Programa - Comunicação Coordenada - CC3.10 - Vacinação no Brasil 2
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
HETEROGENEIDADE ESPAÇO-TEMPORAL DA COBERTURA VACINAL CONTRA A HEPATITE B NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Almeida, A. B. M.1, Pungartnik, P. C.1, Berra, T. Z.1, Costa, J. L. M.1, Santos, A. C. S.1
1 IQVIA
Objetivo: Identificar municípios com variação espacial nas tendências temporais da cobertura vacinal contra a hepatite B no Brasil. Métodos: Estudo ecológico, com abordagem espaço-temporal, utilizando dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) dos 5.570 municípios brasileiros, entre 2014 e 2023. Para identificar variações temporais, foi utilizada a técnica 'Spatial Variation in Temporal Trends', através do software SatScan 9.4. Resultados: Entre 2014 e 2023, a tendência temporal da cobertura vacinal contra Hepatite B apresentou queda média de 6,42% ao ano e 3.284 (59,0%) municípios brasileiros apresentaram variação espacial na tendência temporal, com queda na tendência temporal interna (TTI) e externa (TTE) para os três clusters identificados. Os municípios de Olinda (Pernambuco) e Florianópolis (Santa Catarina) compõem o cluster com maior decréscimo na TTI (-32,4%/ano e -31,1/ano, respectivamente), enquanto o cluster com o segundo maior decréscimo da cobertura vacinal (TTI:-13,63 a -11,30%/ano; TTE:-6,21 a -5,66%/ano) engloba 27 municípios, sendo 26 localizados em São Paulo e um no Ceará. O terceiro cluster, com menor decréscimo, (TTI:-4.79%/ano; TTE:-7.82%/ano) é composto por 3.250 municípios distribuídos nas regiões Norte (450), Nordeste (764), Centro-Oeste (467), Sudeste (983) e Sul (586) do Brasil. Conclusões: A redução da cobertura vacinal contra a hepatite B indica que o Brasil está com os menores níveis de proteção contra doenças imunopreveníveis desde o início das campanhas de vacinação. Esse fato contribui para o cenário de risco de reintrodução de doenças no país, tornando-se necessário realizar ações municipais para a recuperação da cobertura vacinal.
ANÁLISE TEMPORAL DA VACINAÇÃO INFANTIL EM MUNICÍPIOS DE FRONTEIRA DO MATO GROSSO DO SUL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Carvalho, M. S1, Simões, T. C.2, Nobre, A. A.3
1 Universidade estadual do Mato grosso do sul (UEMS)
2 Instituto René Rachou - FIOCRUZ/MG
3 Programa de Computação Científica - FIOCRUZ/RJ
Objetivos: analisar tendências temporais das coberturas vacinais (CV) e homogeneidade nos municípios do Mato Grosso do Sul (MS), para todas as vacinas indicadas para a faixa etária de 0 a 12 meses de idade e oferecidas pelo SUS, entre 2010 e 2021, avaliando diferenças entre municípios de fronteira internacional e demais municípios do estado. Métodos: Estudo ecológico analítico com abordagem temporal com base em dois indicadores de imunização: homogeneidade e cobertura vacinal. Os municípios foram classificados nos grupos: faixa de fronteira, cidades gêmeas e outros municípios do estado. Gráficos de colunas e de linhas foram utilizados na comparação dos indicadores ao longo do período. Foram ainda ajustados modelos aditivos com a CV como variável resposta e o grupo de municípios como variável independente. Para acomodar a tendência temporal da CV, foi adicionada uma função suave no ano de notificação. Resultados: A meta de homogeneidade foi atingida apenas entre 2013 e 2015 no estado, para todos os imunobiológicos avaliados, exceto para Febre Amarela em 2015 (63,3%). A partir de 2016, verificou-se uma queda acentuada no nível de homogeneidade. Em média, foi observada uma CV menor tanto para os municípios de faixa de fronteira quanto cidades gêmeas, comparado aos municípios não fronteiriços para todas as vacinas, exceto para BCG. Conclusões: Os resultados obtidos confirmam a hipótese de que a CV na região de fronteira está abaixo do preconizado e ressalta a importância da vigilância nessa região por se tratar de uma porta de entrada para disseminação de doenças no país.
COBERTURA VACINAL COMPLETA EM CRIANÇAS DAS CAPITAIS E DE 12 CIDADES DO INTERIOR DO BRASIL.
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Moraes, J. C.1, França, A. P.1, Guibu, I. A.1, Barata, R. B.1, Domingues, C. M. A. S.2, Teixeira, M. G.3
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
2 Pesquisadora independente
3 Universidade Federal da Bahia
Introdução O Programa Nacional de Imunização é uma estratégia efetiva de controle das doenças. A cobertura vacinal (CV) é o indicador utilizado para avaliar sua eficiência. Um inquérito foi realizado com o objetivo de estimar a cobertura vacinal completa e por vacina do calendário PNI, em crianças nascidas em 2017-2018, residentes nas áreas urbanas das capitais, Distrito Federal e 12 municípios do interior do Brasil e identificar alguns fatores associados.
