 UFSC
2 UCL
Objetivo: Investigar se a função pulmonar é preditor de mortalidade por todas as causas em idosos.
Métodos: Este é um estudo de coorte prospectivo de 3.561 homens e mulheres com idade ≥60 anos do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA), avaliados na onda 2 (2004-05) e acompanhados até a morte ou o final do acompanhamento (2018-19). A função pulmonar foi avaliada pelo volume expiratório forçado em um segundo (FEV1) e classificada de acordo com os escores z como sem comprometimento/ comprometimento leve e com comprometimento moderado/grave. Os modelos de riscos proporcionais de Cox foram usados para calcular as razões de risco (HR) com intervalos de confiança de 95% (IC95%) para estimar o risco de morte. As variáveis de ajuste incluíram idade, sexo, riqueza, depressão, índice de massa corporal, tabagismo, doença crônica, doença circulatória, doença pulmonar e dificuldade com atividades da vida diária.
Resultados: Houve 1.107 mortes durante 12 anos de acompanhamento. A taxa de sobrevida em idosos com comprometimento moderado/grave do VEF1 foi de 61,0% (IC95% 59,4-62,6) comparado à 39,0% (IC95% 37,4-40,6) naqueles sem comprometimento/leve do VEF1. Além disso, o HR ajustado foi de 1,41 (IC95% 1,23-1,60) para os idosos com comprometimento moderado/grave do VEF1.
Conclusões: A redução do VEF1 foi associada a maior risco de morte por todas as causas em idosos, independentemente de obesidade, tabagismo, doença cardiovascular e pulmonar e dificuldade com as atividades de vida diária. Esses achados apoiam a função da limitação do fluxo de ar como um preditor independente de mortalidade em idosos.
FUNCTIONAL LIMITATION AND THE CARE NEEDS OF COMMUNITY-DWELLING OLDER ADULTS IN URUGUAY
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Domingorena, S.1, Massa, F.1, Muniz-Terrera, G.2, Marroig, A.1
1 Universidad de la República
2 Ohio University
Objectives. Older adults living in the community may have functional limitations and some may need help with different degrees of care needs. This study aimed to assess the individual degree of care needs in a population-based study of community-dwelling older adults in Uruguay. Using a latent variable approach, we assessed the degree of care needs and studied its association with sociodemographic characteristics.
Methods. We used data from the population-based study Encuesta Longitudinal de Protección Social (ELPS) from Uruguay (N=5102). Data was collected between 2015 and 2016. To assess care needs, we considered 11 Activities of Daily Living and the self/proxy-reported information about the help needed to perform these activities. We fit an Item Response Theory model from which we obtain a dependency score used to assess the degree of care needs. We applied linear regressions to analyse the association between the degree of care needs (Dependency Score, DS) and sociodemographic characteristics (age, sex, education, and the interaction between age and sex).
Results. The results show some remarkable differences towards care needs regarding sex and education. The DS mean is significantly higher for women than men (p<0.001) as well as for individuals who have at least primary education with respect to more educated ones (p<0.001). Older women need more care than older men (p=0.03).
Conclusions. Social care and healthcare public policies should consider differences by sex and education of older adults to design the benefits and the quotas should consider the difference by sex and education.