Programa - Comunicação Coordenada - CC3.13 - Interdisciplinariedade e intersetorialidade em Saúde: Análise de Comunicação, Desigualdades e Vigilância
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
09:40 - 11:00
A INVISIBILIDADE DA SINDEMIA COVÍDICA: A QUE FINALIDADES ATENDEU O JORNALISMO?
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Mascarelo da Silva, T.1, Recco, C. R. N.2, Emerich, T. B.2, Santos Neto, E. T.2
1 Fiocruz
2 UFES
Objetivos: Analisar notícias sobre morte por Covid-19 no Espírito Santo (ES), divulgadas nas Semanas Epidemiológicas (SE) com maior registro de mortes em 2020/2021, baseado nas finalidades jornalísticas e aporte da Saúde Coletiva que entende a Covid-19 como sindêmica. Métodos: Cruzou-se dados epidemiológicos com dados das notícias, qualitativamente. O número de mortes por SE foi obtido no site da Secretaria de Saúde do ES. Organizou-se com a identificação: SE 27/2020 (28/06/2020 à 04/07/2020) e SE 14/2021 (04/04/2021 à 10/04/2021) que registraram, respectivamente, 231 e 548 mortes. Monitorou-se 21 jornais capixabas. As matérias foram capturadas do Sistema de Monitoramento de Informação, SigCovid19. Resultados: Analisou-se 42 notícias. Das quatro principais finalidades jornalísticas predominaram as com mera informação (N=40); Sete esclarecem o cidadão e apresentam pluralidade. Uma adentrou em fiscalizar o poder e fortalecer a democracia. Não houve matéria cujo empenho se deu em verificar a veracidade das informações. A sindemia de Covid-19 é resultante da interação de várias doenças e o contexto socioeconômico, isso reforça a premissa do campo da Comunicação e Saúde que entende o direito à comunicação indissociável ao da saúde como um dos princípios do SUS, permitindo a expressão de vozes sociais e abrangência da realidade. Entretanto, as matérias não pautaram estratégias para o risco e práticas protetivas à saúde considerando as desigualdades, que geram desproporcionalidades de infecção e morte. Conclusão: Diante de uma infodemia, o jornalismo é imprescindível. Contudo, a Saúde Coletiva não tem espaço nos jornais, predomina-se uma matriz estruturante mercadológica-liberal que negligencia necessidades em saúde.
ESTRATÉGIAS DE QUALIFICAÇÃO DE EQUIPES DE SAÚDE PARA MELHORAR INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
GAIOSKI, J.C.1, LOWEN, I.M.V.2, BORTOLONI, A.2, MILLEO, A.T.2, DA SILVA, K, V, M,2, SIGNORELLI, M.C.3, SHIMAKURA, S.E.3
1 SMS CURITIBA/UFPR
2 SMS CURITIBA
3 UFPR
Objetivos: relatar a atuação da equipe interdisciplinar da vigilância epidemiológica (VE) de um distrito sanitário (DS) de Curitiba por meio de ações de educação permanente (EP) para profissionais de referência das equipes de atenção básica (AB). A ampliação e a reorganização das equipes de saúde da AB após a pandemia da Covid 19, e a complexidade da VE evidenciou a necessidade de capacitar os profissionais de AB.
Métodos: As ações de EP foram executadas por técnicos da VE direcionadas aos profissionais de saúde referenciados pelas equipes de AB capacitados por meio de oficinas e atendimentos individuais para conhecimento e manejo adequado dos fluxos de vigilância e assistência. Foram utilizadas metodologias ativas como estudo de caso, aprendizagem baseada em problemas e roda de conversa para abordagem de diversas doenças de notificação compulsória como sífilis, dengue, leptospirose, tuberculose, dentre outras.
Resultados: a identificação de profissionais de referência no território promoveu maior integração entre as equipes da VE e de AB, melhorou a completitude e qualificação das fichas de notificação epidemiológica, o raciocínio e o manejo clínico das doenças notificadas, facilitou a apropriação e utilização dos fluxos assistenciais e laboratoriais no enfrentamento dos agravos,
Conclusões: a utilização de metodologias ativas direcionadas aos profissionais de referência nas US mostrou-se eficaz, motivou os profissionais para o uso adequado do manuais e fluxogramas para o manejo clínico e laboratorial, e assim, qualificou as equipes para o enfrentamento das doenças e melhoria na qualidade da assistência à saúde.
