Programa - Comunicação Coordenada - CC3.12 - Mudanças climáticas e saúde: Análise de mortalidade e impactos em comunidades
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
EXCESSO DE ÓBITOS RELACIONADOS ÀS ONDAS DE CALOR NO BRASIL, SEGUNDO BIOMA, 2000-2019
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silveira, I. H.1, Pinto Junior, J. A.2, Cortes, T. R.3
1 UFBA
2 UFF
3 Fiocruz-BA
Objetivo: Estimar o número de óbitos por todas as causas relacionados às ondas de calor no Brasil, segundo biomas, entre 2000 e 2019.
Método: Todos os municípios brasileiros foram incluídos. Dados de óbitos por todas as causas não externas foram obtidos do SIM/SUS, e os de temperatura e umidade do ERA5-Land. Ondas de calor foram definidas como períodos de 2 ou mais dias com temperatura acima do percentil 97,5. A associação entre ondas de calor e mortalidade, em cada bioma, foi analisada por meio de estudos case-crossover estratificados no tempo e espaço. Foram utilizados modelos de regressão de Poisson condicionais, ajustados por umidade e feriados nacionais. Estimou-se o número e a fração de óbitos devido às ondas de calor, combinando funções exposição-resposta de cada bioma com as séries de óbitos e ondas de cada município. As análises foram restritas aos 4 meses mais quentes de cada local.
Resultados: O risco relativo de mortalidade associado às ondas de calor variou de 1,17 (IC95% 1,12-1,22) na Amazônia à 1,57 (1,47-1,67) nos Pampas. Estimou-se 28.300 óbitos relacionados às ondas de calor no Brasil (fração de 0,4%), sendo 1.415 (0.3%) na Amazônia, 2.082 (0,3%) na Caatinga, 5.274 (0,6%) no Cerrado, 17.630 (0,4%) na Mata Atlântica, 1.837 (0,7%) nos Pampas e 62 (0,4%) no Pantanal.
Conclusões: As ondas de calor estiveram associadas ao aumento do risco de mortalidade em todos os biomas brasileiros, resultando em mais de 28.000 óbitos no Brasil de 2000 a 2019, durante a estação mais quente.
DISPARIDADES SOCIAIS E DEMOGRÁFICAS NA MORTALIDADE POR CALOR EM ÁREAS URBANAS BRASILEIRAS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Monteiro dos Santos, D.1, Libonati, R.1, Garcia, B. N.1, Geirinhas, J. L.2, Salvi, B. B.3, Lima e Silva, E.4, Rodrigues, J. A.1, Peres, L. F.1, Russo, A.2, Gracie, R.5, Gurgel, H.4, Trigo, R.2
1 UFRJ
2 Universidade de Lisboa
3 ENSP/ Fiocruz
4 UNB
5 ICICT/Fiocruz
A exposição da população à eventos de calor extremos, como as ondas de calor (OC), tem aumentado devido às alterações climáticas, afetando significativamente a sociedade, incluindo a saúde humana. Apesar da alta vulnerabilidade ao aumento das temperaturas e recursos de adaptação limitados, o Brasil ainda carece de pesquisas sobre os impactos das OCs na saúde, em particular sobre o papel de fatores sociais e demográficos na mortalidade relacionada ao calor. Este trabalho apresenta uma análise abrangente da ocorrência de OC nas 14 regiões metropolitanas brasileiras mais populosas. O impacto das OCs na mortalidade foi avaliado empregando o índice EHF (Excess Heat Factor) e a razão entre mortalidade observada e esperada (O/E), revelando 48.075 mortes em excesso relacionadas ao calor no período 2000-2018, em linha com o aumento recente observado no número anual de dias sob calor extremo. Doenças do sistema circulatório e respiratório e neoplasias são as principais causas de morte, embora causas pouco exploradas na literatura também tenham apresentado incremento de morte significativo durante as OCs, como doenças do sistema nervoso e geniturinário e transtornos mentais e comportamentais. O perfil de vulnerabilidade da população foi investigado considerando gênero, idade, cor/raça e nível educacional. Mulheres, idosos, pessoas com baixo nível educacional e pretos e pardos são os grupos mais sensíveis, com valores de O/E mais elevados. Nossos resultados destacam que o reforço dos cuidados primários de saúde, combinado com a redução das desigualdades socioeconômicas, raciais e de gênero, representa um passo crucial para a redução das mortes relacionadas com o calor.
