Programa - Comunicação Coordenada - CC3.11 - Epidemiologia Genética Molecular
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS NA MICROBIOTA INTESTINAL DE ADOLESCENTES
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Alves, E. D.1, Carpena, M. X.1, Barros, A. J. D.1, Comelli, E. M.2, López-Domínguez, L.2, Bandsma, R. H. J.2, Santos, I.S.1, Matijasevich, A.3, VAZ, J. S.1, Buffarini, R.1, Bierhals, I. O.4, Borges, M. C.5, Tovo-Rodrigues, L.1
1 UFPel
2 Universidade de Toronto
3 USP
4 UNESC
5 Universidade de Bristol
Objetivo: Investigar associação entre consumo de ultraprocessados (AUP) e a composição da microbiota intestinal em uma subamostra de participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004.
Métodos: Foram incluídos 364 participantes. Utilizou-se dados de questionários de frequência alimentar, com período recordatório de 12 meses, coletados aos 6, 11 e 12 anos. Os alimentos foram classificados conforme grau de processamento utilizando classificação NOVA. O consumo de AUP, em gramas, foi incorporado em tercil nas análises. Dados de microbiota foram obtidos aos 12 anos por meio do sequenciamento do gene 16S rRNA de amostras fecais auto coletadas, com o kit Fe-Col. As medidas de diversidade alfa e abundância relativa em nível de filo foram avaliadas como desfecho. Modelos de regressão linear múltipla foram empregados para investigar a associação entre exposição e os desfechos, ajustando para fatores demográficos, socioeconômicos, de saúde, comportamento e dieta.
Resultados: O maior consumo de AUP aos 12 anos associou-se a maior diversidade alfa (Chao1, Shannon Eveness e Simpson) na análise bruta, o que não foi observado após ajuste por variáveis de confusão. O maior consumo de AUP aos 11 anos foi associado ao aumento na abundância do filo Actinobacteria nos modelos bruto e ajustado (β ajustado = 0,31, IC95% 0,09;0,53, p = 0,006).
Conclusões: Os resultados sugerem a influência do consumo de AUP sobre a composição da microbiota durante a adolescência, especificamente na abundância de Actinobacteria, que inclui gêneros importantes para manutenção de um ambiente intestinal saudável. Os dados corroboram a importância da dieta no microbioma intestinal.
POLIMORFISMOS GENÉTICOS E SUSCETIBILIDADE AO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES JOVENS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
SANTOS, S. S.1, Costa, R.S1, Souza, N.A.1, Zukeram, K. A.1, Diniz, L. F.1, Ferreira, R. M.1, Ortega-Jácome, G. P.2, Koifman, R. J.1
1 FIOCRUZ
2 UNIPAC
Objetivo: Determinar a magnitude da associação entre os polimorfismos dos genes CYP17 (MspA1; rs743572), CYP19 (Arg264Cys; rs700519), NQO1 (C609T; rs1800566), TP53 (Arg72Pro; rs1042522); PON1 (Leu55Met; rs854560 e Gln192Arg; rs622) e SUT1A1 (Arg213His, rs9282861) e o desenvolvimento de câncer de mama em mulheres jovens, compilando os resultados do projeto “Fatores de risco associados a câncer de mama em mulheres jovens no Rio de Janeiro”. Método: Estudo caso-controle de base hospitalar com 265 mulheres entre 18-35 anos diagnosticadas com câncer de mama no Instituto Nacional de Câncer (INCA) e 277 controles na mesma faixa etária selecionados entre pacientes e acompanhantes de três hospitais gerais da rede pública do Rio de Janeiro. A genotipagem foi realizada pela técnica PCR-RFLP e a análise estatística por meio da Regressão logística. Resultados: No modelo dominante a presença de pelo menos um alelo polimórfico do gene NQO1 (Pro/Ser+Ser/Ser) esteve significantemente associado ao câncer de mama (OR ajustada=2,24 IC95% 1,24-4,02), quando ajustado por variáveis de confundimento, incluindo o termo de interação do polimorfismo com o tempo de utilização de anticoncepcionais. Para o gene TP53, o alelo Pro (Arg/Pro+Pro/Pro) no modelo dominante foi significantemente associados a um efeito protetor (OR ajustada=0,67; IC95% 0,47-0,96). Assim como o genótipo SULT1A1 His/His no modelo recessivo (OR ajustada=0,51, IC95% 0,28-0,91, comparado aos genótipos Arg/Arg+Arg/His). Conclusão: Este estudo sugere que o polimorfismo NQO1 C609T possa ser um fator de risco e os polimorfismos TP53 Arg72Pro e SUT1A1 Arg213His fatores de proteção para o desenvolvimento de câncer de mama em mulheres jovens.
ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE COM POLIMORFISMOS GENÉTICOS RELACIONADOS À VITAMINA D
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Menezes-Júnior, LAA1, Moura, SS1, Sabião, TS1, Batista, AP1, Machado-Coelho , GLL1, Meireles, AL1
1 UFOP
Objetivo: Avaliar a prevalência de polimorfismos nos genes DHCR7 (rs11606033), GC (rs7041) e FokI (rs2228570), relacionados ao metabolismo da vitamina D, e sua associação com a obesidade. Métodos: Estudo de base populacional (outubro-dezembro/2020), Minas Gerais, com 1712 adultos. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado a partir do peso e altura autorrelatados e os indivíduos foram classificados como obesos se apresentassem IMC>30,0kg/m². Os polimorfismos foram genotipados por qPCR e classificados como homozigoto selvagem, heterozigoto ou homozigoto mutado. A associação entre os polimorfismos e a obesidade foi estimada por regressão logística multivariada, ajustada por sexo, idade e cor da pele.