ANÁLISE DAS CAMPANHAS DE VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19 DE DUAS CAPITAIS NO INSTAGRAM
Comunicação coordenada (apresentação oral)
LYRA-QUEIROZ,1
1 Fiocruz/Icict
Este trabalho, fruto de uma pesquisa para elaborar uma dissertação de Mestrado à Fiocruz, é um estudo das campanhas de vacinação contra a Covid-19, feitas na rede social Instagram pelas prefeituras de Salvador e Rio de Janeiro, de julho a agosto de 2021. A pesquisa foca no entendimento de como ambas gestões municipais utilizaram estratégias de comunicação e se posicionaram na rede social, considerando as nuances da plataforma e os diferentes públicos, separados por faixas etárias. A análise foi empreendida com o estudo dos seis posts selecionados, sob a ótica do referencial teórico adotado. Além de discutir a importância do uso das redes sociais nas campanhas de imunização e da necessidade de aprimoramento, o trabalho suscita o debate acerca da falta de transparência sobre como operam os algoritmos nas mídias digitais e os desafios e ameaças que isto impõe a campanhas de saúde pública. Foi possível identificar o ethos e estratégias discursivas adotadas pelas prefeituras, bem como reunir apontamentos e reflexões acerca da realização de campanhas de vacinação em rede sociais, em acordo com os princípios e diretrizes do SUS, bem como sugestões de mudança do escopo em investigações no âmbito da Comunicação e Saúde, e regulação das plataformas digitais.
MAPA DE DESIGUALDADES E OPORTUNIDADES URBANAS NA REDUÇÃO DE INIQUIDADES SOCIAIS E EM SAÚDE
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Sales, A.D.F.1, Parajára, M.C.1, Rocha, S.C.1, Friche, A.A.L.1, Borde, E.M.S.1, Dias, M.A.S.1, Nunes, R.2, Castro, R.2, Caiaffa, W.T.1
1 Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte / UFMG
2 Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão - SMPOG-BH
Objetivos: Compreender a importância de parcerias na construção do mapa das desigualdades e oportunidades de Belo Horizonte (MapIO-BH), utilizando dados secundários e qualitativos.
Métodos: Identificamos fontes de dados abrangendo múltiplas dimensões do espaço urbano e da vida nas cidades, com base no modelo conceitual de Saúde Urbana e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Definimos grupos de trabalhos (GT) nas dimensões: demográfica, socioeconômica, oferta de serviços, segurança, saúde, ambiental e climática. Realizamos uma oficina com gestores e sociedade civil, e em mecanismo de co-criação, definimos um conjunto de variáveis relevantes para o mapa. Cada GT estabeleceu diálogo estratégico com diferentes secretarias, autarquias, fundações municipais e outras instituições para identificar, selecionar e obter os dados necessários.
Resultados: A base do MapIO-BH contém 152 dados provenientes das Fundações João Pinheiro e de Parques Municipais e Zoobotânica; Defesa Civil; Companhia Urbanizadora e de Habitação; Secretarias de Educação, Assistência Social, Saúde, Meio Ambiente e Planejamento, Orçamento e Gestão, além de dados de acesso público. Houve 28 pessoas na oficina participativa que sugeriram incorporar dados de mobilidade, segurança, educação e ambientais.
Conclusões: BH dispõe de um número substancial de dados de diversas fontes institucionais, porém pouco integrados e frequentemente subanalisados ou analisados isoladamente. Destacamos a importância da parceria colaborativa entre academia, gestores e sociedade civil na produção de um mapa dinâmico, atualizado e com base de dados aberta, contendo informações detalhadas do território. Esse mapa é uma potente ferramenta na orientação de ações intersetoriais locais visando mitigar iniquidades sociais e de saúde em grandes centros urbanos.
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A VIGILÂNCIA DE VIOLÊNCIAS E A INTERSETORIALIDADE NO AMAZONAS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Lemos, C. T.1, Gomes, A. C. F.2, Araújo, T. S.1, Melo, A. X.1, Ramos, T. C. A.1
1 FVS-RCP
2 IACAS
Objetivos: Ampliar o alcance da vigilância de violências. Métodos: Relato de experiência sobre a efetivação de parceria da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) com o Instituto de Assistência à Criança e ao Adolescente Santo Antônio (IACAS) na capacitação dos profissionais que compõem a rede de proteção da criança e do adolescente no município de Coari/AM, nos anos de 2022 e 2023. Resultados: Coari é um município com população estimada em 36.077 indivíduos de 0 a 19 anos. No período de 4 anos, a contar de 2018, o município registrou o maior número de notificações nos anos de 2018 e 2021 com 42 casos de violência contra crianças e adolescentes. Com a participação da FVS-RCP em Seminário promovido pelo IACAS para a rede de proteção do município nos dois anos seguintes, observou-se um aumento de 269% no número de notificações em 2022 e 411,9% no ano de 2023. Foram alcançados 360 profissionais em 2022 e 152 em 2023 entre trabalhadores da saúde de todos os níveis de atenção, educação, assistência social, conselho tutelar, justiça, segurança pública, conselhos de direitos, guarda municipal e sociedade civil. Conclusões: A experiência mostrou-se exitosa, vez que os números de notificação de violência contra crianças e adolescentes no município cresceram consideravelmente e isso traduz, para além da diminuição da subnotificação, a potencialidade aumentada para o rompimento do ciclo de violência, proteção da saúde integral e a garantia dos direitos dessa população.