Métodos: inquérito domiciliar de crianças nascidas em 2017 e 2018 estratificados por nível socioeconômico dos setores censitários e realizado em 2020-2022. Dados das vacinas aplicadas foram obtidas diretamente da caderneta de vacinação.
Resultados: Entrevistadas 37.801 crianças com perda de 5%. O número médio de visitas ao serviço para completar o esquema foi 11. A CV com esquema completo com doses aplicadas sem febre amarela foi de 60% e 6% das crianças não receberam qualquer dose de vacina. As CVs foram heterogêneas entre os municípios: Sete Lagoas apresentou a maior cobertura vacinal completa (79%) e Macapá a menor (36%). A CV foi 54% em crianças filhas de mães de baixa escolaridade e 61% entre as com ensino superior; 57% com algum atraso vacinal e de 83% entre as que não tinham atraso. Não houve diferença na CV entre crianças que usam o setor público e setor privado para vacinação.
Conclusão: As CVs estão aquém do esperado e o PNI do Brasil necessita de ações em todos os níveis de governo para retomar os altos níveis alcançados em décadas passadas.
DA ELIMINAÇÃO À REEMERGÊNCIA: A EVOLUÇÃO DO SARAMPO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Reis, L.N.M1, San Pedro, A1, dos Santos, Y.T1, Praça, H.L.F1, Conceição, P.B1, Gibson, G1
1 UFRJ
OBJETIVO: Analisar o perfil dos casos de sarampo no município do Rio de Janeiro entre 2007 e 2021 e descrever a difusão espacial e a formação de cluster na epidemia de 2019-2020. MÉTODO: Estudo ecológico com abordagem espacial, cujas unidades foram os bairros. Foram obtidas as frequências de vacinação prévia, segundo variáveis socioeconômicas e incidência de hospitalização. As análises de cluster e de difusão espacial foram realizadas por meio do método de varredura SCAN e de interpolação pela ponderação do inverso da distância, respectivamente. RESULTADOS: Dos 774 casos confirmados, 57,6% eram do sexo masculino, 72,9% eram adultos (18–49) e 63,7% identificados como brancos. Observou-se maior proporção de vacinação em brancos, assim como na faixa de 5–11 anos. A proporção de vacinação foi maior no estrato de maior escolaridade. Cerca de 16,3% foram hospitalizados, sendo o maior risco entre casos com 5–11 anos e menor entre 18–29 anos quando comparadas às crianças com até um ano. Os primeiros casos da epidemia ocorreram na região da Grande Tijuca, passando a se disseminar na região de Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes, e alguns bairros da zona sul, revelando um padrão de difusão hierárquica por realocação. Os conglomerados de maior risco foram formados principalmente na Zona Sul e Centro. Conclusão: A compreensão do perfil dos casos e de sua dinâmica de difusão são fundamentais para subsidiar estratégias de imunização que contemplem outros subgrupos acometidos, bem como para direcionar ações específicas em territórios mais suscetíveis à introdução e disseminação do vírus.
IMPACTO DAS ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DE COBERTURAS VACINAIS: ENSAIO CLÍNICO COMUNITÁRIO
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Souza, J.F.A.1, Gusmão, J.D.1, Soares, A.C.1, Bragança, A.L.G.2, Ferraz, M.L.3, Silva, B.C.1, Silva, T.P.R.4, Oliveira, T.M.2, Silva, C.S.O.2, Ribeiro, E.E.N.2, Matozinhos, F. P.2
1 Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e Universidade Federal de Minas Gerais
2 Universidade Federal de Minas Gerais
3 Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
4 Universidade Federal de São Paulo
Introdução: O Programa Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro é considerado uma das mais relevantes intervenções em saúde pública. Paradoxalmente, grandes desafios surgiram, como o fenômeno das baixas coberturas vacinais. No ano de 2021, diante do cenário desfavorável em Minas Gerais, Brasil, a SES/MG e a UFMG se uniram em prol da implementação de um projeto de pesquisa-intervenção. A intervenção consistiu na realização de Oficinas de Trabalho e construção de Planos de Ação Municipais. Objetivo: Avaliar o impacto desta intervenção nas coberturas vacinais em crianças menores de 2 anos e nos indicadores de processos de trabalho de imunização. Método: Trata-se de um ensaio clínico comunitário realizado em 212 municípios. Foram realizadas Oficinas de Trabalho e construção de Planos de Ação Municipais. Os dados de coberturas vacinais foram obtidos do SI-PNI e avaliados por meio dos Testes de U de Mann-Whitney e Teste de McNemar. Os indicadores de processos de trabalho foram avaliados por meio dos Testes de Friedman e Wilcoxon. Resultados: A maioria dos indicadores analisados apresentaram melhorias ao longo dos três tempos analisados, com significância estatística. A realização de busca ativa pelo agente comunitário de saúde foi o indicador que apresentou melhor desempenho. Em relação às coberturas vacinais, houve aumento no percentual de municípios que atingiram metas quando comparados os anos de 2022 e 2021, exceto para hepatite A. Conclusão: A pesquisa-intervenção impactou positivamente nas coberturas vacinais de crianças menores de 2 anos e nos indicadores de processos de trabalho de imunização em municípios do estado de Minas Gerais, Brasil.