Resultados: A maioria dos participantes era do sexo feminino (51,9%), com idades entre 35 e 59 anos (45,6%) e preto ou pardo (67,9%). A prevalência dos polimorfismos DHCR7, GC e FokI foi de 22,9%, 31,8% e 9,9%, respectivamente, para o homozigoto selvagem, de 50,6%, 48,3% e 44,8%, respectivamente, para o heterozigoto, e de 26,5%, 19,9% e 45,3%, respectivamente, para o homozigoto mutado. Não houve associação entre os polimorfismos DHCR7 e FokI e a obesidade (p>0,05). Entretanto, o polimorfismo GC foi associado à obesidade. Indivíduos com genótipo AC apresentaram uma menor chance de serem obesos em comparação com aqueles com genótipo CC (OR: 0,49; IC95%: 0,28-0,86), enquanto aqueles com genótipo AA não diferiram significativamente dos indivíduos com genótipo CC (OR:0,63;IC95%:0,36-1,11). Conclusões: Apenas o polimorfismo GC foi associado à obesidade, sendo que os indivíduos com genótipo AC tiveram uma menor chance de serem obesos do que aqueles com genótipo CC.
A EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA ANTIRRETROVIRAL NO BRASIL E O DESTAQUE DO TENOFOVIR
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pereira, A. S.1, Triunfante, V.1, Araújo, P. M. M.1, Martins, J. S.1, Soares, H.2, Poveda, E.3, Souto, B. G. A.4, Osório, N. M. S.1
1 ICVS/UMinho (Portugal)
2 NOVA (Portugal)
3 UVigo (Espanha)
4 UFSCar (Brasil) e ICVS/UMinho (Portugal)
Objetivo.
Descrever mudanças na resistência antirretroviral no Brasil, especialmente ao Tenofovir.
Métodos.
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, realizou-se subtipagem viral e análise de 20.226 sequências genéticas do HIV-1 de usuários de antirretroviral no Brasil, de 2008 a 2017. Separaram-se as sequências com a mutação K65R por subtipo; aquelas presentes nos subtipos B e C foram alinhadas filogeneticamente. Também foram feitas previsões de ligação para diferentes antígenos leucocitários humanos de classe 1. As sequências de tipo selvagem e aquelas com a K65R serviram para gerar as sequências peptídicas possíveis sobre a posição genômica 65. Os limites para definição de vinculação foram mantidos conforme o padrão e apenas foram considerados aqueles classificados como “vinculação forte”.
Resultados.
De 2008 a 2017, a multirresistência antirretroviral no Brasil diminuiu. Entretanto, a mutação K65R, que confere resistência ao Tenofovir, aumentou de 2,23% para 12,11% a partir da substituição da Zidovudina pelo Tenofovir no protocolo terapêutico. Afetou os dois subtipos virais mais prevalentes no país (B e C), mas teve correlação positiva com o subtipo C, comparado ao subtipo B. Por outro lado, previsões imunoinformáticas apontaram que a mutação K65R poderia melhorar o reconhecimento viral pelo HLA-B27 que, entretanto, tem menor prevalência na população brasileira.
Conclusão.
Diferentemente de outros países, a mutação K65R foi a única que aumentou no Brasil. O uso crescente de Tenofovir pode ser a razão para esse crescimento. Portanto, os regimes terapêuticos baseados em Tenofovir precisam ser monitorados, especialmente em ambientes com subtipo C do HIV-1 e perfis HLA específicos.
POLIMORFISMOS DOS GENES GSTT1 E GSTM1 EM COMUNIDADES EXPOSTAS AO MERCÚRIO NA AMAZÔNIA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
MOTA, A.L.M.1, SOUZA, S.M.S2, MOTA, M.L.M.2, SOARES, J.M.2, MOTA, R.C.2, HOLANDA, A.S.S.2, MORAIS, C.G.3, FERNANDES, F.D.P.1, MENESES, H.D.N.M.2
1 UEPA
2 UFOPA
3 USP
Objetivo: Verificar a ocorrência de polimorfismos nos genes GSTT1 e GSTM1 em indivíduos ambientalmente expostos ao mercúrio (Hg) em comunidades ribeirinhas do Baixo Tapajós. Métodos: Estudo transversal, descritivo e quantitativo, realizado de 2022 a 2023, com 162 adultos de sete comunidades do rio Tapajós. Foram coletados 10 mL de sangue para a realização da análise da concentração de mercúrio total (HgT) e extração de DNA. Além disso, foram considerados em alta exposição aqueles indivíduos que apresentaram níveis de Hg no sangue >5,8μg/L, conforme recomendado pela Environmental Protection Agency (EPA). A genotipagem de polimorfismo nos genes GSTM1 e GSTT1 foi realizada através de PCR multiplex. Esta pesquisa tem aprovação do CEP sob parecer: 5.964.823. Resultados: 92,6% (n=150) dos participantes apresentaram níveis de HgT acima do limite de segurança estabelecido pela EPA. Em relação ao gene GSTT1, o genótipo normal foi mais frequente 78,4% (n=127) do que o genótipo deleção 21,6% (n=35), no entanto, os níveis médios de HgT foram mais altos entre os que apresentaram deleção (37,2 μg/L). O mesmo ocorreu para o gene GSTM1, dos indivíduos genotipados, 58,6% (n=95) apresentaram genótipo normal e 41,4% (n=67) genótipo deleção (nível médio de Hg 36,6 μg/L) Conclusão: Os níveis de Hg mais altos em participantes que apresentaram genótipo deleção dos genes GSTM1 e GSTT1 sugerem que por terem a ausência desses genes, a detoxicação é prejudicada, ocasionando no maior acumulo de agentes tóxicos, no caso da amostra estudada, maior retenção de Hg.