IMPACTOS DAS ENCHENTES DE MAIO DE 2024 NO AMBIENTE ALIMENTAR DE PORTO ALEGRE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Yurgel, L.1, Magalhães, E. I. S.1, Vargas, J. C. B.1, Canuto, R.1
1 UFRGS
Objetivos: Analisar o impacto da máxima inundação da cidade de Porto Alegre - RS, em maio de 2024, no ambiente alimentar comunitário do município.
Métodos: Estudo ecológico, com dados secundários da cidade de Porto Alegre, provenientes do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, e do Ministério da Fazenda. Os tipos de estabelecimentos que comercializam alimentos no município foram classificados conforme metodologia proposta pela CAISAN, em: alimentos ultraprocessados, in natura/minimamente processados, ou mistos. Mediante análises geoespaciais, no software QGIS, verificou-se a sobreposição espacial entre as áreas afetadas pela máxima inundação do Lago Guaíba e a presença dos estabelecimentos.
Resultados: Durante o ponto máximo de inundação em Porto Alegre (5.30 metros), 2.655 estabelecimentos que comercializam alimentos estavam localizados em áreas afetadas, correspondendo a 23.2% do total disponível. Denota-se que 32% dos estabelecimentos que comercializam alimentos in natura/minimamente processados do município (EINMP) foram atingidos, em contraste com estabelecimentos mistos (24.6%) e os estabelecimentos que comercializam alimentos ultraprocessados (22.3%). Dentre os EINMP se destacam as peixarias (81% afetados), frios e laticínios (39%) e os hortifrutigranjeiros (40%). Nessa última categoria, foi inundada a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (CEASA), responsável por centralizar o abastecimento de hortifrutigranjeiros da capital.
Conclusões: O ambiente alimentar comunitário de Porto Alegre foi severamente afetado pelas enchentes. A oferta de alimentos in natura/minimamente processados foi a principal prejudicada, a ressaltar as peixarias, atingidas quase em sua totalidade, e a oferta de hortifrutigranjeiros.
AS VULNERABILIDADES DO SANEAMENTO BÁSICO NO ENFRENTAMENTO DOS DESASTRES NO AMAZONAS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Medeiros, MS1, Silva Filho, EC2, Sacramento, DS3, Souza, GP4, Souza, RF5, Aleixo, NCR6, Raposo, OFF7
1 Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Leônidas e Maria Deane. Laboratório de Território, Ambiente, Saúde e Sustentabilidade
2 Universidade do Estado do Amazonas. Programa de Pós-graduação em Direito Ambiental; Universidade Federal do Amazonas. Programa de Mestrado em Constitucionalismo e Direitos na Amazônia.
3 Secretaria Municipal de Saúde de Manaus; Doutorando em Saúde Pública na Amazônia (ILMD/UFAM/UEA)
4 Universidade do Estado do Amazonas. Militar do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, Defesa Civil do Estado do Amazonas.
5 Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas RCP. Doutorando em Geografia (UFAM)
6 Universidade Federal do Amazonas. Departamento de Geografia.
7 Universidade Federal de Sergipe. Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Departamento de Estatística e Ciências Atuariais.
Objetivo: Propor um índice de vulnerabilidade institucional para o enfrentamento dos desastres naturais e tecnológicos no Amazonas.
Metodologia: A pesquisa é descritiva e exploratória baseada em um conjunto de variáveis preditoras obtidas no Sistema Nacional de Informações de Saneamento, Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, Sistema Integrado de Informações sobre Desastres e Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde aplicadas aos 62 municípios do Amazonas.
Resultados: Dentre as consequências negativas ao meio ambiente e a saúde pública decorrentes dos desastres, destacam-se aquelas causadas aos serviços de saneamento básico, principalmente, na rede de coleta, tratamento e distribuição domiciliar de água potável, na coleta e tratamento de esgoto e na coleta e a disposição dos resíduos sólidos. Os municípios com maior vulnerabilidade foram Boa Vista do Ramos, Humaitá, Iranduba, Juruá, Manicoré e Maués estimada em 40%. Em 52% dos municípios a vulnerabilidade foi de 20%. Somente em 10% dos municípios ela foi estimada inferior a 1%.
Conclusão: O índice estimou que 10% dos municípios amazonenses possuem baixa vulnerabilidade para o enfrentamento dos desastres, os quais os impactos acometem os serviços ambientais de provisão (alimentos e água); regulação (de inundações, secas, degradação do solo), serviços de suporte (formação do solo e ciclagem de nutrientes) e serviços culturais, (lazer, espiritual, religioso e outros benefícios não materiais).